As guerras santas do século XXI

Opinião

Marcos Frank

Marcos Frank

Médico neurocirurgião

Colunista

As guerras santas do século XXI

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Atualizado sábado,
20 de Abril de 2024 às 08:16

“Um lembrete sobre o mundo islâmico…
Após a morte de Maomé, o mundo islâmico se manteve relativamente unido através dos califados, uma forma monárquica de governo onde a autoridade de Maomé era substituída pela do Califa.”

Não havia separação entre religião e governo. As leis do império eram baseadas no Alcorão, o exemplo dado por Maomé, e nas decisões do próprio califa. Tudo muito simples.

O califado Ominiada foi o segundo desses califados e teve sede em Damasco na Síria. Grandes guerreiros, os ominíadas conquistaram o norte da África, a península Ibérica, a Ásia central e o Cáucaso.

Embora tolerantes com minorias religiosas em seus domínios, os ominiadas eram expansionistas e abriram duas frentes de batalha com os cristãos: uma na Europa, onde conquistaram parte de Portugal e Espanha e outra com os cristãos bizantinos em Constantinopla.

Depois deles vieram os califas abássidas, que mudaram a capital de Damasco para Bagdá, uma opção para ficar próximo aos seus aliados persas que os ajudaram a derrotar os ominíadas. Durante este período, o mundo islâmico se tornou um centro intelectual para ciência, filosofia, medicina e a educação enquanto o mundo cristão vivia as trevas da Idade Média.

Em seguida vieram os Fatimidas que se julgavam descendentes da filha de Maomé e os turcos seljúcidas que conquistaram Jerusalém dos fatimidas e a Anatólia dos bizantinos.

Foram as conquistas desses turcos sunitas mais o pedido de ajuda do imperador Aleixo que inflamaram o Ocidente os fizeram pegar em armas e marchar para o Oriente médio e iniciar o que chamamos hoje de Cruzadas, a guerra santa dos cristãos.

Entre os anos de 1095 ate 1272 várias expedições cristãs foram enviadas a Jerusalém e adjacências ate que foram derrotadas e expulsas.

Como reação a essas Cruzadas nasceu principalmente pelas mãos de Saladino, a noção de guerra santa islâmica, a jihad.

No ocidente por outro lado, a religião foi cada vez perdendo mais força política e finalmente foi separada do estado após e por inspiração da revolução francesa.

Essa separação nunca foi bem aceita no mundo muçulmano, e ao contrário, as irmandades muçulmanas retomaram o ideal islâmico de unir religião e estado.

Elas culpam o costume ocidental de separar a vida religiosa e a política pelo declínio da sociedade muçulmana e também acreditam que isso só poderia ser revertido com uma volta às tradições islâmicas, na qual a sociedade sera governada por severas leis muçulmanas. Convém pensar nisso antes de apoiar indiscriminadamente o Irã!

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