“O estado demora”, diz promotor sobre plano de prevenção

PENSAR O VALE PÓS-ENCHENTE

“O estado demora”, diz promotor sobre plano de prevenção

Sérgio Diefenbach avalia medidas tomadas por gestores locais e ações realizadas pelo Estado

“O estado demora”, diz promotor sobre plano de prevenção
(Foto: Pedro Rodrigues)

As fortes cheias de 2023 ainda exibem seus rastros pelo Vale do Taquari. Sete meses após a tragédia natural, é possível ver movimentos significativos na região, como a criação do comitê de crise, a realização de seminários e uma maior cobrança dos gestores frente às ações por parte do governo federal. Mesmo assim, alguns pontos requerem mais atenção. Em entrevista ao programa “Frente e Verso”, da Rádio A Hora 102.9, o promotor de justiça, Sérgio Diefenbach, avaliou o atual cenário no Vale e afirmou que “há evoluções, passos positivos. Mas também, em alguns momentos, uma certa letargia”, que interfere em movimentações importantes.

Devido à complexidade dos episódios das enchentes, Diefenbach explica que foi preciso envolver as três esferas de governo (municipal, estadual e federal) nas ações de recuperação da região. Diferente dos temas corriqueiros às gestões públicas, em que já se sabe a que órgão recorrer e quais ações tomar, o caso das cheias foge do padrão e exige a criação de novas medidas. “Nesse caso (da enchente), as três esferas se cruzam em muitos pontos”.

Enquanto que, por exemplo, para questões de educação básica sabe-se que é preciso tratar com o município, naquelas relacionadas à construção das residências levadas pela enchente, é preciso acionar tanto o Governo Federal quanto o municipal. Neste exemplo é visível que “já temos duas esferas distantes que precisam se alinhar. Não bastasse isso, há cerca de 10 municípios que sofrem igual, pela mesma cheia, e cada qual com a sua gestão individual e dificuldades”, salienta o promotor.

Necessidade de planejamento é evidente

A ocorrência de enchentes não é um fato novo na região. Nem mesmo uma situação descartada para os próximos anos. No entanto, o promotor afirma que é possível evitar grandes perdas como as dos últimos episódios. Tudo com a elaboração de um plano de contingência bem estruturado.

“Esse é um ponto que os municípios estão avançando, alguns mais concretamente, outros lentamente. É preciso conciliar o que se fez na prática, o que se estudou e o que se pode melhorar e planificar isso”, afirma. Hoje, junto ao comitê, o promotor afirma que já se estrutura um plano de contingência, voltado, principalmente, ao acolhimento das pessoas. Com base no cadastro de pessoas atingidas e das atingíveis, é possível definir os passos em um novo episódio.

Uso da tecnologia precisa melhorar

Na segunda-feira, 15, inúmeras pessoas receberam mensagens SMS que sinalizavam a ocorrência de novo fenômeno meteorológico na terça-feira. As fortes chuvas acarretariam em alagamentos e cheias. O aviso, enviado pela Defesa Civil, não trazia informações concretas de quais rios e municípios seriam afetados. O que, segundo Diefenbach, trouxe mais preocupação e confusão. “Isso mais atrapalha do que ajuda. E isso nós já dissemos ao estado e vamos continuar dizendo, que esse sistema não satisfaz a base e, em alguns momentos, penso que não está havendo a compreensão disso”, reflete.

O promotor ressalta que hoje há tecnologias e ferramentas capazes de auxiliar meteorologistas, hidrólogos e técnicos para fazer leituras mais rápidas e enviarem as informações à Defesa Civil e, consequentemente, à comunidade. “ Isso existe. Na nossa modesta avaliação, mas temos a função de fazer isso, o estado está demorando”. Na atual fase, o estado constrói um termo de referência para definir quais serviços e ferramentas contratar. Após a construção do documento, serão encaminhadas as solicitações.

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