Com mais de 20 mil pessoas e seis toneladas de carne, Festival consagra Nova Bréscia

CULTURA E TRADIÇÃO

Com mais de 20 mil pessoas e seis toneladas de carne, Festival consagra Nova Bréscia

Foram cinco dias de festividades e 15 mil pratos de churrasco distribuídos gratuitamente

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Atualizado quinta-feira,
18 de Abril de 2024 às 09:40

Com mais de 20 mil pessoas e seis toneladas de carne, Festival consagra Nova Bréscia
Sergio Lorenzon se apresenta para os jurados (Foto: Matheus Giovanella Laste).
Nova Bréscia

Festival dos Festivais, um evento que uniu as três maiores celebrações tradicionais de Nova Bréscia, finalizou sua programação no domingo, 14, após cinco dias de comemorações em homenagem ao aniversário de 59 anos da cidade. Em postagem nas redes sociais, o prefeito Angelo Barbieri agradeceu a comissão organizadora e o público presente. “Um obrigado especial aos que se dedicaram para que tudo isso acontecesse. Foram mais de 20 mil pessoas que prestigiaram o Festival”, ressaltou.

O Encontro Internacional de Gaiteiros iniciou na quarta-feira, 10, e recebeu 150 músicos do Brasil e exterior. O Festival dos Churrasqueiros foi anunciado na sexta-feira, 12, quando os pratos com cortes de carnes foram distribuídos gratuitamente para os presentes. Em três dias foram consumidos cerca de seis toneladas de carne. Foram mais de 15 mil pratos distribuídos com galeto, porco, rês e salsichão. Já o Festival da Mentira teve sua etapa classificatória no sábado, 13, quando os 12 candidatos contaram suas mentiras para a banca julgadora no Clube Tiradentes.

O prefeito salientou que é um orgulho perceber que o município chega aos 59 anos com a participação do público nas festividades e o empenho da comunidade. Cerca de 200 pessoas trabalharam para a realização do Festival, um contingente formado por funcionários públicos que se disponibilizaram e voluntários da comunidade. “Tudo ocorreu dentro da normalidade, a organização foi pontual e não tivemos problemas. Resta só agradecer a população e os visitantes que fizeram desse evento um momento importante na história de Nova Bréscia”, disse Barbieri.

Abertrura oficial reuniu prefeitos de Capitão, Coqueiro Baixo, Encantado, Relvado e Vespasiano Corrêa (Foto: Matheus Giovanella Laste).

As Mentiras

No domingo, 14, a Praça da Matriz estava lotada de pessoas de toda região que se aglomeraram para assistir as dez mentiras Sergio Lorenzon se apresenta para os jurados que iriam concorrer ao prêmio de R$ 6 mil e o título de “Maior Mentiroso do Mundo”. Composta por jornalistas, publicitários, professores e coordenadores culturais, a banca julgadora escolheu o bresciense Sergio Lorenzon como o vencedor com a mentira “Sentimento dos bois muda o rumo de uma família”. Lorenzon é agora tricampeão do Festival, já tendo ficado em primeiro lugar em 2006 e 2021.

Os três vencedores do Festival da Mentira em edição inédita com outros dois festivais (Foto: Matheus Giovanella Laste).

O segundo lugar ficou com Leonardo Specht, pela mentira “Aliança de Ouro”. O bresciense recebeu R$ 2 mil. O terceiro foi para a encantadense Ana Maria Daltoé que recebeu R$ 1 mil com a mentira “O cascudo”. O concurso teve participantes de Porto Alegre, Lajeado, Arroio do Sal e Boqueirão do Leão.

“Uma boa mentira tem pitadas de verdade”

Lorenzon, 76, se inscreveu no último dia de inscrições para a 19ª edição do Festival da Mentira. “É muita emoção depois de tanto trabalho e dedicação. Foram 40 dias para criar a história e treinar a apresentação, o que na minha idade já não é muito favorável. Por isso agradeço muito a Deus e a todo público que nos prestigiou”, disse o aposentado logo após ser anunciado como vencedor.

Uma das forças motivacionais para ter participado esse ano (foi a 16ª vez que ele concorreu ao título) foi o incentivo dos amigos. “Até poucos dias atrás eu não estava muito afim de participar, mas também em respeito aos meus amigos que vieram, decide tentar” comentou. E quanto a inspiração para criar tantas histórias, o agricultor afirma que são ideias que vêm desde a infância. “Coisas que vivi e que vou incrementando. Tem que ter alguns fatos impossíveis dentro de fatos possíveis que as pessoas possam identificar”, salientou o bresciense.

E agora que ele detém o título de Maior Mentiroso do Mundo pela terceira vez, não descarta participar das próximas edições do concurso. “Tudo depende do nosso Pai Celestial e da saúde, mas por enquanto eu digo que o desejo é de continuar enquanto eu puder”, disse Lorenzon.

Sentimento dos bois muda o rumo de uma família

A mentira vencedora começa com Sergio quando jovem e no convívio com seus 17 irmãos em Jacarezinho Alto, Nova Brescia. A família tem uma conexão próxima com a terra e com os animais, especialmente os dois bois gigantes, com chifres que passavam dos sete metros. Um senhor solitário e humilde que vivia próximo ao potreiro dos bois tinha muito apreço pela companhia dos animais. Esse senhor falece e durante seu funeral os bois foram utilizados como transporte, inclusive seus chifres serviram de ponte em um riacho.

Próximo ao cemitério os animais se recusaram a continuar caminhando e a família percebeu que os dois estavam emocionados. No dia seguinte, os bois caíram de joelho e começaram a chorar e rezar, um dia depois um deles morreu de tristeza. Como a família não tinha condições de seguir sem os animais, os irmãos mais velhos de Sergio tiveram que se mudar para outra cidade em busca de emprego. O boi sobrevivente foi solto no mato para que vivesse em paz.

Sergio permaneceu em Nova Bréscia enquanto os irmãos trabalhavam em churrascarias. Ele foi contratado pela prefeitura para combater a dengue. Lhe deram um livro de orientações e uma tesoura. “Me mandaram correr atrás dos mosquitos e cortar as asas e eu logo me atraquei”, disse. No livro estava escrito que apenas a fêmea transmitia a doença, o que diminuiu bastante o trabalho de Sergio. “Era fácil identificar, pois o macho voa com a boca fechada e a fêmea voa com a boca aberta. Fiz isso durante 35 anos e me aposentei, mas ainda colaboro com a prevenção, a tesoura está sempre comigo”, salientou.

Após tantos anos o boi da infância de Sérgio foi encontrado ao vagar pelo interior de Nova Bréscia. Devido ao seu tamanho, o enviaram para o frigorífico abastecer o fornecimento de carne do Festival dos Festivais. Quando ele se encontrou com Sergio, logo lambeu suas mãos em sinal de reconhecimento. Lorenzon queria levar ele consigo, mas acabou por aceitar doar o boi para o sucesso do evento. “Mas com uma condição, os chifres deveriam ficar comigo. Eu já acertei com o prefeito, quando estiver pronto o asfalto em direção a Capitão, ele irá fazer um novo pórtico. Daí é fácil, é só cravar um chifre em cada lado do asfalto e soldar, que o pórtico estará pronto”, concluiu.

Cerca de seis toneladas de carne foram assadas nos três últimos dias de programação (Foto: Matheus Giovanell Laste).

Mais de 250 km para conhecer o Festival dos Churrasqueiros

Com mais de 20 mil pessoas presentes durante os cinco dias de festividade, é natural que um número relevante deles tenha vindo de longe para prestigiar o aniversário de Nova Bréscia. Viajando por mais de 250 quilômetros, a servidora pública Zelda Flores saiu de Tramandaí na companhia da família para conhecer a tradição do Festival dos Churrasqueiros.

A neta Eduarda Oliveira posa junto com Zelda Flores e o restante da família em um dos pontos de Nova Bréscia

“Eu já tinha ouvido falar dos festivais, mas apesar de conhecer a cidade nunca tinha participado de nenhum. Decidimos ir e nem enfrentamos fila para conseguir o prato com carne. Foi um final de semana maravilhoso, o churrasco estava uma delícia, um local agradável, bons shows, pessoas educadas e muita segurança”, salientou. Ela que veio com os filhos e a neta, não descarta retornar na próxima edição.

Fila para pegar seu prato com galeto, porco, rês e salsichão chegou a dar volta na Praça da Matriz (Foto: Matheus Giovanella Laste).


NÚMEROS

  • 150 gaiteiros participantes;
  • 6 mil kg de carne assados;
  • 200 trabalhadores;
  • 15 mil pratos de carne distribuídos;
  • 20 mil visitantes.

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