Gestores cobram urgência do Estado em ações de prevenção

PENSAR O VALE PÓS-ENCHENTE

Gestores cobram urgência do Estado em ações de prevenção

Reunião de comitê ontem na Univates teve participação de secretário executivo do Gabinete de Crise Climática do RS. Entre as novidades, a compra de um radar meteorológico e a qualificação da Sala de Situação. No entanto, prefeitos e MP esperam por respostas mais efetivas

Por

Gestores cobram urgência do Estado em ações de prevenção
Comitê promove reuniões periódicas após articulação de líderes locais no seminário de novembro de 2023. (Foto: Mateus Souza)
Lajeado

Falta senso de urgência no Estado para avançar em projetos e ações concretas de prevenção contra enchentes no Vale do Taquari. Esta foi a percepção de líderes regionais durante reunião ontem, na Univates, enquanto o Gabinete de Crise Climática do RS detalhava medidas já executadas ou em andamento desde as enchentes do ano passado.

Promovido pelo comitê estruturado a partir do Seminário Pensar o Vale Pós-Enchente, o encontro teve como propósito dar luz a essas ações para que o grupo possa agir regionalmente, no sentido de preparar a comunidade para futuros desastres. Os dados apresentados, no entanto, não trouxeram as respostas esperadas por gestores.

Geólogo estrelense, Pablo Palma atua como secretário executivo do Gabinete implementado pelo governo gaúcho. Ele explanou sobre o trabalho desempenhado. Também fez anúncios, como a aquisição de um radar meteorológico, com previsão de início das operações em setembro, e a ampliação da Sala de Situação, com o propósito de qualificar o monitoramento de eventos hidrológicos.

No entanto, quando questionado de forma mais crítica por participantes, destacou ser um “agente de conexão” entre os líderes regionais e o Estado, pois cabe à Secretaria de Meio Ambiente (Sema) executar essas ações para mitigar danos de enchentes. “O meu papel aqui é de nivelar as informações. E também colher relatos e levar até o gabinete”.

Termo de referência

Promotor de Justiça, Sérgio Diefenbach espera pela conclusão do termo de referência, estudo conduzido pelo Estado que irá nortear a contratação de empresa responsável pela prestação do serviço. Mas critica a demora no processo e aponta “isolamento” do governo gaúcho, além de sentir a falta de uma maior articulação com o governo de Santa Catarina, cujo trabalho é considerado modelo.

“Aparentemente, os passos previstos são consistentes. Porém, não na velocidade que se espera. Sabemos que está em fase de conclusão e, para o Vale e também para o Ministério Público, está passando do tempo para que isso se conclua”, pontua. Segundo ele, a empresa a ser contratada proporcionará um “maior refinamento” e qualidade no serviço de monitoramento.

Além disso, Diefenbach defende que os municípios se organizem de forma que possibilite a contratação de um serviço caso o Estado não consiga oferecer o que se espera. “Insisto nessa ideia da criação de uma unidade regional. Uma organização em termos de consórcio tem um patamar jurídico diferente. Mas, para isso, é necessário costura, gestão e muita participação”.

Frustração

Três prefeitos participaram da reunião na Univates. Entre eles, Mateus Trojan, de Muçum, uma das cidades mais impactadas pela cheia de setembro de 2023. Ao ouvir o detalhamento das ações do Estado, foi enfático ao apontar a demora para execução.

“Há uma certa frustração, pois entendemos que o Estado não tem o senso de urgência que nós precisamos. O tempo vai passando e a gente sabe da complexidade desses estudos. Quando começar a execução, vai levar um bom tempo para, de fato, evoluirmos no assunto”, frisa.

Uma das articuladoras do grupo, Cintia Agostini salientou que haverá uma reunião com a secretária estadual de Meio Ambiente, Marjorie Kauffmann, no próximo dia 22, para andamento das discussões referentes a elaboração de um plano concreto.

“Vamos entender de que forma a Sema está atuando e vamos levar a nossa percepção, de como fazer um enfrentamento adequado. Nosso papel é articular para que tenhamos melhores resultados”.

Diagnóstico

  • Durante a reunião de ontem, o professor da Univates, Rafael Eckhardt, apresentou o diagnóstico “Modelagem dos eventos climáticos”. O estudo técnico feito por pesquisadores da Ufrgs, Univates e do Serviço Geológico do Brasil (SGB/CPRM) revisou e consolidou dados, revelando resultados inequívocos sobre a amplitude das cheias no rio Taquari em Lajeado em 2023;
  • O trabalho, que investiga os desdobramentos das inundações em Lajeado, é assinado por Eckhardt, pela também professora da Univates, Sofia Royer Moraes, por Walter Collischonn (Ufrgs) e Franco Turco Buffon (SGB);
  • O estudo foi elogiado pelos presentes na reunião, ao utilizar diferentes fontes de dados. “Temos que começar a unificar as réguas de medição. Não ter o marco zero e sim usar o nível do mar”, sugeriu o prefeito de Encantado,
    Jonas Calvi.

Acompanhe
nossas
redes sociais