“Não existe uma fórmula para ser aplicada no processo de sucessão de empresas familiares. O que existe são métodos que auxiliam as famílias empresárias nesses momentos.” A afirmação foi feita pelo sócio da Solved Consultoria, Rafael Homem de Carvalho, ao abordar o processo de transição de gestão das famílias empreendedoras. Ele foi o palestrante da reunião-almoço (RA) promovida nesta quarta-feira (03) pela Associação Comercial e Industrial de Lajeado (Acil), em parceria com o Fórum dos Jovens Empreendedores (FJE) da Acil.
Para cerca de 100 pessoas, o palestrante apresentou cases a falou sobre as armadilhas que as empresas encontram quando vão trabalhar na sucessão dos negócios. De forma prática, Carvalho ainda compartilhou o processo que deve ser seguido por organizações de todos os portes para terem mais assertividade na hora de realizar a transição de gestão.
No início de sua fala, Carvalho contextualizou o cenário da sucessão familiar falando que as empresas familiares têm grande impacto na economia brasileira. Segundo o palestrante, elas representam 65% do PIB e são responsáveis por 75% da geração de empregos.
Profissionalização
Para o palestrante, para que essas empresas tenham longevidade, é necessário um processo de profissionalização na gestão dos negócios. “De todas as empresas familiares existentes no Brasil, apenas 12% delas conseguem realizar a sucessão da primeira para a terceira geração”, informou.
De acordo com o consultor, esse número pode ser melhorado com implantação de processos de gestão profissionais, capazes de entender as particularidades da família empresária e dos negócios. “É muito comum os conflitos familiares impactarem diretamente os negócios. É essencial dividir o que é família e o que é empresa. Assim como o que é cargo e o que é herança”, detalhou.
Armadilhas
Segundo o palestrante, muitas empresas familiares encontram armadilhas no processo de sucessão. Essas situações interferem no andamento do negócio. Exemplificou destacando a mistura de interesses familiares com os interesses empresariais. “Muitas vezes, acompanhamos aquela questão de os filhos do dono quererem o seu lugar dentro da empresa”, adiantou.
Para Carvalho, os cargos dentro das empresas devem ser ocupados por pessoas que tenham condições de exercer a função. “Já aconteceram situações de empresas não terem bons resultados por colocarem em uma função diretiva alguém que não estava preparado para ocupar o cargo”, alerta.
O consultor enfatizou o fato de ser preciso manter as empresas sempre como foco principal, sem beneficiar os sócios e herdeiros. “Essa mistura de interesses é uma das armadilhas que mais encontramos”, revelou.
Soluções
No encerramento de sua exposição, Carvalho apresentou soluções que simplificam o método para a sucessão. De acordo com ele, é essencial ter um acordo de sócios e um protocolo familiar. “O acordo entre os sócios da empresa permite preparar os filhos para a gestão do patrimônio. Além disso, é essencial formalizar regras entre os familiares da empresa. Cada um terá o seu cargo e a remuneração pertinente a esse papel”, explicou.
Outro ponto importante, segundo o palestrante, é tratar os assuntos societários, estratégicos e operacionais em seu devido lugar. “Isso é governança. Colocar as pessoas certas nos lugares certos. Assim, todas conseguem entregar resultados de excelência. Na governança tratamos o CNPJ como o bem maior”, finalizou.
Primeira RA da nova gestão
Em sua saudação, o presidente da Acil, Joni Zagonel, destacou a missão da entidade de promover eventos que objetivem a capacitação dos empresários do Vale do Taquari. “Nossa gestão quer, cada vez mais, buscar a aproximação com os associados. Esta reunião-almoço é uma oportunidade fantástica de aproximar a entidade dos empresários associados. Devemos cada vez mais valorizar esses momentos de conexão, estar próximos, discutindo temas que façam sentido para nós e para os nossos negócios”, destacou.