Não precisa ser SAF para ser transparente

Opinião

Fabiano Querotti

Fabiano Querotti

Colunista da dupla GreNal e de futebol

Não precisa ser SAF para ser transparente

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Atualizado quarta-feira,
13 de Março de 2024 às 09:32

Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

A transformação de clubes de futebol associativos em empresas levantou a expectativa de que traria governança, transparência e profissionalização da gestão. No entanto, o primeiro ano de divulgação de informações por Sociedades Anônimas de Futebol (SAFs) revelou que ser empresa não garante necessariamente governança e transparência, apesar de permitir uma maior profissionalização da gestão. Embora as SAFs tenham trazido recursos financeiros e profissionais qualificados para os clubes, a transparência ainda é um ponto fraco, com poucos clubes melhorando a qualidade das informações divulgadas e adotando um padrão contábil desalinhado. A ilusão de padronização também se desfez, com cada clube divulgando informações de forma diferente e com detalhes insuficientes.

Apesar de reconhecer os bons exemplos de algumas SAFs, eu não vejo como a melhor solução para a maioria do clubes brasileiros, principalmente para os de massa. É possível profissionalizar a gestão sem perder a identificação com o torcedor que a entidade associativa tem.

Cito aqui um pequeno exemplo de que com boa vontade é possível ser mais transparente com o torcedor. O presidente do Inter, Alessandro Barcellos, apresentou detalhes da janela de transferências do clube. Segundo ele, o Colorado investiu 15 milhões de euros (R$ 81,5 milhões pela cotação atual), que serão parcelados ao longo de três anos. Além disso, as cifras vão diminuindo gradativamente. Neste ano, 6 milhões de euros (R$ 32,6 milhões). Em 2025, serão 5 milhões de euros (R$ 27,2 milhões) e depois, em 2026, serão 4 milhões de euros (R$ 21,7 milhões).

Parece pouco, mas não me recordo de um mandatário trazer a tona com clareza esse tipo de informação. Geralmente esses números vão aparecer lá na frente, na prestação de contas aos conselhos dos clubes. Esse tipo de iniciativa deveria ser recorrente, inclusive com números mais amplos das finanças do clube. Futebol é um produto de paixão, de relacionamento com o torcedor, e parte dele vem justamente da capacidade de se comunicar de forma clara e transparente.

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