Apocalipse?

Opinião

Elisabete Barreto Müller

Elisabete Barreto Müller

Professora universitária e delegada aposentada

Apocalipse?

Por

Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Neste Carnaval, houve um diálogo entre as cantoras Ivete Sangalo e Baby Consuelo que gerou debate na mídia. Em síntese, Baby (a partir de crenças religiosas) pregou o apocalipse e Ivete disse que não tem apocalipse certo quando a gente o “maceta”. Apesar de várias interpretações sobre essa gíria, entendo que o contexto desse “macetar” é de golpear.

Quando eu era criança e comentavam que o mundo iria acabar, lembro que ficava com muito medo e pensava em como isso poderia ser evitado.

Estamos em 2024 e confesso que jamais imaginei na minha juventude que veria tanta coisa estranha acontecendo no nosso planeta, como se fosse mesmo o fim dos tempos, inclusive, com alguns dizendo que ele é plano.

Enquanto grupos negam a Ciência, desdenham de vacinas, colocam vidas em risco por egoísmo, catástrofes decorrentes da grave crise climática vão ocorrendo. Muitos ainda negam o óbvio e, pior, culpam os rios e as árvores pelos problemas e não a sua incapacidade de proteger a natureza.

As redes sociais, que deveriam aproximar as pessoas, mostraram uma face perversa da humanidade, aquela que é violenta, preconceituosa. Tudo vira discurso de ódio.

Coincidentemente, terminei de ler o livro Longa Pétala de Mar, da Isabel Allende, uma história que se passa na guerra civil espanhola e, depois, na ditadura de Pinochet no Chile. A leitura me levou a refletir sobre o quanto a humanidade não aprendeu com seus erros. As guerras continuam neste século com seu rastro de destruição. Seguem ditadas pela ganância, pelo poder, por intolerância às religiões.

Sobre lições não aprendidas, mesmo quando se falava no fim do mundo lá no meu passado, não vislumbraria que parte da Alemanha tivesse que ir às ruas neste ano contra a extrema-direita e ideias neonazistas. Nem pensaria que israelenses e palestinos ainda estariam em conflito. Não imaginaria que crianças palestinas fossem mortas em bombardeios! Ou que haveria combates que não são entre exércitos. Que medo que as crianças sobreviventes devem sentir! Quanta tristeza!

Por outro lado, as manifestações das diversas nações pela paz e dignidade humana, e os líderes políticos mundiais se unindo para exigir um cessar fogo na Faixa de Gaza, reforçam a minha esperança.

Igualmente, me acalentam as ondas de solidariedade nos mais variados momentos, as mobilizações para assegurar direitos, os grupos que defendem com perseverança o meio ambiente, a Ciência, as Artes, e tantas outras demonstrações de amor, gentileza e respeito ao próximo e à Mãe Terra. Isso para mim é “macetar o apocalipse”.

Sigo acreditando num mundo melhor para todos. Isso me impulsiona a fazer a minha parte e não naturalizar as injustiças, porque calar é consentir.

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