A doce trajetória de Helena Fontana

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A doce trajetória de Helena Fontana

Antes de ser confeiteira, ela trabalhou como doméstica, cabeleireira e manicure

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Atualizado segunda-feira,
12 de Fevereiro de 2024 às 09:22

A doce trajetória de Helena Fontana
Há 15 anos, Helena e Marina profissionalizaram a produção de doces e salgados (Foto: Diogo Fedrizzi)
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Quando Helena Fontana, 74, fez a torta de cremes e os doces para o aniversário de um ano do primogênito Rafael, não imaginava a transformação que sua vida teria a partir daquele fevereiro de 1973. O bom gosto no preparo dos pratos chamou a atenção das mulheres que, na época, a recebiam em suas casas para fazer o cabelo e as unhas. “Aquela receita foi uma cliente que me passou enquanto eu enrolava o cabelo dela. Comentei que tinha organizado a festa do meu filho e começaram a encomendar torta para os finais de semana”, lembra. Aos 15 anos, quando saiu da casa dos pais em Anta Gorda e se mudou para Encantado, Helena trabalhou como doméstica em uma casa de família antes de fazer o curso de cabeleireira e manicure.

Anos mais tarde, com o nascimento da filha Marina, 41, ela concentrou os trabalhos na confeitaria. “Comecei em casa, com um fogão pequeno, uma batedeira pequena e uma geladeira. Não foi fácil. Depois fui comprando os equipamentos aos poucos. Trabalhava dia e noite. Todo sábado e domingo havia pedidos para aniversários e casamentos”, conta Helena, que além de Rafael e Marina, também é mãe de Luciano.

Desde criança, o convívio de Marina com os afazeres de Helena aproximou a relação entre mãe e filha também no ambiente profissional. “Eu sempre ficava junto dela, conhecendo as clientes, tanto que as mais antigas até hoje lembram de mim pequeninha. A mãe enrolava os docinhos e eu ajudava a colocar nas forminhas, além de fechar os pastéis”, recorda a empresária, que há 15 anos transformou o talento, o bom gosto e a dedicação da mãe em uma marca de referência na confeitaria: a Helena Fontana, Doces e Salgados.

Além da parte administrativa, Marina colabora na produção, mas reconhece que a técnica é privilégio da mãe. “Ela nos ensina muito até hoje. A gente pode ter a mesma receita, mas a mãe tem uma mão e um toque que são exclusivos dela”, orgulha-se Marina, que chegou a concluir a graduação em Direito, mas abriu mão da carreira jurídica para se dedicar à empresa. “Eu já estava junto da mãe e, como o negócio estava pronto e era o que eu gostava, decidi seguir. Não me arrependo”, acrescenta.

Além das tortas, o mix de produtos conta com 20 variedades de salgados e mais de 50 tipos de doces. Um dos principais diferenciais está na escolha dos ingredientes. “Por exemplo, leite condensado tem que ser Leite Moça, carne moída só de primeira e chocolate hoje só usamos Divine. Sempre procuramos o que tem de melhor no mercado”, explica Marina, que recorda as histórias do passado quando o irmão Rafael era o responsável por comprar o guisado no açougue e, se a carne não fosse do agrado da mãe, era obrigado a retornar ao mercado e pedir para o açougueiro trocar. “Fico feliz com os elogios, me sinto bem e agradeço, mas não sou de falar muito”, despista Helena, que aponta o docinho de café como o seu preferido, enquanto a campeã de vendas é a trufa de maracujá.

A estrutura da confeitaria conta com cinco funcionárias fixas, além de outros profissionais contratados em épocas de maior demanda. O marido de Marina, o ex-atleta de futebol profissional André Sangalli, também auxilia no administrativo e nas entregas. “Sempre procuramos passar para as nossas colaboradoras a importância de fazer o produto com carinho e amor, como se fosse para elas consumirem. Isso faz muita diferença”, diz Marina.

Sobre o futuro da empresa, Marina prefere manter a atual estrutura, pois entende que assim conseguirá acompanhar todas as etapas da produção. “Poderia colocar máquinas, abrir franquias, mas não quero perder a essência do artesanal, que faz a diferença. Vou a São Paulo fazer cursos, todo ano tem novidade. Mas muitos clientes ainda preferem o antigo, o tradicional”, revela. “Tenho muito orgulho da mãe. Sempre foi uma pessoa batalhadora. Seguir os passos dela é uma honra. Às vezes, a mãe nem tem noção do nome que ela tem em Encantado, na região e até em outros Estados”.

Para quem deseja empreender no ramo gastronômico, mãe e filha dão força. “Comida não tem erro. Se faz com amor, carinho, dedicação e qualidade, sempre vai ter cliente”, afirma a empresária. “Trabalhar muito, ter persistência e fazer com capricho também é necessário”, acrescenta Helena.

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