Quando você percebeu que poderia ser “encantador” de cães?
Eu nasci em Candelária, e cresci ensinando os cães a conduzir o gado no interior. Percebi que tinha habilidade com eles e fiz cursos de aperfeiçoamento por muitas cidades do Brasil. Naquela época, eu viajava de ônibus para Minas Gerais e São Paulo. Sou adestrador há 26 anos.
O que você aprendeu convivendo com os cães?
Os cães me ensinaram sobre o amor verdadeiro, aquele que retrata o vínculo entre o cão e seu dono. Mesmo quando maltratados, eles retornam ao cuidado do tutor cheios de carinho ao menor gesto de afeto. Os animais não fazem julgamentos e dão lição de amor incondicional.
Qual a capacidade de um cão sentir alegria ou tristeza?
Os cães possuem muitos tipos de emoções; choram, se irritam e tem depressão. É justamente pela existência destes sentimentos que podemos moldar o comportamento canino. Por isso, como adestradores, precisamos compreender sua linguagem e estejamos familiarizados com seus estados emocionais para estabelecer uma conexão e treiná-los. Creio que em 26 anos realizando adestramentos, seis mil cães tiveram seus comportamentos transformados.
Há quanto tempo você adestra cães de rua?
Há seis anos estou propondo o projeto de cinoterapia que é a terapia por meio de cães. Há cinco meses, estamos fazendo em Lajeado. Consiste em recolher todo mês, dez cães do canil da cidade. Selecionar os que possuem predisposição para a cinoterapia e treinar os outros para que possam voltar ao canil e serem adotados mais facilmente.
Como são escolhidos os cães para cinoterapia?
Temos atualmente, três cães que foram selecionados para o projeto de cinoterapia. A Cleo, a Priscila e Branco.
A Cleo foi selecionada dentre 50 cães do canil porque ela se mostrou carinhosa, afetiva e não reativa. Ela hoje visita o Hospital Bruno Born, coloca a patinha na cama dos pacientes e recebe o carinho. As pessoas adoram.
Branco é um cão com apenas três patas que está sendo adestrado para atender crianças e pessoas, assim como a Priscila. Eles auxiliam a coordenação motora. Tocar o cão estimula a liberação de bons hormônios.