Alan Patrick é o jogador que pode devolver a identidade à Seleção Brasileira

Opinião

Fabiano Querotti

Fabiano Querotti

Colunista da dupla GreNal e de futebol

Alan Patrick é o jogador que pode devolver a identidade à Seleção Brasileira

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Atualizado quarta-feira,
31 de Janeiro de 2024 às 09:34

Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Hoje, nenhum brasileiro em atividade nas grandes ligas pelo mundo possui as características do jogador

É indiscutível que a Seleção Brasileira vive uma crise técnica, mas sobretudo de identidade. Muito se fala que a safra é ruim. Mas se pegarmos as listas de convocações, quase todos os jogadores atuam em grandes clubes da Europa com destaque. Não há como negar que Vini Júnior, Rodrygo, Bruno Guimarães e Gabriel Martinelli são grandes jogadores. Porém, nenhum deles é camisa 10 na essência. Essa é uma função em extinção. O jogador cerebral, o maestro, o cadenciador de jogo. O cara que dita a velocidade conforme o momento da partida pede.

Na história do futebol brasileiro, a camisa 10 foi imortalizada por grandes nomes como Pelé, Zico Rivellino e Rivaldo. Camisa 10, por paradoxal que pareça, não é apenas uma camisa, mas uma posição que é a cara do bom futebol.

Dorival Júnior, ao ser apresentado como técnico, prometeu que faria a “Seleção do povo brasileiro”. Acredito que para cumprir a promessa, o primeiro passo é resgatar a mística da camisa 10. Hoje, nenhum brasileiro em atividade nas grandes ligas pelo mundo possui os requisitos. Neymar foi a três Copas e não correspondeu as expectativas. Não creio que o fará em 2026.

Futebol é momento. E na atualidade, nenhum brasileiro é tão 10 quanto Alan Patrick. Ele não encanta apenas os torcedores do Inter. Camisa 10 e líder técnico, o meia tem conquistado cada vez mais a admiração de nomes que brilharam com o mítico número às costas, como Tostão, Alex, Djalminha e Zé Roberto, entre outros.

Com a chegada de Eduardo Coudet no ano passado, o camisa 10 foi adiantado para atuar mais próximo a Enner Valencia, mas seguiu com a tarefa de organizar as jogadas. Foi artilheiro do time e terceiro no ranking de assistências. Atrevo-me a dizer que fez sua melhor temporada na carreira. Sempre foi ótimo jogador, mas com o passar da idade, adquiriu experiência e senso de colocação. Foi bem no Santos, Flamengo, mas no Inter a capacidade intelectual para decidir é ainda mais precisa. Antes tinha juventude, hoje tem a vivência de um grande jogador. Deixou de ser coadjuvante e virou o protagonista.

Não vejo neste momento nome melhor para assumir a 10 do Brasil. Alan Patrick ajudaria muito nesse início de ciclo visando o próximo mundial. Se terá condições física e técnica em 2026, não sei. Estará com 35 anos, idade que considero boa. A Argentina campeã do mundo ano passado tinha vários jogadores nesta faixa etária. Acima de tudo, Alan Patrick pode ser essencial para agregar experiência aos jovens talentos que temos. Essencial para voltarmos a ganhar uma Copa América e retomar a hegemonia no continente. Não sei o que fará Dorival. Mas hoje, minha seleção começa por Alan Patrick.

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