A nova tentativa de entendimento entre governo federal, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e empresas de grande porte atingidas pelas enchentes, foi confirmada para 5 de fevereiro, às 11h, na sede da instituição, no Rio de Janeiro.
Conforme a Secretaria de Comunicação Social da Presidência, o objetivo é aproximar as expectativas das indústrias e a disponibilidade de linhas de crédito para atender as demandas dos empreendimentos.
“Os empresários vão falar diretamente com os diretores do banco. Demonstrar os prejuízos e qual a necessidade de recurso. Há condições distintas para reforma, compra de maquinário, capital de giro e outras necessidades”, diz o secretário de Comunicação Institucional da Presidência, Maneco Hassen.
A partir dos detalhes das empresas, pode-se alinhar de que maneira pode-se acessar o crédito frente ao tipo de linhas existente. O intuito é proporcionar que haja juros e carência mais atrativos do que foi apresentado pelo Fundo Garantidor de Investimentos (FGI), criado em novembro do ano passado.
Caso nenhum dos planos existentes seja viável, não é descartada a reformulação do decreto, quando se estabeleceu o juros de até 1,75% ao mês e no máximo 18 meses para começar a pagar o financiamento.
“O governo tem ciência de como as empresas foram atingidas. Conseguimos em um único modelo de crédito atender as empresas do Simples, com faturamento de até R$ 4,7 milhões ao ano. Agora, é muito difícil fazer algo amplo para as indústrias de maior porte”, reconhece Maneco.
Relatório elaborado pelas associações comerciais da região, em parceria com o Sebrae, Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico e Junta Comercial, mostra que foram pelo menos 15 indústrias de grande porte atingidas por coluna de água dentro das unidades. O prejuízo passa dos R$ 500 milhões. Juntas, empregam mais de 7,5 mil trabalhadores.
Quem participa
A comitiva das maiores indústrias atingidas pelas enchentes é composta na maior parte por empresas do Vale do Taquari. Mas também há dos vales do Caí e Rio Pardo.
- Dália Alimentos, Encantado;
- Fontana S/A, Encantado;
- Lajeadense Vidros, Lajeado;
- STW Automação, Lajeado (Estrela);
- Carrer Alimentos, Encantado;
- Couros Bom Retiro, Muçum e Roca Sales;
- Bom Frango, Venâncio Aires;
- MAC Pavimentações, Lajeado;
- Vinagres Prinz, Lajeado;
- Oderich Alimentos, São Sebastião do Caí;
- Serraria Madepalmas, Roca Sales.
Organização regional
Por parte da região, cada empresa interessada em buscar crédito com condições diferenciadas se comprometeu em formular um documento com uma estimativa de prejuízo e principal necessidade.
O presidente da Associação Comercial e Industrial de Encantado, Angelo Fontana, é o interlocutor entre o governo federal e a classe empresarial do Vale. “Desde dezembro nos reunimos e tratamos de que forma pode-se ajudar as empresas. O governo reconheceu que prometeu, mas destinou pouco para as maiores empresas.”
Com a confirmação do encontro, as organizações de maior porte prejudicadas foram contatadas. A partir disso, foi organizada a comitiva para o Rio de Janeiro. Até o momento, há 11 diretores com participação confirmada.
Programa de reindustrialização
Lançado em 22 de janeiro, o programa “Nova Indústria” prevê R$ 300 bilhões em crédito aos negócios até 2026. Voltado para incentivar a geração de empregos e melhorar a produtividade, a iniciativa entra em vigor a partir de fevereiro.
“Foi positivo termos conseguido a agenda para o próximo mês. Talvez as empresas do Vale tenham como acessar os recursos do programa. Isso vai encurtar caminhos, fazer com que o acesso seja mais rápido”, avalia o secretário Maneco Hassen.
A política propõe seis missões, nos setores de agroindústria, saúde, infraestrutura, transformação digital, transição energética e soberania nacional. Em cima disso, os recursos serão destinados de acordo com quatro eixos: ganho de produtividade, projetos de pesquisa e inovação para desenvolvimento tecnológico, sustentabilidade e incentivos para acesso ao mercado internacional.
Relembre
- Desde a enchente de setembro, empresas com faturamento de até R$ 300 milhões buscam mecanismos do setor público para mitigar perdas.
- Fracasso nos Financiamentos. O modelo pelo fundo garantidor (FGI/Peac-Solidário) não atingiu a expectativa das indústrias;
- Pelo formato apresentado em novembro, os juros de até 1,75% ao mês e prazo de carência de 6 a 18 meses, foi considerado pouco atrativo;
- O governo federal reconheceu que a política foi insuficiente. A partir disso, iniciou uma série de análises a partir dos Ministérios da Fazenda, Planejamento e Desenvolvimento Econômico;
- Associações da região indicam que 15 indústrias de grande porte foram atingidas, com prejuízo superior a R$ 500 milhões;
- Carta das empresas destaca duas reivindicações: juros de 5% ao ano para financiamentos às empresas atingidas por coluna de água e liberação dos créditos tributários. Este último foi negado pela Receita Federal;
- Nova tentativa ocorre no dia 5 de fevereiro. Comitiva regional será atendida por diretores do BNDES no Rio de Janeiro. Intuito é verificar formas de atender a necessidade individual de cada empresa. O encontro ocorre às 11h.