Quando descobriram que seriam pais pela primeira vez, Márcio Lipke, 28, e Tauana Cristina, 25, fizeram um acordo: se fosse menina, a escolha do nome seria da mãe. Caso contrário, o nome do filho seria responsabilidade do pai. Assim que souberam o sexo do bebê, Márcio buscou na intenet pelas melhores opções. Foi em meio às pesquisas que encontrou o nome ideal: Miguel, que está no topo da lista dos mais escolhidos para meninos em 2023. Para as meninas, Helena ocupa a primeira posição.
Os dados são do relatório dos Cartórios de Registro Civil do país para a Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil). De acordo com a instituição, Miguel segue na liderança dos nomes mais populares em todo o Brasil há quatro anos. Em 2023, foram 25.216 registros. Gael vem em segundo lugar para os meninos, com 22.478 registros.
Miguel Lipke completa três meses de vida em janeiro. Os pais contam que o nome foi escolhido por ter relação com a Bíblia e significar força, proteção e liderança
Apesar de outros nomes populares seguirem a lista, para Márcio, não havia outra possibilidade para batizar o filho. Miguel Lipke nasceu dia 9 de outubro, em Estrela. O primeiro filho do casal e primeiro neto dos avós maternos e paternos recebe toda atenção e carinho da família.
“Eu busquei pelo significado e gostei. Vi também que é um nome bíblico. Achei bonito, concordamos em batizá-lo assim”, conta Tuane. Miguel é um nome derivado do hebraico “Mikha’el”, que significa “quem é como Deus”, O nome evoca força, proteção e liderança.
Dia 9 de janeiro, o pequeno completa três meses. Depois de uma gestação tranquila, Tuane conta que os primeiros dias de vida foram os mais difíceis. “No início ele chorava muito, mas agora é mais calmo. Estamos bem”, afirma. Apesar da popularidade do nome, os pais conhecem apenas um outro menino chamado Miguel, filho de primos de Tuane.
Popular com os anos
Há 86 anos, em Vila Fão, nascia Miguel Bacci. Mas, se hoje o nome está na lista dos mais quistos, naquela época, não era tão comum
Há 86 anos, em Vila Fão, que pertencia a Lajeado, também nascia um Miguel. Mas, se hoje o nome está na lista dos mais quistos, naquela época, não era tão comum. Na família de Miguel Bacci, o nome veio da Itália e foi escolhido em homenagem ao avô, que se chamava Michele Bacci.
O italiano veio de Luca à região em 1898 e o nome foi adaptado ao potuguês para registrar o neto. “Eu me lembro que era pequeno e dizia que o nome era feio. Perguntava o porquê de meu pai ter escolhido. Ele contava que era em homenagem ao meu avô. Eu reclamava porque na época não era um nome muito agradável”, conta Miguel.
Ele lembra que não tinha amigos com o mesmo nome e só foi conhecer crianças registradas como Miguel mais tarde. “Hoje é bem aceito. Quando alguém diz que tem um filho Miguel eu fico faceiro. Puxa vida, é o nome do meu avô, que meu pai escolheu pra mim”.
Para as meninas
Já na lista de nomes femininos, Helena volta a ocupar a primeira posição. No ano passado, de acordo com o Arpen-Brasil, Maria Alice foi o nome mais escolhido, superando Helena que já liderava por cinco anos. Em 2023, o nome teve 23.132 registros. Maria Alice passa a ser a segunda opção entre as meninas, com 19.270 registros.
No ranking, ainda aparecem nomes de personagens de filmes, séries e livros, nomes de pessoas famosas, entre outros. Esse ano, os nomes de filhos de influenciadores também ganharam espaço nos cartórios.
Renovação
Helena Maria Baségio, 62, diz que quando nasceu, seu nome não era comum para bebês
Uma Helena também nascia em 1961. Mas esse não era um nome comum para bebês na época. Helena Maria Baségio, 62, lembra que, inclusive, um vizinho dizia que “era nome de velha”. Ela conta que as amigas que nasceram no mesmo período e moravam na pequena comunidade onde cresceu, em Canudos do Vale, se chamavam Nilce, Janete, Elenir, Arlete, Valéria, Flávia, Maria, Dulce, Doraci, Iria, Salete, Ivete, Nadir, entre outros.
A jornalista diz que a escolha do nome dela envolve uma história engraçada. “Minha mãe queria Luiza Helena, pois achava os dois nomes lindos. Ela era uma leitora voraz, apesar de ter estudado só até o terceiro ano primário, e se inspirou em algum jornal ou revista que leu”, recorda.
Na hora de registrar, no entanto, o pai mudou e colocou Helena Maria. Até hoje, ela nunca soube o motivo da mudança e, apesar de gostar de “Luiza”, gosta do nome com que foi batizada.
Hoje, ela percebe a volta do nome com força entre os bebês. “Acho isso muito legal. É um nome forte, histórico, atemporal. Ver tantas crianças com meu nome dá uma renovada no astral e no carinho que tenho por ele”.
Ranking e significado
- Miguel (25.216 registros): é um sinônimo de “quem é como Deus”, um nome sobre força, proteção e liderança;
- Helena (23.132 registros): a reluzente”, “a resplandecente”, de origem grega;
- Gael (22.478 registros): “belo”, “o que protege” ou “o protegido”, de origem irlandesa;
- Theo (19.864 registros): “Deus”, “Deus supremo”, de origem grega;
- Arthur (19.838 registros): “urso corajoso”, evoca bravura e força, de origem celta
- Heitor (19.744 registros): “aquele que guarda”, “aquele que retém o inimigo”, de origem grega;
- Maria Alice (19.270): “senhora soberana de linhagem nobre”, de origem hebraica e germânica;
- Alice (17.605 registros): a “de qualidade nobre”, “de linhagem nobre;
- Davi (17.067 registros): “o amado”, “querido”, “predileto”, de origem hebraica;
- Laura (16.823 registros): “loureiro”, “vitoriosa”, “triunfadora”, de origem latina.
