SER OU NÃO SER, EIS A QUESTÃO

Opinião

João Lucas Feldens Catto

João Lucas Feldens Catto

Advogado desportivo

SER OU NÃO SER, EIS A QUESTÃO

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Atualizado quinta-feira,
28 de Dezembro de 2023 às 07:47

Vale do Taquari
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Viemos a esse mundo para viver com autenticidade e deixar um legado. Não viemos apenas para existir.
O futebol é o mesmo esporte praticado desde a América do Sul até as Ilhas Fiji. Porém no quesito qualidade, o futebol possui seus abismos técnicos ao redor do planeta.

Por muitos anos, o futebol brasileiro foi roteirizado como “o melhor futebol do mundo” e, não à toa, temos em nossa história o Rei desse esporte e somos a única seleção pentacampeã. Eu sou fã e defenderei o futebol brasileiro enquanto houver argumentos, porém é inegável que paramos no tempo. O nosso futebol está muito abaixo e, para não dizer outra coisa, chato.

A última partida do calendário brasileiro foi disputada entre duas grandes escolas de futebol mundial. De um lado o consolidado Pep Guardiola, que já comandou a espetacular equipe “tiki-taca” do Barcelona, que agora comanda o Manchester City e de outro lado o ousado Fernando Diniz, treinador em ascensão que, sem medo de errar, resolveu implantar seu estilo de jogo, fazendo com que os seus comandados comprem a sua ideia de ter a posse de bola e sair jogando, da forma que for.

Eu fui em dois jogos do Fluminense esse ano e posso dizer que esse estilo de jogo é ousado, irreverente e eficaz. Em um dos jogos, o jogador do Fluminense que mais tocou na bola foi o goleiro Fábio, graças a marcação alta da equipe adversária que dificultava a saída de bola. Com apenas uma troca, a equipe carioca inverteu essa estatística, fazendo que seu estilo de jogo sobressaísse de uma maneira que jamais vi no futebol brasileiro.

Mas alguns ainda dizem que seu estilo de jogo é “uma bomba relógio”, porém foi assim que a sua equipe venceu a Libertadores da América e conquistou vaga para disputar o mundial.

E no último fim de semana tivemos um embate interessante entre essas duas escolas: a consolidada de Pep Guardiola e inovadora de Fernando Diniz.

Apesar de uma vitória elástica da equipe britânica que, além de um orçamento bilionário, todos os jogadores são de suas seleções nacionais, o óbvio foi apenas o resultado. O desempenho da equipe brasileira me agradou e surpreendeu muita gente que entende de futebol. Inclusive o próprio treinador Pep Guardiola.

A partida como um todo foi decidida na qualidade técnica individual dos atletas. Porém no quesito disposição tática e estilo de jogo, foi surpreendente o desempenho da equipe brasileira.

Sem medo de jogar, o time foi propositivo e me deixou feliz, pois hoje o nosso futebol além de (es)tático ele é mecanizado. Por isso que eu digo que sinto falta daquilo que sempre nos diferenciou dos demais países: a irreverência e ousadia brasileira.

Futebol carece disso e ver uma equipe sem medo de jogar, apesar da enorme diferença entre Brasil e Europa, me deixou esperançoso demais. Fernando Diniz é gigante por querer impor um estilo de jogo autêntico em meio a tanto padrão dos nossos treinadores atuais.

O abismo é gigante, mas “ser ou não ser, eis a questão”?  Willian Shakespeare já dizia que a vida é para deixar legados e Fernando Diniz está deixando o seu no futebol brasileiro.

Um feliz 2024!

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