“Quanto ao serviço, só melhorou”

ABRE ASPAS

“Quanto ao serviço, só melhorou”

Sapateiro há 40 anos, Loreno Francisco Ferreira, 64, é conhecido pela comunidade de Lajeado. Com a pequena sapataria na Travessa Cristiano Schmidt, chamada “Nº 1”, ele consolidou clientes que, mais do que solicitar um serviço, gostam de conversar. Há um mês e meio, o sapateiro mudou de lugar e, hoje, está mais visível para quem passar pela Benjamin Constant, 1671

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“Quanto ao serviço, só melhorou”
Foto: Bibiana faleiro
Lajeado
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

O que fez você trocar de endereço?

Foi vendida aquela área. Mas a minha primeira sapataria foi em Cruzeiro do Sul. Depois vim para Lajeado. Comecei no Florestal e daí precisei de outra sala, fui para perto do Folhape. Já era uma sapataria. Mas depois me mudei para uma garagem nos fundos do Delazeri. Reformei a peça e fui trabalhar lá. Quando a dona do espaço faleceu, procurei outro senhor que tinha uma garagem caindo aos pedaços. Ele me pediu dois meses e daí apareceu na sapataria com a chave do espaço, que ele tinha reformado. Era o lugar onde eu estava agora. Ele e a esposa me tratavam como se eu fosse da família, era um segundo pai pra mim. Mas então eles faleceram. Agora vão vender. Faz um mês e meio que estou aqui na Benjamin.

Os clientes já sabem do novo local?

Eu nem esperava que fosse tão rápido, os clientes que eu já tinha e os novos estão vindo. A visibilidade é bem maior. Lá era um beco, aqui circulam pessoas todos os dias. Quanto ao serviço, só melhorou.

O que fez você ser sapateiro?

A família do meu pai trabalhava muito com couro, mas eu não. Foi mais por uma necessidade. Eu queria ter alguma coisa minha e apareceu a oportunidade, resolvi encarar. Minha esposa sempre deu muita força. Não foi tão fácil assim, o cara que me vendeu a sapataria me ajudou um pouco. Mas na sapataria tu faz todas as partes de um calçado, tem que saber tudo, e isso eu não sabia. Queria desistir. Mas numa dessas, veio um guri trazer um calçado, ele disse que o avô podia me ensinar porque tinha sido sapateiro. O senhor de 80 poucos anos morava em um quartinho na nossa casa durante a semana e ele nos ensinava. Quando achei que podia tocar meu barco resolvi parar e daí deslanchou. Na sapataria, tu sempre está aprendendo alguma coisa.

Lembra de alguma história curiosa na sapataria?

A gente vai chegando a uma certa idade e apagando algumas coisas. Mas tem cliente que é fácil de trabalhar, tem cliente que é difícil. Tem que ter jogo de cintura. Eu sempre tive isso de tratar bem as pessoas, com simpatia, muitas vezes escutar as pessoas. Tinha uma senhora que vinha na sapataria só para conversar. Viramos amigos. Não é só o trabalho na sapataria, muitas vezes a pessoa chega com problemas. Mas procuro ouvir.

A procura pelo serviço de sapateiro mudou ao longo dos anos?

Mudou muito. Quando eu comecei em Lajeado, tinham 16 sapateiros, hoje são 5. O pessoal foi se aposentando, mas serviço, se tu quer trabalhar, tem sempre. Mas tu não pode ficar só no passado, tem que inovar, procurar fazer coisa diferente e é esse diferente que te dá um lucrinho.

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