redução da taxa de juros e o avanço dos programas de habitação elevam o otimismo para 2024 na construção civil. Entre os indicadores monitorados, destaca-se a queda da Selic em 0,5 ponto percentual, para 12,25% ao ano, e a expectativa de novas reduções nos próximos meses.
Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) também indicam maior movimentação no segmento. No Rio Grande do Sul, o saldo voltou a ser positivo em novembro, com 900 admissões a mais em relação ao número de demissões. No mês anterior, o saldo da construção civil era negativo (-455).
Junto a esses movimentos, o presidente do Sinduscom-VT, Jairo Valandro, destaca a necessidade de mais linhas de crédito para financiamento habitacional. Em julho, o governo federal anunciou a ampliação do acesso de faixas de renda, redução de taxas e o aumento do subsídio para aquisição de imóveis.
Ainda assim, 2023 foi marcado pela apreensão devido à troca de governo e às novas políticas. Valandro acrescenta que chegaram ao fim sem muitas novidades nas políticas habitacionais. Entre as dificuldades do ano, ele cita a elevada taxa de juros, a falta de linhas de crédito mais atrativas e o risco de elevação de impostos.
Para Valandro, o que deve diferenciar 2024 dos anos anteriores é a cautela, pois estão sob o risco do aumento da carga tributária sobre as empresas, com o fim da desoneração da folha de pagamento, o que pode representar um aumento significativo nos custos.
“Esperamos um ano ainda melhor”
Os investimentos em novos equipamentos e novas áreas devem fazer de 2024 um dos melhores anos para a Lyall Construtora e Incorporadora. Conforme o diretor da empresa, Gustavo Lucchese, há projetos para novos empreendimentos, contratação de pessoal e aumento no faturamento.
“Estamos projetando mais uma torre de 30 andares e loteamentos na região. Então, para 2024, com certeza a expectativa é que seja muito melhor do que 2023, que já foi um grande ano para nós”, comenta.
O empresário acredita que hoje, o fator que mais tem influenciado no andamento da construção civil é o clima. “A gente vem de uma série de dias de chuvas que impactam no resultado das obras. Mas no restante, devemos estar acostumados, não devemos nos acanhar por questão de tributos ou por questão de imparcialidade política. Essas coisas que são externas a gente e temos que seguir trabalhando”.
Crescimento do setor
O diretor da construtora DNW, André Damiani, percebe a mudança entre o início de 2023 e o decorrer do ano. “Terminamos o ano com essa perspectiva melhor, de uma taxa Selic menor, que movimenta mais o setor imobiliário, o qual é o setor mais seguro para investir”.
Damiani lembra das dificuldades de 2023, como as enchentes de novembro e setembro, mas acredita no potencial de recuperação do Vale. Para o empresário, a região caminha para se tornar um polo no ramo da construção civil. “Nosso segmento na construção civil se destacou fortemente pela qualificação, pela robustez e pela qualidade das nossas empresas e dos nossos empreendedores”.
Na Lucasa Construtora, há um edifício em fase de conclusão, que será entregue no segundo semestre. Para 2024, mais dois projetos serão iniciados, sendo um deles em Canela. Além disso, há mais um empreendimento com entrega prevista para 2025.
“Esperamos que 2024 seja um ano melhor, que possamos fazer novos lançamentos e que a economia comece a crescer, havendo uma maior confiança na política econômica do governo”, afirma o diretor da Lucasa Construtora, Luiz Carlos Sartori.
Inovação no ramo
Segundo o diretor da Kappel Imóveis, Alberto Kappel, a sustentabilidade e as inovações tecnológicas tornam-se cada vez mais presentes nas construções e, muitas vezes, uma exigência do cliente.
Outra ferramenta em alta é a inteligência artificial. Kappel explica que a tecnologia é utilizada no software que faz os cálculos estruturais, buscando um melhor aproveitamento de resíduos e de processos para aprimorar o processo da construção. O empresário descreve o momento como oportuno para adquirir imóveis.
“O material para construção está mais estável, as construtoras estão parcelando mais para os clientes, chegando a 50 meses, sem taxas de contratos, tudo está mais simples. É uma tendência forte neste ano e que deve continuar no próximo”.
Projeções para 2024
Fatores positivos
- Redução da taxa Selic
- Demanda de mercado
- Liberação de programas habitacionais
Pontos de atenção
- Carga tributária (ICMS e fim da desoneração da folha de pagamento)
- Alta nos custos de material
- Crescimento do nível de endividamento das famílias
