A Liga de Combate ao Câncer de Lajeado chegou à maioridade em novembro. O objetivo sempre foi amparar pessoas portadoras de câncer e atuar na prevenção. Hoje, a entidade, que começou apenas com mulheres, expandiu e conta com o trabalho de 20 voluntários, incluindo homens.
O clima é de comemoração, com o aniversário celebrado no dia 17. “É um trabalho maravilhoso. É gratificante para quem trabalha e para quem recebe a ajuda”, destaca a presidente da Liga, Íris Scherer. Ela lembra que passou pela doença no fígado com o apoio da Liga, já que participa do grupo desde a segunda reunião, em 2005.
“Eu tive câncer há 18 anos e não contei para ninguém. Saia de salto e maquiada para ninguém perceber. As pessoas se afastavam da gente, achavam que era contagioso. Agora é bem mais fácil”, destaca.
Além do apoio aos pacientes, a Liga também auxilia no pagamento dos exames e prótese, além de oferecer os suplementos alimentares e um vale para a feira do produtor. A assistente social Patrícia Cauduro, afirma que hoje não é possível mensurar quantas pessoas acessam os serviços da instituição.
“Temos atendimento na sala da Liga, dentro do Hospital Bruno Born (HBB). Ali são atendimentos mais pontuais, que se desdobram para dentro da Liga. Por ali, temos uma média de 80 atendimentos mensais”, conta. Patrícia lembra também do serviço da Casa Rosa, sede da instituição, que recebe um grupo pessoas que participam todas as semanas das atividades.
“Nosso forte é o grupo dentro do serviço de convivência e fortalecimento de vínculos. Temos um momento de troca, de integração. São pessoas de diferentes situações, juntas, na mesma atividade”, reforça Patrícia. O atendimento se estende também aos familiares.
Doações
O espaço que a Liga tem no HBB é cedido pela casa de saúde. Além do apoio do governo de Lajeado, a instituição também se mantém com o projeto Troco Solidário, com doações por Pix, bazar mensal e venda de sombrinhas e camisetas. Recentemente, o grupo também foi incluído no programa Nota Fiscal Gaúcha.
Trabalho de prevenção
Vice-presidente da Liga, Marion Hoppe destaca o trabalho de prevenção que também é feito pela instituição. Com o convite de empresas, os voluntários visitam as corporações para falar sobre os cuidados de saúde e hábitos que podem salvar vidas. Ao fim de cada palestra, é sempre apresentada a história de alguém que passa ou já passou por um câncer.
“Sempre dizemos, cuide de quem você ama. É importante esse momento porque mostra na prática como é a doença”.
Marlisa Lenz, 63, é uma das pacientes que conta sua história nos encontros. Ela passou pelo câncer de mama há cerca de 10 anos e diz que o apoio da família foi essencial. “A gente chega em casa e está pra baixo. Eles nos incentivam. Meu marido me ajudou muito, meu filho também”, conta Marlisa.
Homens voluntários
Apesar de se chamar Liga Feminina de Combate ao Câncer no início, a entidade também atende homens e conta com voluntários como Nilo Cortez, 75, engenheiro agrônomo aposentado e presidente do Conselho da Liga. Ele conta ter começado a participar do grupo há cerca de oito anos.
“Em um momento me convidaram, vim meio ‘desconfiado’ no início, porque não tinha muitos homens. Mas foi indo, virou prazer. Aqui me sinto em casa, aqui trabalha, se faz, se diverte. Passou a fazer parte dos meus dias”, destaca.
Além de ajudar na montagem dos kits de bolachinhas distribuídos no HBB, ele também auxilia no artesanato e confecciona, em especial, peças de madeira, como casinhas, casas de passarinho, entre outros objetos.
Ajudar e ser ajudada
Moradora do bairro Jardim do Cedro, em Lajeado, Maida Arlete Ullrich, 48, entrou na Liga depois de receber ajuda das voluntárias, e decidiu retribuir o apoio que recebeu na instituição.
Ela conta que ao receber o diagnóstico de câncer de mama em março de 2017, ela e a família ficaram abalados, sem saber o que fazer. Foi em conversa com um amigo, também voluntário da Liga, que ela conheceu a sala de oncologia da instituição.
“Nesse dia, conheci voluntárias que haviam passado por todo o processo do câncer, e elas me ajudaram a entender um pouco de tudo que teria que enfrentar”, lembra. E, depois da cirurgia e de cada quimioterapia, as voluntárias estavam lá para confortar. “Ali nasceu a vontade de fazer parte desse grupo maravilhoso, não só como paciente, mas como voluntária”.
Algum tempo depois, em 2019, Maida teve complicações no útero e, mais uma vez, a Liga ajudou e pagou, inclusive, os exames, que eram de urgência. Como paciente, ainda lembra de ter participado do projeto “Levando Amor”, em parceria com a Univates.
“Em função dessa história linda de amor com a Liga e a gratidão que sinto, passei a ser voluntária para que mais pessoas que estão nessa luta tão árdua que é o câncer possam ser auxiliadas”.
Sobre a Liga
- Liga Feminina de Combate ao Câncer de Lajeado foi fundada em 17 de novembro de 2005, com o objetivo de atender de forma gratuita pessoas com diagnóstico de câncer, em situação de vulnerabilidade social.
- Apesar de ser conhecida como Liga Feminina de Combate ao Câncer, a entidade atende homens e mulheres de todas as faixas etárias.
- Entre os objetivos, também estão serviços de assistência social e ações para a promoção da saúde e prevenção do câncer.
- Em dezembro de 2005, a Liga já contava com 30 integrantes ativos. A presidente Maria Antonieta Lenz fez um apelo à comunidade para que todos se juntassem à causa. Então, a iniciativa foi levada a Porto Alegre, onde foi aprovada pela Liga Feminina de Combate ao Câncer do Hospital Santa Rita.
- A entidade passou a receber recursos financeiros por meio da venda de chás, jantares, bazar e doações.
- Hoje, a Liga possui dois espaços físicos. Um deles é uma sala, cedida pelo Hospital Bruno Born (HBB), com cerca de 9 metros quadrados, no setor de oncologia do hospital. No espaço, são atendidas, em média, 60 pessoas ao mês.
- Outro espaço é uma casa chamada “Casa Rosa”, na Rua Alberto Torres, 393, no centro de Lajeado. Um imóvel de cerca de 52 metros quadrados, cedido pela Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil (IECLB), onde ocorrem os atendimentos particulares, grupos de Convivência e Fortalecimento de Vínculos e demais atividades da entidade.
Saiba mais sobre congelamento de óvulos
Em maio deste ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu em um relatório sobre infertilidade, que mostra que, em todo mundo, um em cada seis casais é infértil. A infertilidade atinge cerca de 18% da população e a idade materna é a principal causa.
Nesse contexto, vale salientar a importância da preservação da fertilidade através do congelamento social de óvulos, em que a mulher pode minimizar riscos de infertilidade. Sendo uma ferramenta importante capaz de permitir maior liberdade de posicionamento feminino a cerca do melhor momento para a maternidade. Que pode estar relacionado a planos pessoais, profissionais, ou por motivos como preservação da fertilidade por problemas oncológicos, cirurgias de doenças benignas como cistos em ovários ou endometriose, baixa reserva ovariana em pacientes com histórico familiar de menopausa precoce e, ainda, para planejamento de fertilizações in vitro futura.
O congelamento de óvulos consiste em um procedimento realizado em clínicas especializadas em reprodução humana, pela técnica denominada vitrificação. Em um primeiro momento, após uma avaliação minuciosa por um especialista, se inicia a estimulação ovariana, com administração de hormônios e monitoramento através de exames de ultrassonografia do crescimento dos folículos ovários, para posteriormente agendar a captação desses óvulos. Após, o embriologista fará o preparo dos óvulos para o congelamento, em nitrogênio líquido a – 196 ºC, aonde ficarão armazenados pelo tempo necessário até que a mulher deseja engravidar.
A Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRA) preconiza a idade limite para congelamento de óvulos de 35 anos de idade. Mas se houver óvulos em quantidade e qualidade necessárias para o congelamento, ele pode ser feito em qualquer idade. Porém, quanto mais jovem for a mulher, maiores as chances de uma gravidez no futuro.
Cada vez mais, os avanços da medicina reprodutiva dão à mulher e ao casal, maior autonomia para a maternidade em relação ao chamado relógio biológico. Em que se busca desmistificar o tema do congelamento social de óvulos que ainda é um tabu na sociedade atual.