O LEVIATÃ

Opinião

Carlos Schäffer

Carlos Schäffer

Advogado

O LEVIATÃ

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Eu adoro livros, sou fanático por literatura. Meus pais me influenciaram desde criança a ler, qualquer coisa. Me diziam que conhecimento é liberdade e poder, e estavam certos. Penso que se os cidadãos lessem mais, de forma especial os jovens – ao invés de ficar apertando botõezinhos no celular – o mundo talvez pudesse estar diferente. Se lessem mais, saberiam quem foram as pessoas que, com suas ideias, o transformaram nisso que hoje nele vivenciamos.Thomas Hobbes (5.4.1588-4.12.1679), por exemplo, foi um filósofo e político inglês que escreveu dois livros importantes, que influenciaram a humanidade no decorrer do tempo: O Leviatã e Do Cidadão. O nome do livro Leviatã, de que hoje trato, lembra um monstro marinho de enorme tamanho e força, mencionado no antigo testamento, cuja existência serviria para proteger as criaturas marinhas pequenas e frágeis. A ideia de Hobbes é a de que o Estado deveria ser igual a esse monstro, forte e enorme, para assim proteger os seres humanos frágeis e indefesos da maldade humana. E esse Estado deveria também ser administrado por uma monarquia. O rei decidiria tudo. Se fosse só essa a sua intenção, nós até já estaríamos acostumados, porque conhecemos os defeitos, a ineficiência e os efeitos desse Estado burocrático e dominador.

No entanto, a coisa piora. Segundo Hobbes, o bem e o mal não existem. Para ele não existe o certo e o errado, nem o justo e o injusto. Na natureza, somos seres sem consciência, completamente livres, regidos apenas pelos nossos desejos sem limitação alguma. Segundo as ideias dele, os direitos humanos são apenas equivalentes aos desejos humanos, vale dizer, temos direito a tudo o que queremos, não importando quão sórdidos sejam tais desejos. Parece que já atingimos esse ponto. Não há mais pecado no mundo. Não há mais culpa alguma a nos reprimir.

A sociedade imaginada por Hobbes é uma sociedade em que cada pessoa pode se considerar a única e a mais importante, sem nenhuma responsabilidade para com seu próximo, para com ninguém, a não ser ela própria, que pode satisfazer seus desejos com total e absoluta liberdade, num completo e absoluto relativismo moral.

E esse completo relativismo moral, na teoria de Hobbes, pode ser resumido na frase: “Ninguém tem o direito de me dizer o que fazer”, como refere Benjamin Wiker. Obviamente, não dá para resumir todo o pensamento de Hobbes nestas poucas linhas. Então leiam pelo menos esses dois livros citados, e procurem saber sobre o que eles tratam. Vai valer a pena. Vocês vão ficar sabendo porque chegamos ao ponto a que chegamos.

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