Cheia do Taquari repete prejuízos às empresas

NOVO RECOMEÇO

Cheia do Taquari repete prejuízos às empresas

Indústrias voltam a suspender operações e associações comerciais alertam para efeito posterior na empregabilidade

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Cheia do Taquari repete prejuízos às empresas
Lajeadense Vidros havia retomado 70% das operações e voltou a ficar inundada (Foto: Filipe Faleiro)
Vale do Taquari

A água baixou e deixou mais uma vez evidente os estragos nas empresas. Passados 75 dias da catástrofe de setembro, o rio subiu em nível histórico. “Conseguimos manter todos os nossos funcionários. Agora chegamos em um período crítico. Ou conseguimos apoio dos governos, ou não vamos conseguir manter”, diz um dos sócios da Fontana S.A, Ângelo Fontana.

A empresa de Encantado ficou quase dois meses sem conseguir produzir. Poucas linhas foram recolocadas na operação. O plano era retomar 100% nesta semana. No entanto, uma coluna de água com cerca de 1,8 metro voltou a paralisar as atividades.

“Hoje estaríamos com 100% de uma unidade funcionando e a outra com 60%. Agora, voltamos para a estaca zero”, lamenta um dos diretores, Maurício Fontana. Ele acredita que essa cheia não superou o prejuízo de setembro, quando o estrago chegou a somar R$ 52 milhões.

Fontana S.A suspende produção após novos danos causados pela inundação da fábrica (Foto: Divulgação)

Agora, o foco dos empresários está na limpeza e reestruturação, que fazem com a ajuda dos funcionários. Ainda não é possível prever quando as atividades serão retomadas. “Na última vez, levamos 26 dias só para limpeza e depois começamos a fase de avaliação dos prejuízos.”

O presidente da Federasul, Rodrigo Sousa Costa, tinha uma palestra na Câmara da Indústria, Comércio e Serviços de Estrela (Cacis). A programação foi cancelada. No entanto, ele manteve uma agenda de reuniões com empresários e integrantes de associações comerciais.

A ideia é formar um novo documento com os diagnósticos das perdas deste episódio extremo e ser levado às autoridades como forma de cobrança para agilidade de políticas públicas, como suspensão dos contratos de trabalho por até 5 meses, além de linhas de crédito mais atrativas para ajudar na recuperação econômica.

Unidade do Desco de Encantado volta a ser atingido pela cheia do Rio Taquari (Foto: Diogo Fedrizzi)

Mudança em curso

Outra empresa prejudicada de novo foi a Lajeadense Vidros. Um dos proprietários, Régis Lopes Arenhart. Localizada na Rua Bento Rosa, em Lajeado, a indústria tinha retomado cerca de 70% das operações depois de setembro. Naquele momento, havia uma estimativa de R$ 22 milhões em prejuízos.

“Agora não temos nem noção. Não paramos para calcular ainda. Sabíamos que ia vir uma nova enchente, então conseguimos tirar alguns equipamentos menores. Deixamos todos os pedidos de vidros atados. Isso reduziu as perdas dos pedidos prontos”, relata Arenhart.

A empresa se prepara para mudar. Em um primeiro momento, a direção procura um pavilhão temporário, enquanto define um novo terreno para construção da futura sede.

De novo, houve perdas de maquinários, mobiliário, documentos e insumos. A coluna d’água ficou acima de 1,5 metro na unidade fabril. A Lajeadense Vidros emprega cerca de 115 pessoas.

“Analisar o estrago”

Interrupção do serviço de energia gera perdas na unidade produtiva da Dália

As unidades da Dália Alimentos de laticínios e suínos foram atingidas pela enchente de novo. Apenas o frigorífico de aves, em Arroio do Meio, não teve entrada de água. “Dessa vez conseguimos erguer mais coisas. É hora de analisar o estrago. Agora precisamos limpar e secar tudo. Para fazer isso, precisamos que a energia elétrica seja restabelecida”, conta o presidente do Conselho Administrativo da Dália, Gilberto Piccinini.

Os trabalhos nos frigoríficos estão paralisados e sem data para retornar. No setor de laticínios, para não perder matéria-prima, geradores mantêm a refrigeração. “Os produtores estão colocando leite no ralo desde sábado de manhã. Na medida de possível, repassamos para outras empresas”, destaca Piccinini.

Presidente da Dália cobra resposta da RGE. “Quem presta o serviço não pode se dar ao luxo de dar respostas de forma automática. Precisamos conversar com pessoas e ter previsões reais”, enfatiza. Conforme o gestor, Dália paga cerca de R$ 1 milhão em luz por mês só na indústria de laticínios.

Minuano suspende produção em Arroio do Meio

Ainda não há previsão do retorno das atividades da Minuano em Arroio do Meio (Foto: Gabriel Santos)

Em comunicado oficial, a Companhia Minuano Alimentos informou que o evento catastrófico do dia 18 de novembro comprometeu tanto a produção quanto a distribuição. Esta não é a primeira vez que a empresa enfrenta adversidades climáticas. Em 4 e 5 de setembro, a Minuano retomou as operações de forma gradual em outubro. No entanto, não há previsão para o retorno das atividades após a recente inundação. Em Lajeado, nesta segunda-feira, os abates também foram suspensos, resultando na dispensa dos funcionários. A previsão é de retomada das atividades no abatedouro hoje, 21.

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