E as abelhas não voltaram

Opinião

Ardêmio Heineck

Ardêmio Heineck

Empresário e consultor

Assuntos e temas do cotidiano

E as abelhas não voltaram

Por

Lajeado

Nos fundos de casa existe uma árvore que domina o ambiente por seu viço e sua altura. Em setembro enche de flores, de um amarelo claro discreto, com perfume agreste e marcante. Tão gostoso de se sentir que, em muitas manhãs, bem cedinho, me sinto inebriado com aquele ar impregnado com seu cheiro. Um fato marcante por inúmeras vezes me levou a parar embaixo dela e sorver, ali, diversas cuias do chimarrão da manhã: o zumbido intenso de milhares de abelhas se refestelando com o néctar daquelas flores.

Pois daí minha preocupação crescente com um fato que observei ano passado, repetido neste ano: as abelhas não voltaram!
E esta árvore em flor, silente sem as abelhas, nos dá um alerta ecoante quanto às nossas agressões à natureza, já que a abelha talvez seja dos maiores termômetros de como a estamos tratando. Serzinho sensível, por depender do seu labor a sobrevivência de toda a colmeia, se espalha em vastas áreas e se alimenta das flores de plantas das mais diversas, cada vez mais cobertas por inseticidas de fórmulas e manejos com controles de uso não efetivos. Além disto, as sucessivas estiagens dos últimos verões, ressecando a natureza e os plantios, também foram denunciadas pela mortandade desmesurada de abelhas.

Associando o sinalizado por este termômetro diminuto da natureza, à inundação de setembro, precisamos fazer nosso mea-culpa e construir planos para a reparação dos males causados e de como procedermos daqui pra diante.

Não sou adepto de previsões catastróficas e apocalípticas quanto aos fenômenos naturais adversos que nos assolam de maneira cíclica. Creio em ações que remediem o que de errado fizemos, reparem danos causados pelas forças naturais e que ajudem a minimizá-los futuramente.

De imediato, por exemplo, planos de contingenciamento na ocorrência de novas catástrofes climatológicas, coleta seletiva do lixo, esgoto sanitário, conscientização já a partir dos bancos escolares. Paralelamente, sistemas de coleta e retenção da água da chuva, associada a políticas públicas que dêem fácil acesso a mecanismos de irrigação, nos períodos de estiagem.

Já no longo prazo, relocalização dos moradores ribeirinhos, revisão dos Planos Diretores, inclusive quanto ao aterro de áreas alagáveis e a dragagem do leito do Rio Taquari para que, em caso de cheia, a correnteza mais forte volte a fluir por sua calha. São tantas as ações possíveis e necessárias que aqui não cabem.

Mas dia 14/11 próximo, o início da jornada a ser trilhada: iniciativa do Grupo A Hora, a partir das 8h, no prédio 7 da Univates, um Seminário que, apoiado em especialistas e nas opiniões dos presentes, dará o ponta pé inicial no muito que há por fazer. Imprescindível estarmos lá.

Acompanhe
nossas
redes sociais