SER ATLETA É DIFERENTE DE SER JOGADOR DE FUTEBOL

Opinião

João Lucas Feldens Catto

João Lucas Feldens Catto

Advogado desportivo

SER ATLETA É DIFERENTE DE SER JOGADOR DE FUTEBOL

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Atualizado quinta-feira,
09 de Novembro de 2023 às 08:32

O mundo do futebol é repleto de histórias inspiradoras de jovens que emergem do anonimato para se tornarem estrelas do esporte. Esse sucesso meteórico pode ser reflexo da soma da maturação precoce e do talento nato. No entanto, o sucesso precoce traz desafios significativos na vida adulta dos atletas.

Eu não sou fisiologista, mas a maturação precoce no futebol é um fenômeno inegável. Jovens com desenvolvimento físico rápido se destacam nas na base e enfrentam pressão para manter um desempenho excepcional. O exemplo de Endrick, vendido para o futebol espanhol aos 16 anos, ilustra como esses jovens pulam etapas importantes em suas vidas, mas também demonstra que o cuidado fora de campo é excepcional.

Na base até o seu surgimento no profissional, o desenvolvimento físico se sobrepõe, mas para que ascensão meteórica no profissional se torne uma realidade, o talento é fundamental.

Ainda que há discussão sobre amadurecimento físico precoce versus talento nato, eu creio que, na base até o profissional, o desenvolvimento físico se sobrepõe, mas para que ascensão meteórica para o profissional se torne uma realidade o talento é fundamental. A exemplo, duas das maiores jovens estrelas do país são Endrick e Vitor Roque já foram contratados por Real Madrid e Barcelona antes mesmo de completar a maioridade, mas que, por conta da legislação da FIFA, só poderão se transferir quando com 18 anos, apesar de sua maturação precoce.

Essa leva de talentos meteóricos, com certa consolidação nas suas equipes profissionais, demonstram que o Brasil pode voltar a colher bons frutos daqui pra frente. Isso porque esses jovens já cresceram com uma expectativa alta e parece que o trabalho psicológico com eles está sendo feito de forma brilhante. Recentemente, Endrick se tornou o 3º mais jovem a ser convocado para a seleção brasileira, superando ninguém menos que Ronaldo Fenômeno. Mas chama muito a atenção a sua preparação fora dos gramados, pois recentemente ele foi visto dando entrevistas em inglês e espanhol, falando, inclusive sobre a importância dessas línguas para o crescimento profissional.

E cá entre nós, o atleta tem um poder de influência enorme e que use essa influência para o bem dos jovens (dentro do esporte ou não).

É inegável que o futebol tem o poder de mudar vidas, mas a responsabilidade e as abdicações de ser um atleta profissional devem ser enfrentadas antes da maturidade emocional. O suporte psicológico é muitas vezes negligenciado, mas o exemplo de John Kennedy, autor do gol do título da inédita Libertadores para o Fluminense. Ele quase abandonou o futebol devido a problemas extra campo, mas teve a sorte de cruzar pelo seu caminho com o treinador que talvez mais saiba trabalhar a parte emocional do atleta atualmente, o resgatando para o foco na vida.

Portanto, isso mostra que o sucesso precoce se não tratado pode ser prejudicial, pois o mesmo futebol que traz oportunidades também, traz desafios. Que tenhamos cada vez mais atletas e menos jogadores de futebol.

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