Consequências da enchente

Opinião

Rodrigo Martini

Rodrigo Martini

Jornalista

Coluna aborda os bastidores da política regional e discussão de temas polêmicos

Consequências da enchente

“Há males que vêm para o bem”. Velho ditado que se verificou mais uma vez aqui em Lajeado. A cidade foi rudemente atingida pela enchente. Consequência: inúmeras famílias ficaram sem lar. E justamente as famílias mais abandonadas e miseráveis.

Lajeado logo se movimentou para socorrê-las. E fez muito bem. A administração, o povo e as classes conservadoras se deram as mãos e agiram. Nobre atestado dum povo que sabe aplicar com generosidade a tese de solidariedade humana.

Agora esta Comissão de Auxílio aos flagelados está estudando um modo de evitar futuras desgraças semelhantes. Está querendo concretizar um plano que já vinha sendo cogitado há anos: a construção de casas populares.

E a hora é muito propícia. Todos ainda estão sob a triste impressão da catástrofe da enchente. Todos estão dispostos a colaborar.

Espera-se assim, que Lajeado se avantage, solucionando de maneira real e concreta um dos mais graves problemas sociais, qual seja o de dar um lar honesto e humano aos pobres, e aos operários.

E isto é preciso. Porque não se concebe que uma criatura humana possa sentir-se “humano” vivendo em míseros casebres, sem higiene, sem conforto nenhum e sempre ameaçado por prejuízos como este da enchente.

Se se tornar realidade o plano da Comissão, os pobres de Lajeado poderão habitar em casas simples, sim, mas limpas, arejadas e construídas em um lugar seguro. Haverá também mais possibilidade de controle sobre estas famílias que terão a obrigação de zelar pela limpeza e conservação do que lhes foi dado. Haverá assim mais senso de responsabilidade, e a vida destas criaturas será mais humana, mais central e não “marginal”.

Casas para os pobres, casas simples – uma vila operária, se possível – a fim de que todos possam viver, e não vegetem simplesmente – eis o que seria preciso fazer, e o que esperamos seja feito aqui em Lajeado. Com isto, ter-se-á feito algo de concreto para a solução do problema social, do qual muito se fala, mas ao qual pouco se dá realmente.

Assim sendo, a enchente de Lajeado, sem dúvida uma grande desgraça, veio despertar a atenção do povo de Lajeado, e vai levá-lo para a realização de uma obra assistencial maravilhosa.”

O texto acima, entre aspas, é uma reprodução – na íntegra – do artigo publicado no extinto jornal A Voz do Alto Taquari, em 26 de abril de 1956, logo após o Rio Taquari atingir 28,86m em Lajeado. Era a segunda maior da história até a recente tragédia de setembro passado. Só perdia para a histórica enchente de 1941. E, assim como a catástrofe do mês passado, aquele evento destruiu parte de Roca Sales, Encantado, Arroio do Meio, Lajeado e Estrela, e deixou um rastro de horror e prejuízo. Sem mortos, é bem verdade.

Neste intervalo de 67 anos, não tenho dúvidas, evoluímos em muitos aspectos. Mas estagnamos – ou regredimos – em outros tantos.

Lajeado cogita uma Secretaria da Defesa Civil

O governo de Lajeado debate a criação de uma Secretaria Municipal de Defesa Civil, aos moldes de outras cidades de médio porte que também sofrem com as enchentes. O prefeito Marcelo Caumo (PP) já se manifestou contrário à criação da nova pasta durante o seu mandato. A proposta partiu do Coordenador de Trânsito, Vinícius Renner. Ele já foi Coordenador Regional da Defesa Civil no Vale do Taquari, e busca formas de profissionalizar e melhor estruturar a equipe lajeadense. Hoje, a Defesa Civil de Lajeado é um departamento dentro da Secretaria de Segurança Pública e Trânsito.

“Onde estão nossos secretários estaduais?”

A pergunta partiu do prefeito de Estrela, Elmar Schneider (MDB), durante o Frente e Verso de ontem. Ele se manifestava sobre a demora nos recursos e soluções práticas às cidades impactadas pela tragédia de setembro. O gestor também cobrou mais ações por parte de todos os agentes políticos do Vale do Taquari que possuem cargos no alto e no médio escalão do governo estadual.

Mais duplicações à nossa 386

Um consórcio que possui em sua formação a antiga construtora Odebrecht vai assumir a responsabilidade de duplicar e ampliar outro trecho da nossa BR-386. Desta vez, em direção a Fontoura Xavier, Soledade, Tio Hugo e Carazinho. Um trajeto não tão utilizado pelos moradores do Vale do Taquari, mas nem por isso perde em importância. A rodovia federal que interliga a região metropolitana com outras importantes regiões do Rio Grande do Sul é patrimônio nosso do início ao fim. De Iraí a Canoas, e de Canoas a Iraí. É o conjunto da obra que vai garantir o desenvolvimento.

TIRO CURTO

  • custo da pavimentação com asfalto do Aeródromo Regional de Estrela gira em torno de R$ 13,9 milhões. E além deste movimento, o projeto de ampliação da pista também já tramita em Brasília.
  • Em Estrela, os vereadores João Braun (PP) e Volnei Zancanaro (União Brasil) sugerem a abertura de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar a distribuição de R$ 350 mil arrecadados por meio do Pix da Defesa Civil.
  • Sobre o fato acima, o prefeito Elmar Schneider (MDB) não parece preocupado com a possível ação dos opositores. E a respeito da distribuição do recurso, ele criou uma comissão formada por representantes do Executivo e Legislativo, Rotary, Lions, Liga Feminina, União das Associações de Moradores de Estrela, Cacis, STR, das igrejas Luterana e Católica, e de pastores Evangélicos.
  • Já na região alta do Vale do Taquari, o vereador Diego Pretto (PP) solicita a presença de um representante da Associação Cultural de Encantado “para explicações sobre a questão do Pix relativo às transferências financeiras cuja destinação visava auxiliar os atingidos pela cheia”.
  • Também em Encantado, a bancada do PSDB indicou e o plenário aprovou a criação do Dia do Voluntário, a ser celebrado no 5 de setembro. Já o vereador Diego Pretto (PP) sugere a criação do Conselho Municipal de Defesa Civil para gerir um Fundo Municipal da Defesa Civil.
  • Prefeito de Teutônia, Celso Forneck (PDT) está mais confiante na manutenção da dobradinha com Aline Kohl (PL) em 2024. E há quem diga que isso pode custar alguns CC´s a mais ao gestor.

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