Os exemplos de Blumenau

Opinião

Rodrigo Martini

Rodrigo Martini

Jornalista

Coluna aborda os bastidores da política regional e discussão de temas polêmicos

Os exemplos de Blumenau

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A cidade catarinense de Blumenau, no Vale do Itajaí, sofreu em 2008 com uma das piores tragédias naturais da história do país. Outros municípios também sofreram naquele momento. Mas os blumenauenses foram os mais impactados com as enchentes e deslizamentos de terras. Foram dezenas de mortos, milhões em prejuízos financeiros e estruturais, e muitas feridas e traumas abertos e jamais cicatrizados naquela comunidade. Tudo muito semelhante à realidade vivenciada pelos moradores do Vale do Taquari, em especial de Muçum e Roca Sales. Pois bem. Por lá, além de parcerias com o Japão para estruturação de planos de evacuação, o governo municipal apostou na conscientização. Além de produzir cartilhas e filmes direcionados aos estudantes, para reforçar os riscos da falta de preocupação coletiva, o Executivo aderiu ao Movimento Julho Laranja. Ou seja, o poder público estipulou um mês inteiro para falar, todos os anos, sobre os mais variados riscos naturais, com a apresentação de palestras, realização de simulados diversos, e até mesmo a produção de exposições fotográficas sobre os desastres do passado. Tudo com viés pedagógico.

Além disso, o governo municipal dividiu a cidade em cinco Áreas de Defesa Civil – as chamadas ARDEC’s –, e estas em 60 abrigos de Defesa Civil, todos devidamente instalados em pontos que observam a cota de segurança daquele município, e não muito distantes das residências dos moradores atingidos – tal proximidade facilita a resposta positiva dos impactados no momento crucial da evacuação. Há, também, informações detalhadas sobre cada abrigo, como a acessibilidade (se há heliponto, por exemplo, e quais as coordenadas), a capacidade de ocupação e atendimento alimentar, e a segurança dos moradores. O Plano de Contingência também especifica o nome de todas as ruas, vielas, travessas ou avenidas atingidas pelas cheias, bem como a respectiva cota de inundação para cada local em específico. E tudo é coordenado pelo Centro de Operações de Defesa Civil, o CODEC, instalado no primeiro andar da prefeitura, e composto por representantes do Executivo, Brigada Militar, Corpo de Bombeiros, SAMU, e secretarias municipais de Desenvolvimento Social, Trânsito e Transporte, Saúde, e Conservação e Manutenção Urbana.

Paralelo a isso, também foi criado o Grupo de Ações Coordenadas (GRAC) que, além dos agentes e entidades já citadas, conta com a participação de outros entes e corporações. Como exemplos, a PRF; a PRE; a Delegacia Regional de Polícia Civil; Coordenação Regional de Educação; empresas de energia e telecomunicações; Clube de Radioamadores de Blumenau (CRB); União Brasileira de Rádios Operadores (UBRO); Centro de Operações do Sistema de Alerta (CEOPS) da Universidade Regional de Blumenau; CDL; Associação Comercial e Industrial; Jeep Clube e Moto Clube; Clubes de Serviços; Associações; Entidades Filantrópicas; Grupos de Escoteiros; Entidades Religiosas e Voluntários; e Equipes de Coordenação dos Abrigos. É um plano robusto para a cidade com 360 mil habitantes. E aí mora a grande provocação deste artigo. Blumenau, vejam só, possui praticamente o mesmo número de moradores do Vale do Taquari. Portanto, a nossa Defesa Civil Regional precisa dessa inspiração. E isso é compromisso e dever do governo estadual.

Exonerações em Estrela

Secretário de Saúde de Estrela, Celso Kaplan (PP) solicitou novamente a própria exoneração do cargo. O fato ocorreu após uma ríspida discussão com o prefeito, Elmar Schneider (MDB), a respeito da ausência de uma ambulância em um ginásio com famílias desabrigadas. O gestor ainda não se pronunciou. Quem também está de saída é a Secretária de Desenvolvimento e Sustentabilidade, Carine Schwingel (UB). Ela vai solicitar exoneração na semana que vem e, a partir de outubro, não fará mais parte da equipe de governo. Ela é cotada para concorrer a prefeita em 2024 , em uma possível dobradinha com o vereador Márcio Mallmann (PP).

Tiro curto

– O Ministério Público Federal (MPF) instaurou na semana passada um inquérito civil para verificar eventuais responsáveis – direta ou indiretamente – pela catástrofe que assolou o Vale do Taquari. E o governo de Lajeado já encaminhou um dossiê com ações realizadas nos últimos anos.
– Vereador em Encantado, Joel Bottoni (PSDB) está de atestado médico até o próximo dia 26, em função do tratamento de saúde. Ele luta contra um câncer. Quem assume o lugar é a primeira suplente, Jaqueline Taborda (PSDB).
– O governo de Estrela anunciou um “pacotaço” de medidas para resgatar a estima dos estrelenses. São pouco mais de R$ 17 milhões a serem aplicados direta ou indiretamente – e também por meio de empréstimos – na recuperação econômica, social e estrutural da cidade. Um auxílio efetivo e com uma importante roupagem simbólica. Serve de inspiração.
– O clima político ferve em alguns ambientes do Acampamento Farroupilha de Teutônia, e o tema deve repercutir na sessão da câmara. Mas, de acordo com os supostos envolvidos, as brigas, discussões, Boletins de Ocorrência e troca de tapas são meros boatos.
– Menos mal que o clima entre os gaúchos e gaúchas de todas as querências é bem mais amistoso no belíssimo ambiente montado em Teutônia. Afinal, a tradição do Rio Grande do Sul não é de baderna e intriga política. Pelo contrário. Somos um estado acolhedor e rico em cultura e boa gastronomia.
– Eder Boaro não trabalha mais na prefeitura de Encantado. Ele atuava como Gestor de Desenvolvimento Econômico. Além de atuar em empresa de treinamento pessoal e profissional, ele deve se dedicar à política com olhos para futuros candidatos ao pleito de 2024.
– Aliás, é mais um agente que deixa o governo de Jonas Calvi (PSDB). A menos de dois meses, Gustavo Radaelli, que liderava o setor de Inovação do Executivo, também deixou a função. Já o Secretário de Turismo, Charles Rossner, que chegou a anunciar o pedido de exoneração durante a Expointer, vai ficar um tempo mais junto ao gestor.

Mais desafios à logística

A Empresa Pública de Logística Estrela (E-Log) tem um desafio e tanto pela frente. Além de reestruturar a própria sede – o espaço junto ao complexo portuário foi inundado, e a direção passa a trabalhar de forma provisória no prédio da escola La Salle –, é preciso calcular os danos registrados no porto fluvial, no aeródromo regional (foto), e também nos trilhos da Ferrovia do Trigo, no trecho ocioso entre Estrela e Colinas. O prejuízo supera a cifra de R$ 2 milhões. E diante da importância dos modais viários para todo o Vale do Taquari, a reforma dessas estruturas vai precisar do apoio das demais entidades e associações regionais. Amvat, Amat, CIC/VT, Codevat, Cacis e Amturvales precisam dar suporte para a E-Log redescobrir caminhos e buscar recursos. Sobre o aeródromo, por exemplo, que está interditado pela Anac até o dia 30, a Presidente da E-Log, Elaine Strehl, vai seguir na luta pela ampliação da pista. “O processo de ampliação já tramita, e vamos continuar. A pavimentação será na sequência. Não vamos desistir. O aeródromo é importante à região, e neste momento é preciso pensar no desenvolvimento de uma forma ainda mais intensa”, ressalta.

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