Debate auxilia vereadores de Lajeado na tomada de decisão sobre projeto

GUARDA MUNICIPAL

Debate auxilia vereadores de Lajeado na tomada de decisão sobre projeto

Criação de órgão de segurança pública motivou programa especial da Rádio A Hora direto do Legislativo. Dúvidas sobre custeio da corporação e benefícios à cidade permeiam discussão, que deve se estender para o plenário nas próximas semanas

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Atualizado sexta-feira,
25 de Agosto de 2023 às 21:57

Debate auxilia vereadores de Lajeado na tomada de decisão sobre projeto
Encontro promovido pelo A Hora reuniu agentes políticos, da segurança pública e da iniciativa privada (Foto: Felipe Neitzke)
Lajeado
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Apresentar diferentes pontos de vista sobre a proposta e subsidiar os vereadores com informações precisas na hora de decidir o voto. Esses foram os propósitos do debate promovido pelo Grupo A Hora na manhã dessa sexta-feira, 25, no plenário da câmara de vereadores, para discutir a criação da Guarda Civil Municipal, um dos principais projetos do município nos últimos anos.

Entre os argumentos favoráveis apresentados, está principalmente o da corporação se somar a outras forças de segurança da cidade no trabalho ostensivo. Por outro lado, os posicionamentos contrários se concentram sobretudo no campo das finanças públicas, com a preocupação em relação ao impacto aos cofres do município.

Nove pessoas, entre representantes do poder público, da iniciativa privada e dos órgãos de segurança, participaram do debate, ocorrido dentro do programa Frente e Verso, da Rádio A Hora 102,9. Os vereadores Carlos Ranzi, Deolí Gräff e Jones Vavá, bem como alguns assessores também prestigiaram a atração.

O projeto de lei que cria a Guarda Civil Municipal está em análise há pouco mais de um mês no Legislativo. Sem necessidade de votação em regime de urgência, a proposta pode permanecer por um período maior em discussão. A ideia, no entanto, é que a matéria seja votada em setembro.

Assista na íntegra

O secretário da Fazenda, Rafael Spengler, comenta que a criação de novas vagas resultará em um investimento anual de R$ 1,5 milhão aos cofres públicos. “Hoje, os custos do Executivo com os agentes de trânsito chega a R$ 2,5 milhões. Ou seja, se todos forem para a Guarda, o custo total do novo órgão ficará por volta de R$ 4 milhões anuais”, projeta.

Dúvidas

Reis aproveitou para entregar plano de segurança de Santa Cruz a Locatelli (Foto: Mateus Souza)

Entre os vereadores, muitas dúvidas. Mesmo na base aliada, o projeto enfrenta resistência e divide opiniões. A presidente da câmara, Paula Thomas (PSDB) reconhece que ainda tem dúvidas sobre o texto e, de certa forma, o debate promovido pelo A Hora auxilia no esclarecimento de alguns pontos da matéria.

Embora o projeto apresente estudo de impacto financeiro, os parlamentares pedem maior detalhamento das despesas totais que o município terá com ao remanejamento dos agentes de trânsito para a futura guarnição.
“O projeto deu entrada em julho e agora passa por um processo de discussão e avaliação nas comissões. É bastante complexo, pois contempla muitas questões. E há muitas dúvidas dos vereadores, sobre o que envolve de investimento, como será feita a seleção e a capacitação. São coisas pertinentes a serem discutidas”, afirma.
Divergências

Nos últimos dias, o governo de Lajeado levou a discussão para dentro das entidades do município. Uma delas é a Associação Comercial e Industrial de Lajeado (Acil), que promoveu reunião nesta semana para debater aspectos da proposta, sobretudo na questão financeira. A presidente da entidade, Graciela Black, admite não haver um posicionamento concreto até o momento.

“Tivemos reunião com o conselho dos ex-presidentes e alguns vices. Ainda não há, pela Acil, um consenso, se somos favoráveis ou contrários. Precisamos entrar num acordo, e as principais dúvidas que temos são no custo. Como será hoje? E daqui dez anos?”. Pessoalmente, Graciela diz ser positiva a criação da Guarda Municipal, mas que são necessárias respostas para todas as dúvidas. “Eu acho que é muito bom para a cidade, mas temos que olhar para a questão dos números”.

Já o empresário Ito Lanius, ex-presidente da Associação Lajeadense Pró-Segurança Pública (Alsepro) considera que houve avanços significativos em Lajeado. “Mas o tema segurança pública é muito complexo para o município assumir. Estamos falando em municipalizar parte da segurança. O quanto significa isso? Quem vai continuar pensando a segurança? Lajeado ou o Estado?”, pondera.

Lanius avalia como positivo o movimento do município e também a iniciativa de promover debates com entidades, com o objetivo também de facilitar a decisão dos vereadores. “Nós estamos aqui para subsidiá-los. Participo para enriquecer o debate. Não tenho que dizer se sou a favor ou contra. Como empreendedor, sempre olho para as contas”.

Equilíbrio

O promotor de Justiça de Lajeado, Sérgio Diefenbach entende ser necessário um equilíbrio para que a Guarda Civil tenha uma atuação efetiva, dentro de suas atribuições. “Precisamos construir um ecossistema de segurança e cuidado. Ter 100% da área coberta de Lajeado por agentes de saúde e Cras potentes nos bairros mais carentes. Isso é o equilíbrio. Do contrário, vamos estressar esses agentes, que irão se responsabilizar por problemas que não estão ao alcance deles”, salienta.

Diefenbach comenta que teve contato com a Guarda Civil do município de Laranjal Paulista, interior de São Paulo, e ficou surpreso com a capacidade dos profissionais em se atualizarem. “Achei muito interessante quando fiz o curso nos Estados Unidos sobre Justiça e paramos no mesmo alojamento que dois guardas. Eles estavam estudando com promotores e juízes sobre isso”.

Exemplo vizinho

Município polo do Vale do Rio Pardo, Santa Cruz do Sul conta, desde 1996, com uma Guarda Civil Armada. À época, a cidade estava com pouco mais de 100 mil habitantes – hoje passa de 130 mil. O trabalho da instituição, sobretudo pela formação de novos agentes, possui reconhecimento a nível estadual, conforme o secretário de Segurança e Mobilidade Urbana, Valmir José dos Reis.

Com trajetória de 35 anos na Brigada Militar, sendo oito deles à frente do Comando Regional de Polícia Ostensiva do Vale do Rio Pardo (CRPO/VRP) apresentou detalhes do trabalho desenvolvido na cidade. Hoje, são cerca de 70 profissionais na ativa.

Reis acredita que Lajeado está no caminho certo ao propor a criação de sua Guarda Municipal. “A criança não vai para a escola, o médico não vai para o hospital, o vereador não vai para a câmara se não for num estado de tranquilidade pública. O município não pode fechar os olhos para a área da segurança. Então, vereadores, façam essa reflexão”, provoca.

 

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