Há nove meses a Associação de Menores de Arroio do Meio (Amam) mantém fechado o serviço de acolhimento. Sem recursos e sem a entrada de novas crianças, o abrigo que costumava atender jovens em situação de risco social afastados do convívio familiar permanece fechado desde dezembro de 2022. As crianças da cidade são atendidas agora em Encantado, Taquari e Venâncio Aires.
As informações foram confirmadas pelo ex-presidente da instituição, Israel de Borba e pela atual gestora Juliana Duarte. Ambos foram convocados a prestar esclarecimentos na Câmara de Vereadores, na última segunda-feira, 21. A convocação foi um pedido do vereador Pedro da Silva (MDB), que expressou sua preocupação nas últimas sessões sobre o futuro da estrutura física, construída em 2007 com recursos dos seis municípios da comarca de Arroio do Meio.
A reunião foi acompanhada também pela presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (Comdica), Mônica Horn, e pelo secretário da Saúde e Assistência Social, Gustavo Kasper. Foi dele a informação de que o governo estuda a possibilidade de aproveitamento do espaço para uso social, considerando sua localização no bairro Navegantes e as áreas disponíveis.
Uma das alternativas discutidas foi a transformação do espaço em um centro de atendimento à terceira idade, aproveitando as estruturas e áreas verdes existentes.
Juliane Duarte explicou que o abrigo deixou de receber crianças em dezembro de 2022, atendendo a uma recomendação do Ministério Público. Cinco adolescentes de Arroio do Meio estão atualmente sendo atendidos em abrigos de cidades vizinhas. A falta de novos residentes trouxe dificuldades financeiras para a manutenção do abrigo, levando à decisão de fechamento. No entanto, a Amam continua a atender 85 crianças em situação de contraturno escolar em parceria com a Secretaria de Educação, pelo Mais Educação.
Desafios financeiros e jurídicos
O ex-presidente Israel de Borba, que liderou a Amam por dois anos, deixando o cargo em dezembro de 2022, expôs a longa luta da entidade contra dificuldades financeiras. Ele ressaltou que a orientação do Ministério Público para não receber mais crianças tornou mais difícil manter a estrutura.
Durante a sua gestão, a entidade teve que dispensar sete profissionais em diferentes áreas, incluindo assistência social, limpeza, monitoramento e psicologia. Borba também apontou os problemas enfrentados em relação a pendências financeiras e questões judiciais, que envolvem a penhora do prédio.