De pessoas para pessoas:  menos tarefas mecânicas e mais habilidades criativas!

Opinião

Cíntia Agostini

Cíntia Agostini

Vice-presidente do Codevat

Assuntos e temas do cotidiano

De pessoas para pessoas: menos tarefas mecânicas e mais habilidades criativas!

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Todos falamos em inovação, falamos de tecnologia e a maioria de nós já está inserida e utilizando várias ferramentas tecnológicas diariamente. Estamos tratando de inteligência artificial, de impressão 3D, computadores quânticos, metaverso, telas dobráveis e roláveis, sistemas autônomos, robôs humanoides, realidade virtual, realidade aumentada, entre tantas outras tecnologias que existem na atualidade e que são usadas por nós. Algumas ainda menos acessíveis e mais caras, outras, já absorvidas por quase a totalidade da sociedade. No entanto, essa mesma perspectiva que nos encanta, com acesso rápido e fácil às várias tecnologias, também nos preocupa à medida que percebemos que muitas das profissões irão se alterar, em função de todas as inovações e mudanças tecnológicas. Não estamos falando em acabar com profissões e sim, alterar profissões.

Claramente aquelas tarefas repetitivas e puramente operacionais, tendem a ser modificadas e algumas extintas. As inovações tecnológicas farão esses tipos de tarefas. No entanto, tarefas que envolvam cuidado, atividades relacionais, atividades coletivas, essas são habilidades humanas, ou seja, pessoas cuidando de pessoas, pessoas atendendo pessoas, pessoas interagindo com pessoas. Essas não podem, ao menos na perspetiva atual, serem substituídas por tecnologias. E é nessas condições que os desafios educacionais se colocam. Praticamente 48% da população gaúcha acima de 25 anos, possui até o ensino fundamental completo. A taxa de abandono dos nossos jovens, no ensino médio, é de 11% aproximadamente e, neste momento, vivemos um momento absolutamente delicado, de questionamento dos processos de ensino e aprendizagem.

A contradição exposta é de que as tecnologias podem substituir atividades repetitivas e operacionais e boa parte da sociedade não está qualificada e não está se qualificando, para estar inserida no mercado de trabalho, em atividades que denotam habilidades relacionais, coletivas, do cuidado ou daquelas que irão desenvolver e operar as tecnologias que serão utilizadas. Esse não é um desafio para as escolas, universidades ou do setor público, é sim, de todos nós, à medida que cada um percebe que sua relação com o mercado de trabalho, com a geração de emprego e renda se altera. Os negócios já são e serão desafiados a tornarem-se mais competitivos, otimizar recursos, incluir tecnologias em tarefas operacionais e contribuir com a qualificação comportamental das suas equipes.

O setor público terá cada vez mais responsabilidade em construir políticas públicas para estimular os processos de ensino e aprendizagem. Escolas e universidades necessitarão se renovar, para contribuir com a formação cidadã e profissional das crianças e jovens. Por fim, a clareza que as tecnologias são meio e não fim por si mesmas, que teremos que nos guiar para a formação e qualificação que observem menos tarefas mecânicas e mais aquelas que determinam habilidades relacionais, coletivas e que envolvam o pensamento criativo. Vivemos em um momento de transição, não existem respostas simples para problemas complexos, mas o enfrentamento deste é que determinará a sociedade que teremos.

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