Atraso em repasses compromete auxílio  às famílias impactadas pela estiagem

ECONOMIA

Atraso em repasses compromete auxílio  às famílias impactadas pela estiagem

Municípios esperam recursos do Estado e da União para cestas básicas e distribuição de água. Dos 35 decretos de emergência emitidos na região, 28 foram reconhecidos pelo governo federal

Atraso em repasses compromete auxílio  às famílias impactadas pela estiagem
Municípios da região alta retomam o abastecimento por caminhões pipa. Crédito: Arquivo
Vale do Taquari

O pior momento da estiagem, entre novembro e janeiro, comprometeu o abastecimento de água para mais de 700 famílias na região. Como reflexo da falta de chuva, há impactos também na produção agropecuária. As perdas superam R$ 500 milhões, conforme apurado pela Emater/RS-Ascar.

Para mitigar os efeitos da seca, o governo federal anunciou pacote com recursos emergenciais. O valor previsto ao estado é de R$ 430 milhões com prioridade para compra de cestas básicas e apoio na distribuição de água potável.

Desde a divulgação, líderes regionais alertam que os recursos são insuficientes para atender a demanda. Outro problema está no atraso dos repasses. De acordo com o coordenador da Defesa Civil de Boqueirão do Leão, Leandro Petterson, a previsão era que R$ 162,8 mil fossem depositados na conta do município ainda em fevereiro.

Até agora, esse repasse não ocorreu e inviabilizou a compra de kits de alimentação e aporte na entrega de água. “Diante da incerteza sobre a liberação dos valores optamos em não contratar os serviços”, observa Petterson. A distribuição de água é mantida com uso de caminhões do governo.

A liberação de recursos humanitários está prevista para as cidades com decretos reconhecidos pela União. Dos 35 municípios da região com protocolos na Defesa Civil, 28 obtiveram o registro no governo federal, quatro passaram pela análise do Estado e outros três ainda estão em avaliação.

A demora no socorro aos produtores também ocorre em relação à construção de açudes. Ainda como medida anunciada na estiagem de 2021/22, das quase 300 escavações previstas, menos de 10% foram concluídas. Entre as justificativas estão o período eleitoral do ano passado que teria inviabilizado o processo de licitação.

Alimentos e água

Outro município que aguarda recursos é Taquari. De acordo com o prefeito André Brito foi publicado no Diário Oficial da União o repasse superior a R$ 50 mil para distribuição de alimentos e apoio na entrega de água.

“O recurso ainda não chegou e a situação é preocupante. A falta de chuva ainda compromete o abastecimento de água para pelo menos 50 famílias da área rural”, reitera Brito. Como ação paliativa, o município faz a entrega de água com caminhão-pipa.

Outras iniciativas implementadas são a perfuração de poço artesiano e ampliação de rede em parceria com a Corsan. “Entendemos que até agora os valores anunciados não resolvem o problema da região em relação a água. Precisamos de projetos mais consistentes e aportes maiores. Além disso, é necessário uma conscientização de todos sobre a preservação ambiental”, pondera o prefeito.

Perdas nas lavouras

Ainda que no mês passado o volume de chuva tenha superado 150 milímetros, em março voltou a ter precipitações irregulares e abaixo da média. De acordo com o gerente regional adjunto da Emater-RS/Ascar, Carlos Lagemann, o impacto nas lavouras neste momento é menor, porém já há uma perda consolidada de pelo menos 30% na produção de grãos.

“Está em elaboração um novo levantamento da quebra de safra. Esperamos que nos próximos dias tenhamos mais pancadas de chuva para manter a umidade no solo e evitar perdas ainda maiores no campo”, observa Lagemann.

Ainda segundo Lagemann, neste ano as maiores dificuldades estão em cidades da região alta do Vale. “Anta Gorda e Putinga são os municípios com maior demanda pelo seguro agrícola. São três safras consecutivas de seca e a reposição da água não aconteceu da forma devida.”

Além disso, a construção e abertura de açudes anunciadas pelo governo estadual atrasou. “O ano eleitoral trouxe alguns entraves no processo burocrático e agora que os municípios estão conseguindo desenvolver os projetos”, pontua Lagemann.

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