Atraso em repasses compromete auxílio  às famílias impactadas pela estiagem

ECONOMIA

Atraso em repasses compromete auxílio  às famílias impactadas pela estiagem

Municípios esperam recursos do Estado e da União para cestas básicas e distribuição de água. Dos 35 decretos de emergência emitidos na região, 28 foram reconhecidos pelo governo federal

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Atualizado sábado,
25 de Março de 2023 às 17:36

Atraso em repasses compromete auxílio  às famílias impactadas pela estiagem
Municípios da região alta retomam o abastecimento por caminhões pipa. Crédito: Arquivo
Vale do Taquari
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

O pior momento da estiagem, entre novembro e janeiro, comprometeu o abastecimento de água para mais de 700 famílias na região. Como reflexo da falta de chuva, há impactos também na produção agropecuária. As perdas superam R$ 500 milhões, conforme apurado pela Emater/RS-Ascar.

Para mitigar os efeitos da seca, o governo federal anunciou pacote com recursos emergenciais. O valor previsto ao estado é de R$ 430 milhões com prioridade para compra de cestas básicas e apoio na distribuição de água potável.

Desde a divulgação, líderes regionais alertam que os recursos são insuficientes para atender a demanda. Outro problema está no atraso dos repasses. De acordo com o coordenador da Defesa Civil de Boqueirão do Leão, Leandro Petterson, a previsão era que R$ 162,8 mil fossem depositados na conta do município ainda em fevereiro.

Até agora, esse repasse não ocorreu e inviabilizou a compra de kits de alimentação e aporte na entrega de água. “Diante da incerteza sobre a liberação dos valores optamos em não contratar os serviços”, observa Petterson. A distribuição de água é mantida com uso de caminhões do governo.

A liberação de recursos humanitários está prevista para as cidades com decretos reconhecidos pela União. Dos 35 municípios da região com protocolos na Defesa Civil, 28 obtiveram o registro no governo federal, quatro passaram pela análise do Estado e outros três ainda estão em avaliação.

A demora no socorro aos produtores também ocorre em relação à construção de açudes. Ainda como medida anunciada na estiagem de 2021/22, das quase 300 escavações previstas, menos de 10% foram concluídas. Entre as justificativas estão o período eleitoral do ano passado que teria inviabilizado o processo de licitação.

Alimentos e água

Outro município que aguarda recursos é Taquari. De acordo com o prefeito André Brito foi publicado no Diário Oficial da União o repasse superior a R$ 50 mil para distribuição de alimentos e apoio na entrega de água.

“O recurso ainda não chegou e a situação é preocupante. A falta de chuva ainda compromete o abastecimento de água para pelo menos 50 famílias da área rural”, reitera Brito. Como ação paliativa, o município faz a entrega de água com caminhão-pipa.

Outras iniciativas implementadas são a perfuração de poço artesiano e ampliação de rede em parceria com a Corsan. “Entendemos que até agora os valores anunciados não resolvem o problema da região em relação a água. Precisamos de projetos mais consistentes e aportes maiores. Além disso, é necessário uma conscientização de todos sobre a preservação ambiental”, pondera o prefeito.

Perdas nas lavouras

Ainda que no mês passado o volume de chuva tenha superado 150 milímetros, em março voltou a ter precipitações irregulares e abaixo da média. De acordo com o gerente regional adjunto da Emater-RS/Ascar, Carlos Lagemann, o impacto nas lavouras neste momento é menor, porém já há uma perda consolidada de pelo menos 30% na produção de grãos.

“Está em elaboração um novo levantamento da quebra de safra. Esperamos que nos próximos dias tenhamos mais pancadas de chuva para manter a umidade no solo e evitar perdas ainda maiores no campo”, observa Lagemann.

Ainda segundo Lagemann, neste ano as maiores dificuldades estão em cidades da região alta do Vale. “Anta Gorda e Putinga são os municípios com maior demanda pelo seguro agrícola. São três safras consecutivas de seca e a reposição da água não aconteceu da forma devida.”

Além disso, a construção e abertura de açudes anunciadas pelo governo estadual atrasou. “O ano eleitoral trouxe alguns entraves no processo burocrático e agora que os municípios estão conseguindo desenvolver os projetos”, pontua Lagemann.

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