Faturamento das exportações do Vale cresce 23% em janeiro 

ECONOMIA

Faturamento das exportações do Vale cresce 23% em janeiro 

Percentual da região supera o desempenho do RS, que foi de 13,4%. Elevação de preços reflete no resultado das vendas ao mercado externo, mesmo com queda no volume negociado

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Faturamento das exportações do Vale cresce 23% em janeiro 
Já consolidada no Mercosul, a erva-mate regional avança para mercados na Europa e Ásia. Crédito: Divulgação
Vale do Taquari
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

A indústria regional de transformação começa o ano com crescimento no valor das exportações. No primeiro mês de 2023, o faturamento alcançou 28,3 milhões de dólares (US$ FOB). A alta é de 23% na comparação com igual período de 2022 quando foram 23 milhões de dólares. De acordo com a federação do setor, esse cenário é justificado pela melhora do ambiente externo e manutenção do dólar acima de R$ 5.

Dos bens exportados, o Vale do Taquari se destaca nos embarques de alimentos, calçados, fixadores de metais e químicos. Entre as cidades com maior volume de vendas em janeiro aparecem Encantado (8,9 milhões de dólares), seguido por Lajeado (US$ 5,2 milhões) e Taquari (US$ 5,1 milhões). Já em relação aos destinos, os principais compradores estão na América do Norte, Mercosul, Ásia e Europa.

Frente aos números gerais do RS, que movimentou 1,3 bilhão de dólares FOB (incluso custos de transporte até o navio), a participação do Vale representa pouco mais de 2%. Contudo, a região apresenta como diferencial a diversidade dos produtos. Também há menor participação na venda de commodities.

Pela análise da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), o incremento das vendas externas, em especial para a China, se explicam pelas festas de ano-novo (22 de janeiro no calendário chinês), à melhora nas perspectivas de crescimento daquele país e ao fim da política de covid-zero. Além do mercado asiático, Estados Unidos (US$ 105,2 milhões) e Argentina (US$ 77,4 milhões) respondem pelo maior volume de compras da indústria gaúcha.

Efeito do preço

O desempenho do setor industrial no RS tem relação direta pelo aumento da receita, sendo que a quantidade exportada caiu 15,6%. No demonstrativo por setor, a área de alimentos lidera o ranking, com 471,7 milhões de dólares em produtos exportados, avanço de 25,3%.

Outro item com destaque é o tabaco. Em Venâncio Aires o produto movimentou 207,4 milhões de dólares no mês passado.

Também subiram as exportações em máquinas e equipamentos, mais US$ 26,8 milhões. Os produtos de maior relevância na pauta desse setor foram máquinas e equipamentos agrícolas (US$ 31,2 milhões) e tratores (US$ 19,1 milhões).

Em contrapartida, houve queda na quantidade exportada de tratores: em janeiro de 2022 foram 558 unidades, enquanto em janeiro de 2023, apenas 413. Mesmo assim, novamente o efeito preço (+31,2%) foi o que mais influenciou para explicar o avanço de 36,2% das exportações no setor de Máquinas e equipamentos.

Erva-mate expande mercados

Se por um lado a Argentina restringiu a entrada do produto brasileiro, países europeus ampliaram a compra direta. Entre os principais fornecedores está a Baldo, com sede em Encantado. A indústria ervateira destina pelo menos 90% de todo material processado para o mercado internacional, tendo hoje como principal destino o Uruguai.

De acordo com o vice-presidente do Sindicato da Indústria do Mate do Rio Grande do Sul (Sindimate), Gilberto Heck, a Alemanha tem diferentes aplicações para a erva-mate gaúcha. “Eles usam na fabricação de refrigerante, cerveja e chás.” O país Europeu também é importante referência logística para distribuição do produto pelo continente.

Outro mercado que inicia compras diretas é o Chile. Antes, as negociações eram intermediadas pela Argentina. A expansão do setor também avança pela Turquia, Síria e Líbano. “Muitos emigrantes que vieram para o Brasil na década de 1980 aprenderam a tomar chimarrão e quando voltaram ao país de origem disseminaram o hábito.”

Para Heck, há muitas oportunidades no exterior, frente às limitações em cativar consumidores de outras regiões do Brasil. “O Sul é quem mais consome erva-mate para chimarrão. Ainda falta conquistar o público de outros estados.”

Qualidade para exportar

O preparo e a tradição das empresas do Vale do Taquari com a exigência do mercado internacional contribuem para o desempenho nas negociações. De acordo com o consultor de empresas Valmor Kappler, muitas marcas possuem décadas de experiência na área e com sucesso.

“Para atender o mercado internacional é preciso ter um produto de qualidade e cumprir com rigor os prazos”, enfatiza Kappler. Ele traz como exemplo empresas que atuam na área de proteína animal, doces e calçados. “Marcas quase centenárias que hoje vendem para dezenas de países.”

Kappler desde cedo trabalhou na área administrativa da Minuano. Hoje, presta serviço para empresas de diferentes setores, entre eles calçadistas e de produtos de limpeza. “O Vale do Taquari tem diferentes polos e microrregiões com determinado produto que se destaca. Isso é importante ao considerar a diversidade de itens que podemos exportar.”

Ainda na percepção do consultor de empresas, se o dólar permanecer no patamar atual as vendas ao exterior seguem atrativas. Outro fator que considera é o cenário político. Ele acredita que passado o Carnaval a economia como um todo deve reagir.

Além dos itens exportados há mais tempo pelo Vale, Kappler observa o incremento das exportações de trigo. “A região e o RS tiveram uma safra recorde. Isso representa oportunidade para abastecer outros países impactados pelas restrições da guerra na Ucrânia.” Ele também exalta a condição sanitária do Brasil como atributo para atender o exterior.

Gargalo logístico

Apesar do desempenho positivo nas exportações, o prefeito de Encantado, Jonas Calvi, indica a infraestrutura rodoviária como maior desafio para expansão das empresas. “Até chegar na BR-386 dependemos das rodovias estaduais. No nosso caso, o pedágio da ERS-130 é um dos elementos que encarece o transporte.”

A cidade-polo da microrregião alta do Vale lidera o ranking em faturamento das exportações em janeiro. Calvi atribui às vendas da cooperativa Dália e da ervateira Baldo. “No caso da cooperativa tem o frigorífico de suínos. Eles apostam nas exportações para superar o momento difícil do setor no mercado interno.” Já em relação à indústria de erva-mate, observa ser uma marca voltada à exportação, inclusive como subsidiária de marca uruguaia.

Dinamismo econômico

Para o presidente da Câmara de Indústria e Comércio do Vale do Taquari (CIC-VT), Ivandro Rosa, chama a atenção a alternância de município que amplia as exportações. No caso de Taquari, a movimentação financeira foi quase quatro vezes maior em relação a janeiro de 2022.

“A exportação nesses moldes se torna atraente e possibilita margens consideráveis”, observa Rosa. Segundo ele, em um cenário interno de estagnação e tendência de alta no desemprego, as vendas internacionais criam oportunidades e fluxo para os produtos da região.

Não há registros de exportações em: Boqueirão do Leão, Canudos do Vale, Capitão, Colinas, Coqueiro Baixo, Doutor Ricardo, Forquetinha, Marques de Souza, Paverama, Pouso Novo, Relvado, Santa Clara do Sul, Sério, Tabaí, Travesseiro e Vespasiano Corrêa

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