Americanas promete manter aluguel de duas lojas na região

GIGANTE EM CRISE

Americanas promete manter aluguel de duas lojas na região

Varejista com dívida bilionária suspendeu pagamentos de credores e deve apresentar plano de reestruturação até 19 de março. Débito com aluguéis não inclui unidades no Vale do Taquari

Americanas promete manter aluguel de duas lojas na região
Loja no shopping em Lajeado é uma das unidades da Americanas na região. Crédito: Felipe Neitzke
Vale do Taquari

Em meio à crise financeira, a Americanas emitiu comunicado aos proprietários de imóveis sobre o não pagamento de aluguéis anteriores a 19 de janeiro, data do pedido de recuperação judicial. Já os demais valores, a companhia promete honrar, bem como manter a loja em Estrela e outra no shopping em Lajeado.

Até então, a varejista mantinha em dia os valores referentes ao aluguel das lojas na região. No país, o valor devido aos locatários supera R$ 11,6 milhões. Conforme nota da Americanas ao mercado, o pagamento dos créditos anteriores à reorganização feita com intermediação da Justiça está suspenso.

De acordo com o empresário Fábio Benoit, sócio da empresa que administra o Shopping Lajeado, a varejista sempre cumpriu com os contratos. “Até então não havia problemas de pagamento. Pelo que informaram, vamos ficar sem o valor de janeiro, mas o restante deve ser mantido, inclusive para a loja em Estrela inaugurada em 2021.”

Mesmo com as incertezas sobre o futuro da Americanas, Benoit destaca que a presença da marca sempre foi importante para atrair clientes ao shopping. “É uma loja âncora dentro do contexto nacional. Percebemos que eles mantêm a unidade bem abastecida com os produtos e esperamos que consigam superar esse momento”, pontua.

Além de dívidas com aluguéis, a empresa deve para fornecedores. O valor total da dívida é estimado em R$ 43 bilhões. Entre os credores estão empresas do Vale do Taquari. Para a fabricante de chocolates Neugebauer são R$ 15 milhões. Outros R$ 957,4 mil são devidos à Docile.

Lições ao mercado

Adiar pagamentos de fornecedores para compor caixa. Uma prática recorrente no mundo dos negócios, mas com riscos, a exemplo do registrado pela Americanas. Na avaliação do economista Eloni Salvi essa situação traz lições importantes às empresas. “O cenário não foi construído agora. Eles postergaram o pagamento de mercadorias para ter capacidade de ampliar o negócio. Chegou a um ponto onde não teve mais sustentação.”

Salvi observa ser importante os fornecedores determinarem um limite para evitar perdas. “Pelo tamanho da Americanas a companhia é que muitas vezes ditava as regras da negociação. Para não perder o cliente e receber os valores as empresas mantinham o fornecimento dos produtos.”

O economista entende que as perdas para as empresas fornecedoras será inevitável. “Desses R$ 43 bilhões em dívidas, com o processo de recuperação judicial será muito se pagarem 20% a 30%.” Sobre o futuro da companhia, Salvi entende que a Americanas deixará de ser uma gigante do varejo. “Eles vão se livrar das operações menos rentáveis e reposicionar o negócio.”

Escândalo na gigante do varejo

– Após dez dias no cargo, Sergio Rial revelou rombo de R$ 20 bilhões na Americanas e deixou a presidência da empresa. Ele havia assumido em 2 de janeiro;

– Em 19 de janeiro a empresa entrou com pedido de recuperação judicial. Relatório da companhia indica dívidas que somam R$ 43 bilhões, frente os R$ 800 milhões de valores em caixa;

– A lista com quase 8 mil credores inclui empresas do Vale do Taquari: Neugebauer (R$ 15 milhões) e Docile (R$ 957,4 mil);

– Em comunicado ao mercado, no dia 21 de janeiro a Americanas nega que vai falir e diz seguir com as operações normalmente.

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