“Criança brinca e atleta treina”

Opinião

Rodrigo Rother

Rodrigo Rother

Professor na UNIVATES e no CEAT - @rodrigorother

Colunista Esportivo

“Criança brinca e atleta treina”

Por

Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Volta e meia me deparo com afirmações que me fazem refletir se estou no caminho certo enquanto treinador esportivo de atletas em
formação. A frase título desta coluna foi um exemplo disso. Sinceramente, acho ela meia depressiva, pontuando como a criança que “vira atleta” deixa sua vida, amigos e familiares de lado, e “perde” um tempo importante da vida que nunca mais voltará.

Em primeiro lugar, não acho que alguém possa “virar atleta” de uma hora para outra, como se apertasse um botão e a mágica transformadora acontecesse. Mesmo que ingresse em um clube que trata o esporte com seriedade, ainda assim demora um bom tempo
para transformar os velhos hábitos em novos. Esse é um processo longo, demorado, de muitas mudanças físicas e mentais, criação de vínculos e amor pela modalidade escolhida.

Em segundo lugar, não podemos esquecer dos “ganhos” que o esporte proporciona na formação pessoal. Novas amizades, resiliência, autonomia, saúde… ficaria citando mais uma centena de benefícios colhidos por uma criança que pratica esporte. Como terceiro ponto, deixo as seguintes perguntas: Criança não treina? Atleta não brinca? Como exemplo, trago uma situação que passei em 2021, nas finais do Campeonato Estadual de Voleibol Feminino, da categoria Sub-14. Disputamos uma semifinal duríssima e fomos derrotados (com uma má atuação nossa, o que piora ainda mais a sensação).

Teríamos a disputa do terceiro lugar algumas horas depois. A partida era importante, mas a dor e a tristeza pela derrota eram tão grandes quanto. Ao lembrar que são crianças e atletas, resolvi diminuir um pouco o peso do momento. Me reuni com as atletas
para conversar na pracinha que havia ao lado do ginásio. Atrasei um pouco a conversa e deixei experimentarem os brinquedos e lembrarem de como é divertido estar com as amigas.

As vezes esquecemos que trabalhamos com pessoas  (ou crianças) e precisamos lembrar disso. O resultado foram algumas risadas, energia renovada, peso descarregado e uma bela atuação que resultou em uma vitória e a medalha de bronze. Atletas brincam e treinam, crianças brincam e treinam. Se você não lembra disso, é bom dar uma volta na pracinha e ver com seus próprios olhos.

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