Morte de advogado por golpe  de canivete abala comunidade

CRIME EM LAJEADO

Morte de advogado por golpe de canivete abala comunidade

Tadeu Pavoni foi atingido por um morador durante reunião de condomínio no Centro. Autor do crime deve responder por homicídio doloso qualificado por motivo fútil. Colega de profissão e amiga destaca trajetória da vítima na OAB

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Atualizado quarta-feira,
25 de Janeiro de 2023 às 22:20

Morte de advogado por golpe  de canivete abala comunidade
Crime ocorreu durante reunião de condomínio, na rua Bento Gonçalves. Crédito: Mateus Souza
Lajeado
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“Foi uma tragédia, que chocou toda a população. Uma agressão gratuita”. A frase, do delegado Márcio Moreno, titular da Delegacia de Polícia de Lajeado, dá o tom da repercussão da morte do advogado Tadeu Pavoni, 44. Ele foi atingido por um golpe de canivete na noite de terça-feira, 24, durante uma reunião de condomínio no Centro. Faleceu horas depois, no Hospital Bruno Born.

O autor do crime é um jovem de 23 anos, cuja identidade não foi divulgada pela Polícia Civil. Preso preventivamente no Presídio Estadual de Lajeado, pode responder pelo crime de homicídio doloso qualificado por motivo fútil. Porém, antes, deve ser submetido a uma avaliação das condições psiquiátricas.

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“Ainda é uma fase muito inicial da investigação, pois o fato ocorreu em menos de 24 horas. Mas alguns elementos indicam que isso talvez seja necessário”, antecipa Moreno. Testemunhas do crime já começaram a ser ouvidas pela Polícia Civil. Muitos, porém, ainda estão em choque com a situação, conforme o delegado.

Moreno comenta que, sempre em casos de homicídio doloso, a linha de investigação se concentra na intenção e na motivação da pessoa em executá-lo. “Na fase inicial, é isso que mais nos interessa”. As provas periciais para encaminhamento do inquérito à Justiça já foram colhidas. “Elas tem mais celeridade. As provas complementares, sim, tem um prazo maior”.

Disparos com flechas

Quando o autor do crime foi detido pela Brigada Militar, chamou a atenção entre os itens apreendidos com ele uma balestra. Ele arremessou flechas nos vizinhos que participavam da reunião de condomínio do prédio localizado na rua Bento Gonçalves. Moreno salienta que, em nenhum momento, houve uma briga ou desentendimento.

“Ele sequer estava na reunião. Mas, acreditando que falavam dele ou ofendiam a sua honra, efetuou diversos disparos em direção a essas pessoas. Depois acabou indo ao encontro de alguns, ocasião em que a vítima tentou dialogar e, numa discussão, efetuou golpes fatais com uma arma branca”, ressalta o delegado.

Além da balestra, outras facas e simulacros foram apreendidas com o homem. “Pelo modus operandi, esperava o momento para agir de forma violenta. Usa da violência para a resolução do conflito, e não o diálogo”, argumenta.

Atuação como advogado

Pavoni exercia a advocacia há cerca de 20 anos e teve importante atuação dentro da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Na subseção de Lajeado, foi integrante do Conselho de Ética por seis anos. Depois, integrou a diretoria da entidade como secretário-geral adjunto, entre 2018 e 2021. E, desde 2019, atuava como integrante do Tribunal de Ética e Disciplina da OAB/RS.

Presidente da subseção da OAB no período em que Pavoni esteve na diretoria, Alessandra Glufke descreve o advogado como uma “pessoa espetacular, admirada e respeitada pelos colegas”. Ela o conhecia há mais tempo, mas foi nessa época que se tornaram próximos. “Era uma relação profissional que virou amizade. Um amigo muito querido. Estamos muito consternados”, relata.

A subseção da OAB emitiu uma nota de pesar. O presidente da OAB/RS, Leonardo Lamachia esteve ontem no velório, assim como presidentes e integrantes de outras subseções da região. Pavoni deixa a esposa Deise e duas filhas. O corpo foi cremado no Memorial e Crematório Jardim Montanha dos Vales, em Santa Cruz do Sul.

Entre as armas apreendidas com o autor do crime, estava a balestra e as flechas que foram arremessadas em vizinhos. Crédito: Mateus Souza

Ouça a entrevista do Delegado 

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