A baixa umidade do ar combinada com escassez de chuva e vento fazem aumentar os casos de fogo em vegetação. O cenário é parecido com o do ano passado em um momento de estiagem onde o combate das chamas também era prejudicado pela falta de água nos municípios.
Conforme levantamento junto aos bombeiros militares das microrregiões de Estrela, Encantado, Lajeado e Taquari, só no mês de novembro deste ano foram 68 ocorrências de sinistro em terrenos ou áreas rurais. Em 2021, atenderam pelo menos 64 casos registrados.
Além do fator relacionado ao tempo seco, o descarte de bitucas de cigarro e vidro em locais de vegetação são os principais motivos para iniciar as chamas. Outra preocupação é com as queimadas para limpeza de área agrícola. De acordo com os bombeiros, esse tipo de situação coloca em risco a vida dos produtores.
A preocupação também aumenta diante da previsão de chuva abaixo da média pelo menos até janeiro do próximo ano. Mesmo com precipitações previstas para os próximos dias, bombeiros alertam a população para reforçar os cuidados diante do elevado potencial de incêndio.
Desgaste profissional
O aumento das ocorrências mobiliza equipes militares e voluntários. Os chamados são para controlar desde pequenos focos a situações em áreas maiores e de difícil acesso. De acordo com o tenente do Corpo de Bombeiros de Lajeado, Delmar Braz do Prado, em entrevista à rádio A Hora, é um tipo de atendimento que desgasta os profissionais.
Além do uso de mangueiras, em locais onde a viatura não tem acesso, os bombeiros utilizam sopradores ou abafadores. “São duas ou três horas de trabalho que levam à exaustão do profissional”, avalia Prado.
Conscientização dos moradores
O Corpo de Bombeiros Voluntários de Colinas e de Imigrante (Imicol) promove em parceria com agentes comunitários a orientação da comunidade. A intenção é fazer com que evitem ações que venham a desencadear situações de incêndio.
De acordo com a comandante do Imicol, Caroline Hauschild, esse trabalho no interior tem ainda o apoio da Emater/Ascar-RS e escolas municipais. “Só no último ano foram distribuídos 855 mil litros de água potável para consumo humano e dos animais. Se precisarmos usar para o combate de incêndios pode faltar para a população.”
Os agentes também orientam sobre os riscos ao fazer queimadas para limpeza de área agrícola. “Além do impacto ambiental, pode provocar acidentes.” A comandante do Imicol entende que esse trabalho surte efeito pelo fato de não ter ocorrências de incêndios florestais durante o mês de novembro.
Nova sede aos bombeiros em Taquari
O combate dos incêndios e demais ocorrências requerem além de efetivo a disponibilidade de equipamentos adequados. Só neste mês de novembro foram 14 atendimentos de fogo em vegetação pela corporação de Taquari. O comando local que recebeu nova viatura de resgate agora busca a construção da sede própria.
Em parceria com o governo municipal, a expectativa é que a estrutura seja viabilizada em dois anos. De acordo com o comandante Celso Martins, são 15 bombeiros que se revezam para dar conta das demandas. “Estamos entre duas importantes rodovias e o maior número de ocorrências têm relação com acidentes de trânsito.”
Martins alerta ainda que em relação aos incêndios, mesmo com o aumento de atendimentos, o cenário em 2021 foi mais crítico. “É uma época do ano crítica, ainda mais por conta do tempo seco e baixa umidade.”
Principais orientações
• Não descartar embalagens de vidro e bitucas de cigarro em áreas de vegetação;
• Evitar queimadas para limpeza de áreas rurais ou terrenos;
• Acionar os bombeiros assim que identificar o sinistro.