Semana passada minha esposa e eu, estando em Porto Alegre, jantamos com a filha e os dois netos. De repente Artur, 16 anos, surpreendeu pedindo para ler a seguinte poesia:
Efêmero
Já me disseram que somos feitos de matéria,
Mas acredito que somos feitos de histórias a se contar
Ódio, intolerância, perseguição, desrespeito, morte e preconceito,
Algum dia iremos realmente nos preocupar?
É intrigante que vivemos num mundo onde status é mais importante
Do que mulheres e crianças que pelos próprios direitos são obrigados a se levantar.
A vida é efêmera, daqui só levamos amor, essência… e mais nada
É duro ver na sua cara quanta gente inocente é sacrificada
A humanidade não é uma classificação, é dignidade a ser conquistada!
Precisamos trocar lágrimas de tristeza por felicidade
As pessoas estão cada vez mais carentes de afeto, compaixão e sinceridade
Sentimentos esses que devem ser parte de todos os seres, não importa a idade
Necessitamos escutar a chuva… que cai implorando por simplicidade.
É realmente preciso ir ao inferno para valorizar o paraíso
A humanidade está rumando para um desfecho obscuro, mas não por falta de aviso
O mundo precisa se dar conta de que somos uma grande nação
Política, governo, autoridade… pura desilusão!
Esperamos que, apesar de tudo, com o passar do tempo, o Criador nos conceda o perdão.
Emocionado – com o fato e o conteúdo – perguntei-lhe o autor e se passado em Literatura. Daí a surpresa: a autora é Laura Scheffer Wojcicki, sua colega no primeiro ano do Ensino Médio do Colégio Rosário. A compôs em 2021 (na nona série, portanto!), para a 45ª Mostra Poética Rosariense, pedindo ao neto que a declamasse no evento.
Inúmeros são “as Lauras” e “os Artures” da geração que vem se preparando para assumir as rédeas da economia, do Município, do Estado, do País, fazendo as coisas acontecer. E me passam serem ótimos, mais preparados do que nossa geração, inclusive para a escolha de governantes. Não devemos nos prender nas exceções de delinquência que a mídia fatalista e mercenária quer nos impingir. A grande maioria é do bem. Resta transmitir-lhes os verdadeiros valores que lhes darão o suporte emocional e ético indispensável, através de políticas públicas corretas e das famílias.
Também reclamam por disciplina. Não querem a desordem que muitos pregam e praticam.Há, contudo, um passo decisivo entre esta bela geração que está se formando e o Estado e o País que os esperam: a eleição deste domingo e o acerto das nossas escolhas, o qual será um divisor d’água. Reflita. Os dois candidatos a Presidente – fato inédito – já mostraram do que são capazes no cargo. Mas vote e se posicione. Não se esconda sob o vergonhoso manto da omissão de não votar, em podendo fazê-lo.