E se fosse veneno?

Opinião

Luciane E. Ferreira

Luciane E. Ferreira

Jornalista

E se fosse veneno?

Por

Atualizado terça-feira,
12 de Julho de 2022 às 13:47

Vale do Taquari

Alguém, de forma muito irresponsável, descartou frascos, parecidos com de medicamentos, sobre uma lixeira no centro da cidade. Eram seis pacotes embalados em saco plástico lacrado e em papel alumínio. Cada pacote continha cinco frascos de vidro, também lacrados, com líquido transparente dentro.

Sem identificação alguma, estavam ali, para quem quisesse mexer. E alguém o fez. Tirou o papel alumínio, mas não se arriscou a rasgar o plástico.

Nem imagino o que tinha dentro, mas posso imaginar o que poderia acontecer se uma criança curiosa resolvesse mexer naquele material. Ou se um reciclador decidisse levar para reutilizar as tampas plásticas ou o vidro.

Se fosse corrosivo, poderia causar alergia ou até queimadura na pele.

E se fosse inalado? Poderia causar mal-estar, tontura.

E se fosse tóxico? Não sei o que causaria…

Seria remédio? Aromatizante? Solvente? Óleo mineral? Seria veneno?

Água, certamente, não era.

Supondo que fosse um medicamento…

Vigora desde junho de 2020 a legislação que estabelece o sistema de logística reversa de medicamentos domiciliares vencidos ou em desuso. Isso significa que o remédio descartado pelos consumidores terá o fluxo invertido do processo de compra até o seu descarte.

O medicamento vencido deve ser devolvido à farmácia, que entrega à distribuidora, que leva de volta para a indústria, que se encarrega de descartá-lo em um ponto de destruição em local ambientalmente adequado, como incineradores, coprocessadores e/ou lixões de grau 1 homologados pelas entidades ambientais.

Vamos lá.

A lei que estabelece a Política Nacional de Resíduos Sólidos é de 2010. A regulamentação, por decreto, no que se refere à logística reversa de medicamentos, veio dez anos depois.

De 2021 a 2023, as capitais brasileiras e cidades com mais de 500 mil habitantes devem aplicar a legislação. A partir de 2023, os municípios com mais de 100 mil habitantes terão que se enquadrar. Depois deste prazo, está prevista uma análise do sistema de logística reversa por todos os elos da cadeia.

Bem, o nosso Vale do Taquari não é obrigado a atender este decreto, porque a cidade mais populosa é Lajeado, com cerca de 86 mil habitantes. Entretanto, já existe a prática de descarte correto. Estamos adiantados!

A Farmácia Escola, por exemplo, recebe blísteres e medicamentos em desuso ou vencidos por ela dispensados. Algumas farmácias comerciais também aceitam.

A Unimed VTRP disponibiliza para a comunidade coletores ecológicos desde 2007. Entre os dez pontos, estão os de Lajeado, na Avenida Benjamim Constant, 1058, e na Avenida Piraí, 155, Bairro São Cristóvão.

O fato é que a logística reversa começa pelo cidadão, pelo consumidor. A triagem dos resíduos domésticos, necessidade verificada há décadas, ainda é parca.

Não nos damos ao trabalho de, sequer, separar o lixo seco do orgânico, de levar para coleta no dia certo. Lajeado recicla apenas 3% do coletado.

Quanto aos remédios e seus frascos, ao depositá-los no lixo comum estamos cometendo um crime contra natureza. Os medicamentos liberam resíduos químicos que contaminam o solo, os rios, córregos e até mesmo a água que bebemos.

Cada quilo de medicamento descartado incorretamente pode contaminar até 450 mil litros de água.

Então eu me pergunto: aqueles frascos deixados sobre a lixeira no centro da cidade foram parar aonde?


Pingo d’água

Dia 30 de agosto: 13º Seminário Ambiental

Objetivo: desenvolver ações educativas sobre questões e problemas ambientais.

Público: estudantes de escolas pública e privadas, do Ensino Fundamental (1º a 9º ano) e Ensino médio (1º ano)

Dia 31 de agosto: 12ª Jornada Técnica Ambiental

Objetivo: gerar conhecimento e reflexão sobre a gestão ambiental das organizações.

Público: gestores, empresários, técnicos, acadêmicos, biólogos e demais interessados no tema

Informações: parceirosvoluntarios@acilajeado.org.br.

Viver Cidades no Vale em Pauta

Quando: sexta-feira, 15, às 12h, na Rádio A Hora 102.9

Convidada: Edith Ester Zago de Mello, bióloga, coordenadora de Centro de Educação Ambiental de Lajeado.


12 de julho: Dia do Engenheiro Florestal

17 de julho: Dia da Proteção das Florestas 

 


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