Ex-secretário especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia, o líder empresarial Paulo Spencer Uebel palestrou ontem em Lajeado. Uebel participou de reunião-almoço promovida pela Acil em parceria com o Instituto de Formação de Líderes, onde abordou medidas capazes de promover desburocratização, simplificação e redução da máquina pública.
O palestrante ressaltou características que tornam o poder público ineficiente e reduzem o dinamismo econômico no Brasil. Entre elas está a demora e os entraves para a abertura de novos negócios, cujo atraso também reduz a receita dos próprios órgãos públicos. “A pergunta que precisamos fazer é: como o Estado pode atrapalhar menos?”
Segundo ele, o setor público é por natureza avesso ao risco e a mudança, por ser composto de pessoas que valorizam a estabilidade – portanto também contrárias à redução do Estado. “As pessoas acham que menos Estado é menos serviço público, o que não é verdade.”
Uebel afirma que o conceito de liberdade econômica não reside na ausência de controle, e sim no conceito de que o direito ao trabalho é inalienável. Partindo desse princípio, acredita que atividades sem risco não deveriam de autorização para funcionar. “Não cabe a um burocrata dizer se você pode ou não trabalhar.”
O palestrante apresentou dez propostas que podem tornar as administrações públicas, ou
mesmo negócios, mais eficientes. Um dos mais importantes é a clareza das prioridades, ou seja, o foco no resultado e não nas obrigações formais. “Não adianta as pessoas cumprirem todas as formalidades e não gerar resultados.”
Outra medida de destaque é verificar quais as 20% das atividades que geram 80% dos resultados esperados. Ele sugere uma análise quanto aos serviços mais buscados e as maiores rubricas do orçamento e de como o tempo das pessoas é dividido entre ações estratégicas e operacionais. Dessa forma, afirma ser possível perceber quais atividades não geram valor, portanto podem ser eliminadas.
Eleições 2022
Questionado sobre a disputa ao Governo Federal, cujas pesquisas apontam liderança de dois políticos de viés populista, Paulo Spencer Uebel afirma que chefe do Executivo tem menos relevância se comparado ao Parlamento. “Mais importante do que eleger um bom presidente é eleger bons deputados, senadores e vereadores, que são os responsáveis por aprovar projetos.”
Segundo ele, é no Congresso Nacional que serão discutidas medidas capazes de colocar o Brasil no rumo do desenvolvimento, com destaque para as reformas administrativa e tributária. Hoje, o Brasil gasta 14% do PIB com o funcionalismo, índice muito acima da média mundial.
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