“Precisamos de pouco para uma vida feliz”

ABRE ASPAS

“Precisamos de pouco para uma vida feliz”

Pegar o violão, a guitarra ou o contrabaixo e deixá-los prontos para alguém tocar. Afinados, regulados, brilhantes e macios. Essa é a missão de Elaine Andreis Marmitt. Natural de Gramado, começou sua história com a música em 1988 em Santa Clara do Sul. Casou com um músico e descobriu um talento nos bastidores do show

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“Precisamos de pouco para uma vida feliz”
Crédito: Filipe Faleiro
Lajeado
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Quando começou esse trabalho de manutenção?

Eu me mudei para Santa Clara do Sul em 1988. Fui para um espaço onde tinha uma banda de músicos. Convivia com aquela realidade e casei-me com um músico. Ele fazia tudo isso, consertava, trocava as cordas, regulava, limpava. Eu ficava observando. Em 2004, viemos para Lajeado. Abrimos uma loja de instrumentos, junto com uma escola de música. O Valdir (marido) dava as aulas e eu atendia os clientes. Aí percebi que muita gente tinha dificuldades. Não sabiam afinar o violão e nem trocar as cordas. Então comecei a fazer isso.

Ao mesmo tempo, muitos iniciantes chegavam com instrumentos que precisavam de manutenção. O braço estava empenado, as cordas ficavam muito altas e isso dificulta o aprendizado. Tocar um violão assim machuca a mão, dói o pulso, corta os dedos, pois é preciso fazer muita força para tirar as notas. Aí surgiu a ideia e comecei a fazer a regulagem completa dos instrumentos. Isso trouxe um resultado muito legal. As pessoas começaram a nos procurar para arrumar aquele instrumento que estava parado, há anos sem ninguém tocar.

O que sente naquele momento entre você e seu trabalho?

A primeira coisa que penso é quantas pessoas vão tocar nesse violão, nessa guitarra, nesse baixo? Como serão esses momentos de aprender, de cantar, de estudar, de confraternizar? Quantas pessoas podem tocar nele até o fim da vida útil do instrumento? Penso assim, como seria bom se esse violão fosse importante para alguém. Para ajudar essa pessoa a ter momentos bons, momentos felizes.

Também para aqueles que não tiveram oportunidade de ter um instrumento. Como eu queria que ele chegasse a essas pessoas. Por isso gosto muito dos projetos voltados às crianças, de aulas gratuitas, oficinas, esse tipo de ação é muito importante. Sabemos que muitas dessas crianças não tem condições de ter um violão, mas por meio dessas oficinas poderão aprender. Um instrumento musical pode mudar a vida das pessoas.

O que estudar música, cuidar do instrumento, traz para a vida das pessoas?

Concentração, equilíbrio, foco. Quem toca consegue inclusive conhecer suas emoções. Muda muito. Acho que até a maneira de ver o mundo. Nos traz uma capacidade cognitiva para qualquer coisa que vamos fazer.

Como era a senhora antes de ter a oficina de música e como é hoje?

Eu não via a dificuldade das pessoas em ter um instrumento musical. Muitos gostariam de aprender, de estudar e não podem gastar esse dinheiro. Eu tenho vontade de criar um espaço só para as pessoas irem tocar. Ter lá o violão, a guitarra, a percussão, e deixar aberto. Deixar aqueles minutos imersos no universo da música.
Hoje eu vejo que tenho uma vida de paz, de tranquilidade. Para mim, não falta nada. Estar perto do instrumento, com pessoas que gostam de música, me mostrou o que é realmente importante. Precisamos de pouco para uma vida feliz.


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