Folhas de outono

Opinião

Ardêmio Heineck

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Empresário e consultor

Assuntos e temas do cotidiano

Folhas de outono

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Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

As estações do ano me fascinam pelas mutações que provocam na natureza. O ambiente da colônia, onde fui criado, desde a mais tenra idade me oportunizou observar e conviver com este milagre de transformações que se opera, periodicamente, na flora e na fauna. Já a lida diária no ambiente livre e aberto, sujeito às intempéries, me fizeram saber suportar todos os tipos de clima, sem esta de gostar mais ou menos, por exemplo, do inverno ou do verão. Lá no íntimo, contudo, a estação que menos aprecio é o outono, em que tudo parece morrer, nada mais viceja, os dias encurtam e certa melancolia nos é induzida. Este ano não foi diferente, até este último fim de semana.

Domingo, dia chuvoso, sentado na varanda envidraçada da casa, de onde divisava grama e frutíferas variadas (rodeado pela natureza, enfim), sorvendo um chimarrão raiz e tomado do torpor próprio de um dia murrinha destes, de repente, os dois pés de caqui que ficam a uns vinte metros de distância me chamaram a atenção. São das árvores que mais cedo e rapidamente trocam a cor das folhas e as perdem. Seu verde vivo, num tom dos mais bonitos, dá lugar ao roxo avermelhado, também quase único e lindo, continuando a enfeitar a paisagem, apenas mudando o matiz das cores. Só que, naquele meu momento de devaneio e de observação, gradativamente um pé de vento foi sacudindo os caquis, com força crescente e, por consequência, derrubando muitas das suas folhas. Prenúncio de que, em breve, restariam, ali, apenas os esqueletos esquálidos de duas árvores, lembrando a finitude dos seres, por mais vicejantes que pareçam, inclusive os humanos.
Ato seguinte, quem sabe induzido pelo sentimento de tristeza que me tomou, ante a perspectiva de mais um outono de natureza morta, esquecendo, até, de sorver o chimarrão, deixei-me levar por pensamentos que conduziram pelos caminhos das agruras do nosso dia a dia. Hackers invadindo nossos telefones celulares, impunemente, ligando de números que se dizem, absurdamente, inexistentes. A leva de brasileiros – minoritários, por certo, mas retumbantes – que desvalorizam nossa pátria e a querem ver falida apenas para criar ambiente de tomada do poder. Certas redes da mídia que, dia após dia, ocupam sua concessão pública, em que deveriam bem informar, para apenas denegrir nosso país, visando induzir a troca no poder, por alguém, quem sabe, que supra seus orçamentos com bilionárias verbas públicas. Ou, um governo estadual que tenta nos impingir um programa de concessão de rodovias impraticável e altamente maléfico para a região e o estado.

Sorte que fui salvo, daquele borbulhar negativista, por um beija-flor que saboreava o néctar da “flor de maio” que viceja do lado de fora da varanda em que me encontrava. Ambos – flor e pássaro – mostraram-me que o outono tem belezas, ao tempo em que prepara fauna e flora para uma hibernação e um recolhimento indispensáveis ao fortalecimento dos seus organismos, permitindo na primavera iniciarem um novo ciclo de crescimento, com o rebrotar da flora e o acasalamento e a procriação da fauna.

As momentâneas prostrações que às vezes nos tomam, levam-nos, também, a recolhimentos importantes para nos apercebermos dos males que nos ameaçam, oportunizando que, no momento seguinte, em primaveras diárias, saiamos fortalecidos, com o apoio de familiares, amigos, colegas de trabalho e pela percepção das tantas coisas boas que nos cercam. Assim, ciclos de crescimento individual suceder-se-ão desde que, alicerçados na disposição de lutar-se pelo que é bom e correto, nos posicionemos, positivos e não negativistas. Indubitavelmente, somados aos demais, seremos uma onda – verdadeiro tsunami – do bem, irresistível.


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