Uma das maiores companhias globais do mercado de guloseimas, a Fini Company, donas das marcas Fini e Dr. Good, anunciou Valmir Feil como novo diretor-geral das operações no Brasil.A trajetória de sucesso do executivo começa em Linha Arroio Abelha, no interior de Forquetinha.
Filho de agricultores, Feil sempre se destacou pela curiosidade e gosto pelos estudos. Formado Técnico em Agropecuária no Colégio Agrícola de Teutônia e em administração pela Univates, passou por empresas como Minuano, Tintas Renner, Senac e abriu o próprio negócio antes de ingressar na indústria de doces.
Feil trabalhou por 14 anos na Docile, nove deles representando a empresa em São Paulo, até aceitar o desafio de ingressar na multinacional de origem espanhola. Ele alcançou o cargo mais alto da companhia em apenas três anos, tendo atuado primeiro como diretor de vendas canal direto e depois como diretor comercial.
– Quais as origens da sua vocação para os negócios?
Valmir Feil – Nasci em Linha Arroio Abelha, Forquetinha. Meus pais eram agricultores, produziam leite, milho e soja. Era uma pequena propriedade agricultura de subsistência. Quando era pequeno, estudava e ajudava na lida. Sempre fui muito curioso e lia muito. Meu pai ia para a cidade e trazia o Correio do Povo de dias antes, e eu “gastava” o jornal de tanto ler. Sempre tive um gosto muito grande por aprender. Minha paixão era comprar cadernos, lápis e canetas. Não tínhamos muitos brinquedos, nem recursos. Eu pegava uma pasta velha para brincar, o que talvez tenha me trazido esse gosto pela área de negócios. Também sempre estive ligado às questões de liderança e fui do Grêmio Estudantil a partir da quarta série. Isso foi moldando esse perfil empreendedor ao longo dos anos.
– Como era a rotina para manter os estudos?
Feil – Estudei até a terceira série em uma escola multisseriada na localidade e foi uma ótima experiência. Era um daqueles colégios onde muitas vezes a professora morava na própria escola. Depois fui para o colégio João Batista de Melo, em Forquetinha. Pegávamos o caminhão do leite de manhã para percorrer um pedaço da estrada e outra parte caminhávamos até pegar um ônibus para a escola. Meio dia voltávamos de ônibus até o salão Sabke e seguia para casa a pé, o que dava uma hora e meia de caminhada. Fiz isso até a sexta série, quando me mudei com meus pais para Bom Retiro do Sul, onde concluí o primeiro grau. Depois fui para Teutônia onde fiz o Ensino Técnico em Agropecuária. Meus pais seguiram morando em Bom Retiro do Sul e a família se estabeleceu lá.
– Quais foram as suas primeiras experiências profissionais?
Feil – Me formei técnico agrícola e fui estagiar na Minuano, onde meu pai trabalhava. Do estágio, fui contratado como técnico e fiquei na empresa por quase quatro anos, na operação aviária. Nesse meio tempo entrei na faculdade de Administração na Univates. Incentivado por professores da universidade, participei de um processo seletivo em uma vaga para empresa que não se identificava. Era a Tintas Renner, de Porto Alegre e fui aprovado. Saí da Minuano e me mudei para a Capital, para trabalhar como vendedor na área de tintas imobiliárias. Fiquei um bom tempo, mas tive vontade de voltar para o Vale do Taquari.
– Como foi o retorno para a região ?
Feil – A empresa não tinha uma vaga na região, então participei de outro processo seletivo, para o Senac. Eles buscavam um profissional com perfil comercial para ampliar as vendas de cursos nos vales do Taquari e Rio Pardo. Fui aprovado e vim para Lajeado. Foi um momento ímpar na minha carreira, porque além do desenvolvimento e crescimento no trabalho, o Senac me aproximou de grandes professores e palestrantes de renome nacional, além de permitir acesso aos treinamentos. Nesse meio tempo, fiz o curso de radialista no Senac, pois sempre tive paixão pelo radialismo
– Teve experiências nessa área?
Feil – Primeiro fui convidado pela rádio Alto Taquari para assumir como narrador esportivo. Fiquei pouco tempo e então o Wilson Feldens me ouviu e convidou para a Independente. Narrei muitos jogos em parceria com o Rudimar Piccinini, principalmente jogos do amador e do Lajeadense, e apresentei o espaço empreendedor ao lado do Rogério Wink. Depois, em 2004, fui convidado para gerenciar a Rádio Encanto AM, onde fiquei pouco mais de um ano comandando o projeto de expansão da emissora. Também escrevi uma coluna de esportes no Informativo e no antigo jornal Nossa Notícia, do Deolí Gräff. A comunicação não rendia muito retorno financeiro, mas me dava muito prazer. Nesse meio tempo, também empreendi.
– Como foi essa experiência no empreendedorismo?
Feil – Foi uma época em que voltei a ter contato com meus colegas do ramo de tintas e abri uma loja junto com um sócio, o Volmir Dullius, que hoje é secretário de administração de Cruzeiro do Sul. Abrimos a Casarão Tintas, que ficava no Centro de Lajeado, atrás do Imec, na rua Bento Gonçalves. Juntamos a minha expertise com tintas e a dele em construção. Éramos sócios, nos tornamos amigos e fizemos uma grande parceria. Em paralelo à loja, eu dava aula no Senac e trabalhava na rádio. Aprendi muito empreendendo e tanto eu quanto o Volmir começamos a receber ofertas para trabalhar em outras empresas. Então tivemos que escolher entre abrir mais lojas e crescer ou optar pelas outras oportunidades. Fui convidado para ser gerente da Encanto, decidimos vender a loja e cada um seguiu a própria carreira.
– Quando você voltou para a indústria?
Feil – Em 2005 fui convidado pela Docile para um projeto na área comercial. Fiquei quase 14 anos na empresa, passando por gerente da região Sul, Centro-Oeste, Sudeste até me tornar gerente nacional de vendas. Fui morar em São Paulo e fiquei na Docile até 2019 quando recebi um convite da Fini, que é uma indústria espanhola do ramo de guloseimas. Eles me convidaram para uma diretoria de parte da área comercial deles. Foi um desafio novo, com perspectivas grandes de crescimento por ser uma multinacional. É muito raro sair de uma empresa nacional para uma multinacional, geralmente o caminho é inverso. Fiz essa escolha e estou faz três anos na Fini. Passei pela função de diretor de área, depois diretor comercial, diretor de mercado, que engloba marketing, trade e logística e no fim de 2021 assumi como diretor-geral da Fini Brasil.
– Quais as características que levam ao sucesso?
Feil – Um profissional precisa saber se adaptar. Cada empresa tem culturas, realidades e estratégias diferentes. Me ajudou saber me adaptar a nova realidade e rapidamente entender qual o principal objetivo dessa nova organização. Muitas vezes, o erro do profissional é tentar mudar a empresa naquilo que ela é boa. É importante trazer as contribuições e fazer com que as pessoas da empresa comprem a sua ideia e participem desse sucesso. No passado, se dizia no mundo corporativo que as pessoas funcionam bem quando estão vigiadas. Mas, acredito que as pessoas funcionam bem quando estão engajadas. Elas devem estar focadas no resultado, mas felizes.
– Como garantir o engajamento nas diferentes gerações?
Feil – Desde que você entenda as pessoas, todas tem alto grau de engajamento, não importa a geração. A minha geração cresceu com muita limitação. Até os 7 anos, eu não tinha luz elétrica e caminhava quilômetros para ir à escola. Era uma vida mais dura e áustera. O sonho era a independência, que se realizava com o trabalho. A empresa precisa ser uma mescla. Esse jovem é mais tecnológico. Consegue entregar tarefas mais rápido, portanto não precisa de tantas horas quando a nossa geração precisava, e questiona isso. O gestor precisa ter a habilidade de obter o melhor do que esse jovem tem pra entregar. Tenho uma equipe bastante jovem e estou encantado com o que eles querem e entregam. Mas também exigem outro posicionamento como líder. O desafio é fazer esse cara estar engajado e à vontade, porque ele entrega.
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