Casos crescem 71% em uma semana e municípios intensificam combate

EPICENTRO Da dengue no Rs

Casos crescem 71% em uma semana e municípios intensificam combate

Duas cidades concentram quase 80% dos contágios do Vale, que passam de 3,4 mil desde o início do ano. Três pessoas estão internadas em UTIs da região. Lajeado começa a aplicar produto específico, enquanto Arroio do Meio fortalece ações após decretar emergência. Nas farmácias, procura por repelentes aumenta

Casos crescem 71% em uma semana e municípios intensificam combate
Aplicação do produto composto de permetrina e óleo mineral branco deve se repetir nos próximos dias em Lajeado. Crédito: Giovani Marasca/Divulgação
Lajeado

Com mais de 3,4 mil casos confirmados de dengue desde o início do ano, o Vale do Taquari se tornou o epicentro da doença no interior do Rio Grande do Sul. E autoridades encontram dificuldades para frear o avanço do vírus. Nesta semana, em meio à confirmação do primeiro óbito na região, municípios tentam fortalecer o combate ao mosquito Aedes aegypti com novas medidas.

Na comparação com o levantamento de semana passada, da 16ª Coordenadoria Regional de Saúde (16ª CRS), o total de casos do Vale cresceu 71%. Lajeado e Arroio do Meio, que juntos somam 2,7 mil contaminações, representam quase 80% deste montante. Os dois municípios decretaram situação de emergência nos últimos dias.

O decreto mais recente, feito em Arroio do Meio, visa criar condições para o município agir de forma mais imediata no combate ao mosquito, semelhante às ações previstas pelo governo lajeadense. Conforme o secretário de Saúde, Gustavo Kasper, a situação inédita no município exige resposta rápida para evitar um cenário ainda mais crítico.

“É uma situação totalmente nova para nós e a população. Apesar de todo o trabalho desenvolvido, de conscientização e participação coletiva, e dos mutirões e dedetizações, muitas limitações apareceram. Inclusive essa questão de entrar nas casas”, salienta. Kasper lembra que, além dos terrenos e imóveis fechados, muitas pessoas resistem a permitir a entrada em suas residências.

Internações

O reflexo do surto de dengue no Vale é percebido sobretudo nos serviços de saúde. Unidades básicas, hospitais e UPA sofrem com a sobrecarga no atendimento a população. Além disso, a região também tem pacientes internados em virtude da doença.

Hoje, três pessoas infectadas pela dengue ocupam leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) no Vale. Os hospitais Bruno Born (Lajeado), Estrela e Santa Terezinha (Encantado) estão com uma internação cada um em UTIs. No HBB, ainda há sete internações em leitos clínicos, enquanto em Encantado são dois.

No Hospital Estrela, houve aumento de 50% nos atendimentos de emergência nas últimas semanas em virtude do surto. Desde março, 20 pessoas necessitaram de internação, o que representa 9,7% dos atendidos. A maior parte é do próprio município. Mas há também pacientes de Colinas, Fazenda Vilanova e Arroio do Meio.

“A maioria dos pacientes que procuram atendimento no HE tem o diagnóstico confirmado, fizeram testagem nos postos de saúde ou laboratórios privados. Os casos leves são orientados a retornar em caso de piora e os moderados ficam em observação, são medicados e liberados ou internam, de acordo com o quadro e avaliação do médico”, informa a casa de saúde, em nota.

Aplicação do fumacê

Depois de ampliar o trabalho dos agentes comunitários e buscar a contratação de mais profissionais, Lajeado hoje deu mais um passo para fortalecer o combate ao mosquito Aedes aegypti, com a aplicação do fumacê. O primeiro local a receber o produto foi o Parque do Engenho, na manhã dessa sexta-feira (29).

O espaço ficou fechado para visitas durante trinta minutos, enquanto um profissional da Secretaria Municipal do Meio Ambiente fazia aplicação. Segundo a coordenadora do Centro de Controle de Zoonoses e Vetores, Celi Ulrich, a equipe responsável passou por um treinamento especializado, já que equipamentos e o produto chegaram nesta semana.

“A ideia é retomar na próxima semana. Queríamos também fazer a aplicação no fim de semana, mas a previsão de chuva prejudica os trabalhos”, comenta. Os próximos locais a receberem o fumacê também não foram definidos. Segundo Celi, a preferência é por áreas públicas e verdes.

Todos os bairros de Lajeado têm confirmações por dengue. O Florestal, com 248, lidera a lista. Jardim do Cedro, Centro, São Cristóvão, Moinhos, Montanha e Olarias aparecem logo atrás, todos com mais de 100 casos.

Necessidade de ampliar equipe

Hoje, Arroio do Meio tem apenas dois agentes de endemias. Além disso, recebe o suporte dos agentes de saúde e equipe das fiscalizações sanitária e ambiental. “Temos a necessidade de ampliar nosso grupo para um trabalho mais intenso. O decreto permite as contratações de forma emergencial e aquisição de insumos para o combate”.

Além disso, Kasper ressalta que o município ampliou o reforço hospitalar para evitar uma sobrecarga nos serviços de saúde. “Estamos diluindo os atendimentos, que antes ficavam muito restritos ao hospital. A partir de atitudes como essa, percebemos que acalmou um pouco a pressão em cima da insatisfação das pessoas em ter que esperar muito tempo”.

Procura em alta

Se nos períodos mais críticos da pandemia o álcool em gel era produto indispensável para a proteção individual, o repelente se tornou essencial na prevenção ao Aedes. As farmácias de Lajeado registram grande procura pelo item, nas mais variadas marcas e formatos.

Em uma farmácia na rua Júlio de Castilhos, logo que os primeiros casos da doença foram confirmados, a supervisora Gabriela Joanella buscou aumentar o estoque para evitar falta do produto. “A procura é grande e constantemente temos que repor. Toda troca de turno é reposto, mas já aconteceu de se esgotar em 15 minutos”, comenta.

Como forma também de aumentar a proteção individual, a farmácia disponibilizou repelente para os clientes. “Colocamos ao lado do álcool em gel, que ainda é bastante utilizado. Também oferecemos para nossos funcionários”, frisa Gabriela. O repelente spray é mais procurado por clientes. Já as marcas mais procuradas são as receitadas por médicos.

Em outra farmácia, na rua Carlos von Kozeritz, repelentes para crianças e bebês lideram a preferência dos clientes. A farmacêutica Viviane Zanatta comenta que foi necessário reforçar o estoque, já que o item costuma chegar em maior quantidade no começo do verão, com o protetor solar. “Mas naquela época pouca gente comprava. Agora temos que repor com frequência”, relata.


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