Com pouco mais de 1,8 mil casos confirmados de dengue desde o início do ano, Lajeado registrou, ontem, o primeiro óbito desde que surgiram as primeiras contaminações pela doença na história do município. A vítima é um adolescente de 13 anos. A morte ocorreu no dia 17, mas a confirmação ocorreu somente após resultado positivo informado pelo Laboratório Central do Estado (Lacen).
O fato ocorre em meio a um momento crítico da doença na cidade, que obrigou o governo municipal a tomar medidas mais drásticas no combate ao mosquito transmissor. O decreto de emergência, publicado ainda na terça-feira, possibilita, entre outras coisas, a contratação de profissionais por tempo determinado, sem necessidade de processo seletivo.
Além do óbito confirmado por dengue, há outras três mortes de pacientes lajeadenses em análise, segundo a coordenadora da Vigilância Epidemiológica de Lajeado, Juliana Demarchi. Os resultados devem sair nos próximos dias.
“Este menino foi o primeiro a ser confirmado, tendo em vista a liberação do laudo via Lacen. Já havia um primeiro exame do Hospital Bruno Born confirmando, mas faltava também do Estado”, frisa. Há dois testes em discussão com a equipe técnica do Estado, enquanto outro aguarda resultado de sorologia via Lacen.
Juliana lembra que o município faz a investigação epidemiológica dos casos e encaminha todos os dados à equipe técnica do Estado. “Ela não precisa ter diagnóstico laboratorial. Em situação de casos graves, é sempre preferível, sim, ter amostras. Mas o diagnóstico pode ser feito de forma clínica pelos médicos que atenderem o paciente”.
Agravamento da doença
De acordo com Juliana, em torno de 20 pacientes contaminados pela doença tiveram que fazer medicação intravenosa e necessitaram de internação hospitalar. Ela reforça que não existe uma característica semelhante dos casos confirmados de Lajeado, e que qualquer pessoa pode chegar à fase crítica da dengue.
“Alguns pacientes tem maior probabilidade de evoluir à forma grave, como diabéticos, hipertensos e idosos, mas isso pode ocorrer com qualquer um”, comenta. A orientação é que pessoas busquem atendimento médico já mediante febre alta, que é um dos principais sintomas de dengue, presente em mais de 90% dos casos.
Sem comorbidades
A primeira vítima de dengue em Lajeado apresentou os primeiros sintomas da doença cerca de uma semana ante. No dia 16, buscou atendimento no Hospital Bruno Born e foi internado. No HBB, foi coletado o teste sorológico e ele veio a falecer na madrugada seguinte. O resultado, que saiu após a morte, foi positivo e informado pelo Lacen.
O adolescente não teve a identidade divulgada. Conforme a Vigilância Epidemiológica, ele não tinha uma outra doença de base conhecida. Entre os óbitos suspeitos, um deles tinha histórico de hipertensão e obesidade, enquanto os demais não tinham comorbidade associada.
Falta de testes
Ontem à tarde, a movimentação era grande na UPA de Lajeado, no bairro Moinhos D’Água. E, devido à intensa procura nas últimas semanas, os testes rápidos para identificar a doença se esgotaram.
Um recado foi colocado pela Secretaria Municipal de Saúde na porta de entrada da unidade informando a ausência. A situação de falta de testes ocorre em todo o território nacional. Segundo Juliana, as distribuidoras não foram abastecidas, e isso afeta os municípios. Por isso, a orientação é que o diagnóstico ocorra de forma clínica, enquanto os casos graves são encaminhados à sorologia.
Sinais mais comuns da doença
– Febre alta e repetina, acima dos 38°C;
– Dores pelo corpo;
– Dor de cabeça;
– Dor atrás dos olhos;
– Manchas vermelhas na pele;
– Náuseas e vômitos;
– Ausência de sintomas respiratórios.
ALERTA MÁXIMO NO RS
Ontem, a Secretaria Estadual de Saúde decretou alerta máximo para a dengue. Conforme a nota divulgada, 89% dos municípios gaúchos tem infestação do Aedes aegypti. Ainda, 85% dos casos confirmados da doença estão concentrados em 24 municípios. Ao todo, o RS soma 12 óbitos, o maior número já registrado em um ano.
Acompanhe nossas redes sociais: WhatsApp / Instagram / Facebook.