Leite azedo

Opinião

Marcia Scherer

Marcia Scherer

Delegada de polícia aposentada

Leite azedo

Por

O capitalismo industrial brasileiro é tardio. E para fazer a sua aceleração, os governos foram compelidos a intervir – isso notadamente a partir da II Guerra Mundial com destaque aos presidentes Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek. Um exemplo dessa intervenção estatal na economia foi a fundação da Companhia Siderúrgica Nacional nos anos de 1940.

Na Inglaterra esse processo começou 200 anos antes por inciativa de burgueses que queriam enriquecer. A chamada Revolução Industrial começa lá com o desenvolvimento da máquina a vapor, que passou a movimentar os teares substituindo a manufatura e, assim, produzir muito maior quantidade em menor tempo. O artesão passou a ser operário de fábrica e a receber salário. Nesse raciocínio: mais pessoas empregadas geram mais renda e podem consumir mais. Mais renda e consumo gera a necessidade de mais produção, por consequência mais empregos e mais renda. E assim vai se enriquecendo a nação.

Vimos então que a industrialização brasileira se deu por intervenção do Estado e considero que isto foi importante já que até então o Brasil era um país essencialmente agrário, dependente do café. Naquele momento histórico, se exportava ferro e se importava de volta o mesmo ferro sob forma de trilhos de trem – por isto foi tão estratégico o setor da siderurgia.

Considero também que, na sequência do tempo, o Estado deve se retirar de setores econômicos – isso quando temos empresas concorrentes para dar conta da respectiva área. O Brasil tomou esse rumo com as privatizações a partir da década de 90 e a abertura do país para o capital estrangeiro.

Porém, determinados setores continuam estratégicos e, por isso, embora entregues à iniciativa privada, devem ser mantidos sob o olho fiscalizador do Estado. E para isso existem as agências reguladoras que atuam na área de saúde, nas águas, na energia elétrica, petróleo e outras.

Por que eu estou fazendo esta conversa toda? Primeiro para fornecer informações muito básicas de como as coisas foram e são no Brasil, e segundo para dizer que os consumidores dos serviços concedidos devem se manifestar quando as coisas não funcionam.

Sabe o que a agência reguladora informou aos produtores rurais que ficaram sem luz por dias lá no interior de Colinas? De que a agência não estava sabendo das recorrentes falhas da concessionária RGE aqui na região! Falta de uma fiscalização proativa? Com certeza. Então isso com certeza legitima o protesto (até desesperado) da comunidade que joga leite azedo sob forma de protesto.


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