Romper ciclo da pobreza desafia novo programa social

Auxílio Brasil

Romper ciclo da pobreza desafia novo programa social

Auxílio Brasil, substituto do Bolsa Família, surge com o desafio de reduzir a dependência do assistencialismo e incentivar a geração de renda. Só no último ano, mais de R$ 12,5 milhões foram distribuídos entre 7,1 mil beneficiários do Vale

Romper ciclo da pobreza desafia novo programa social
Recurso do Auxílio Brasil complementa a renda da agricultura Sandra da Silva, de Boqueirão do Leão

O novo programa de transferência de renda do governo federal iniciou esta semana os primeiros pagamentos de 2022. Criado para substituir o Bolsa Família, o Auxílio Brasil tem entre seus desafios, ampliar a qualificação e tirar as famílias da condição de pobreza através da inclusão no mercado de trabalho.

Apesar de injetar recursos na economia local, o programa criado há 18 anos enfrenta dificuldades em romper ciclos de dependência e se tornou a principal fonte de renda entre os beneficiários. Só no último ano, foram distribuídos mais de R$ 12,5 milhões a 7,1 mil famílias do Vale.

As oficinas básicas de artesanato, culinária e de pequenos serviços oferecidas aos inscritos no Bolsa Família mostraram pouca efetividade em reduzir a necessidade do auxílio. Diante da pandemia e os impactos econômicos, houve ainda, aumento de procura e inclusão no programa social.

Conforme a economista e vice-presidente do Conselho Regional de Desenvolvimento do Vale do Taquari (Codevat), Cintia Agostini, esse modelo adotado pelos governos é reconhecido como um dos melhores do mundo, mas precisa avançar na qualificação dos cadastrados.

“O valor repassado pela União representa apenas 0,5% do orçamento. É pouco diante da importância social, pois para muitas famílias representa o único dinheiro, até mesmo para questões básicas. No entanto, não deveria ser a única renda e sim um complemento”, avalia Cintia.

Em algumas situações, o benefício passa por gerações, quando na verdade deveria ser uma condição momentânea. Na análise de Cintia, é necessário ajustar a oferta de cursos para a realidade de cada cidade e não seguir apenas o projeto definido pelo governo federal. A partir dessa inclusão seria possível obter resultados mais efetivos.

Necessidades básicas

Estimativa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), aponta que pouco mais de 70% dos recursos disponibilizados pelo programa social são transformados em consumo imediato para necessidades básicas. Em seguida, mais de 25% são direcionados para quitação ou abatimento de dívidas e, por último, poupados para consumo futuro (3,83%).

No caso da agricultora Sandra da Silva, 40, de Boqueirão do Leão, o dinheiro do auxílio ajuda na compra de itens básicos e serve como complemento. Mãe de 5 filhos, ela tem na agricultura a principal atividade, mas o valor que obtém da roça é insuficiente para garantir o sustento da família.

“É um dinheiro certo todo mês que ajuda com as compras do mercado”, comenta. Segundo ela, com a pandemia e o cenário de seca no interior, está ainda mais complicado. A falta de chuva compromete até mesmo a produção de alimentos de subsistência.

Transição entre programas

O Bolsa Família pagou a última parcela em outubro, já os valores de novembro e dezembro foram creditados através do Auxílio Brasil, autorizados por medida provisória. Durante os últimos 12 meses, o programa disponibilizou R$ 2,4 milhões em Lajeado.

“O valor na média é maior. Quando se trata de apenas um beneficiário são pagos R$ 100. No caso de famílias, chega a R$ 400, além de R$ 52 do Auxílio Gás”, explica a Assistente Social, Kelly Oliveira da Silveira.

Em um primeiro momento não há alterações nos critérios com a troca do programa social. Ainda conforme Kelly, nos próximos dias ocorrerá treinamento com profissionais que operam o Auxílio Brasil nos municípios.

Conforme a assistente social, os programas de transferência de renda são de extrema importância para combater as desigualdades no país. “A família que recebe este recurso passa a ter uma segurança mínima de renda para dar conta de suas necessidades básicas”, comenta.

Ainda de acordo com Kelly, o beneficiário passa a ter poder de compra e injeta na economia local os recursos do governo federal. “É um programa que também beneficia o comércio e serviços da cidade e região.”

400 novos inscritos

Taquari está entre os municípios com maior número de famílias inscritas no programa assistencial. São 2,9 mil cadastrados, 400 novos somente no último ano. O valor injetado na economia local soma mais de R$ 2,2 milhões em 2021.

Esse aumento de pedidos de auxílio ocorre diante da perda de renda em um período crítico da pandemia. Segundo a Secretaria de Habitação e Assistência Social, o município desenvolve ações de capacitação e busca preparar os beneficiários para o mercado de trabalho.

Entre os cursos com maior procura, qualificação para eletricista rural e conceitos básicos de informática. Empresa de telemarketing com unidade em Taquari está oferecendo novas vagas e absorve parte desta mão de obra. Para este ano, novos grupos serão formados a fim de reduzir a dependência do assistencialismo.

Distribuição de renda do Bolsa Família em 2021

MUNICÍPIO – VALOR REPASSADO

Lajeado – R$ 2,4 milhões
Taquari – R$ 2,2 milhões
Estrela – R$ 886,4 mil
Arvorezinha – R$ 705,5 mil
Bom Retiro do Sul – R$ 684 mil
Boqueirão do Leão – R$ 601,8 mil
Teutônia – R$ 479,9 mil
Cruzeiro do Sul – R$ 496,2 mil
Roca Sales – R$ 449,6 mil
Encantado – R$ 405 mil
Paverama – R$ 401,3 mil
Arroio do Meio – R$ 374,8 mil
Progresso – R$ 362,8 mil
Tabaí – R$ 286,5 mil
Mato Leitão – R$ 266,1 mil
Fazenda Vilanova – R$ 243,7 mil
Putinga – R$ 160,1 mil
Pouso Novo – R$ 144,7 mil
Muçum – R$ 134,8 mil
Marques de Souza – R$ 105,7 mil
Sério – R$ 100,1 mil
Ilópolis – R$ 90,2 mil
Canudos do Vale – R$ 68,9 mil
Forquetinha – R$ 64,4 mil
Doutor Ricardo – R$ 64 mil
Santa Clara do Sul – R$ 59,1 mil
Anta Gorda – R$ 45,8 mil
Imigrante – R$ 45 mil
Dois Lajeados – R$ 42,8 mil
Nova Bréscia – R$ 41,9 mil
Colinas – R$ 41,5 mil
Relvado – R$ 30,5 mil
Capitão -R$ 29,9 mil
Coqueiro Baixo – R$ 21,1 mil
Poço das Antas – R$ 20 mil
Westfália – R$ 15,5 mil
Travesseiro – R$ 13 mil
Vespasiano Corrêa – R$ 8,9 mil


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