Audiência pública tenta esclarecer suspensão de agroindústrias

Arroio do Meio

Audiência pública tenta esclarecer suspensão de agroindústrias

Dois frigoríficos e uma fábrica de embutidos estão impedidos de vender para todo o Brasil. Licença foi interrompida em setembro do ano passado

Audiência pública tenta esclarecer suspensão de agroindústrias
Vereadores, veterinários concursados e terceirizados pelo município trocaram farpas durante a audiência

Por falta de entendimento entre as médicas veterinárias do Sistema de Inspeção Municipal (SIM) e a administração, Arroio do Meio perdeu, em setembro, o certificado que permitia às agroindústrias do município venderem produtos para todo o país.

O certificado do Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi – POA) foi uma conquista em 2019. A fiscalização sanitária, porém, virou caso de Justiça. As servidoras concursadas Bruna Scheuermann e Morgana Beise foram sabatinadas por vereadores na noite de terça-feira, 18, na câmara.

A oitiva durou cerca de uma hora e meia e contou com a presença de representantes das agroindústrias, médicos veterinários terceirizados pelo município e o secretário de Agricultura, Élcio Lutz. Junto com as servidoras, estava o advogado Adriano Puerari, que as representa.

Elas estão afastadas de suas funções com laudo psiquiátrico. As veterinárias alegam terem sido vítimas de pressão psicológica e ter o serviço interpelado. Elas teriam, inclusive, recebido uma ameaça de morte indireta.

O delegado da Polícia Civil (PC), Dinarte Marshall Junior, reconhece a existência de um boletim de ocorrência sobre a ameaça. As servidoras, porém, não deram andamento à investigação nesta instância. “Quando elas fizeram o registro das ameaças, elas não representaram. Na PC, não tem nada em andamento”, afirma o responsável pela Delegacia de Polícia.

Fora isso, o fato tramita em segredo de justiça pois entrou na esfera do Ministério Público (MP). A promotoria teria recebido, em junho, denúncias de irregularidades em setores de fiscalização. Em audiência nessa quarta-feira, a promotora Carla Pereira Rêgo Flores Soares, não respondeu à reportagem até o fim desta edição.

Prejuízo

Um dos participantes da audiência é Éster Rodrigo Guiland, um dos sócios do Frigorífico Guiland, em Palmas. Com a suspensão do Sisbi, ele calcula perder cerca de R$100 mil por mês. Sem o certificado, Guiland não consegue avançar nos negócios com a principal cliente, Cooperativa Dália, para quem fazia o abate e desossa de suínos, de forma terceirizada.

Na audiência, ele perguntou se as ameaças ocorreram no seu estabelecimento. O advogado Adriano Puerari disse que não. Afirmou que as clientes receberam a denúncia de forma indireta, e não partiu de nenhum frigorífico.

Éster se diz triste com os contornos tomados no processo. Para ele, a confusão gera perdas diárias. “Uma coisa que poderia ter sido resolvida com uma simples conversa e chegou ao extremo. Tem que ter bom senso, ninguém está querendo ceder”, lamenta.

O município ainda pode reverter a suspensão. Para isso, a próxima data importante é 20 de fevereiro, prazo para enviar documentos com plano de trabalho e adequações para os órgãos federais.


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