Pelo menos 4,8 mil trabalhadores da região encaminharam o pedido de seguro-desemprego em 2021. As solicitações representam redução média de 10% comparado a 2020 diante de um cenário de incertezas econômicas no início da pandemia.
Os números correspondem aos requerimentos protocolados na agência da Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social (FGTAS/Sine), de Lajeado. No último ano, a unidade atendeu em média 400 pedidos do benefício ao mês. Em 2020, eram cerca de 440.
Segundo o fiscal de atendimento da agência, Paulo Cicceri, há pedidos formalizados em outras unidades e via aplicativo. Estes números não compõem o quantitativo apurado. “Nós atendemos a população dos 38 municípios do Vale e de outras quatro cidades nos limites territoriais. Há também outras agências aqui na região, mas a maioria das demandas sobre seguro-desemprego são atendidas em Lajeado”, observa.
Ainda de acordo com Cicceri, a indústria da alimentação é o setor que mais têm vagas em aberto e ao mesmo tempo, apresenta percentual maior de rotatividade nos postos de trabalho. “Hoje na região temos pelo menos 500 oportunidades de emprego.”
Na avaliação da vice-presidente do Conselho Regional de Desenvolvimento do Vale do Taquari (Codevat) e economista, Cintia Agostini, a redução dos pedidos de seguro-desemprego é um indicador importante na retomada econômica. Ela reforça que os dados corroboram com o saldo positivo entre contratações e demissões, que fechou o mês de novembro com 473 postos de trabalho criados.
Melhor empregabilidade
No início da pandemia e em parte de 2021, empresas adotaram medidas de redução de jornada ou suspensão de contratos. Ao aceitar os benefícios concedidos pelo governo, os empregadores assumiram o compromisso da estabilidade dos funcionários, ao menos, por um determinado período.
Conforme Cintia, pelo histórico da região, houve uma melhora econômica no último ano e com isso menos demissões. “O Vale formaliza mais a relação de trabalho e isso é possível constatar nos dados do Caged que mostram oito meses consecutivos com saldo positivo, ou seja, foram abertas mais vagas do que se fechou.”
Para a economista, ainda é preciso avançar na qualificação profissional a fim de atender aos critérios das empresas da região. “Muitas vezes a demissão ou não contratação ocorre por incompatibilidade entre o perfil do funcionário e as obrigações da função.”
Cinco parcelas
Formada em Farmácia e especializada em assistência técnica e análise clínica, Ana Paula Venter Soares, moradora de Lajeado, perdeu o emprego no fim do ano e agora busca o benefício temporário.
Ela tentou acionar o seguro-desemprego pelo aplicativo, mas precisou ir até ao FGTAS/Sine para conseguir validar o pedido. Enquanto não surge nova oportunidade de trabalho o valor do benefício será essencial para as despesas do dia a dia.
“Tenho direito a cinco parcelas do seguro. É um valor que tranquiliza neste momento até conseguir uma nova vaga”, comenta Ana Paula. Segundo ela, em sua área de formação tem sido difícil ser contratada e começa a buscar vagas na grande Porto Alegre.
Dados nacionais
No país, os pedidos de seguro-desemprego registraram queda de 10,2% em 2021, em relação a 2020. Foram 6,08 milhões de requerimentos, ante 6,78 milhões no primeiro ano da pandemia.
Apesar dos números retornarem ao patamar de 2019, os últimos dois meses de 2021 tiveram alta. Em dezembro, houve 481,4 mil solicitações, um aumento de 13% sobre o mesmo período de 2020, com 425,7 mil. Mas o recorde de requerimentos foi registrado em maio de 2020, com 960.308, a maior marca da série histórica.
Esses dados foram divulgados ontem pelo Painel de Informações do Seguro-Desemprego, do Ministério do Trabalho e Previdência. Mesmo com a melhora dos índices, o desemprego se mantém alto, com 12,9 milhões de pessoas fora do mercado de trabalho, de acordo com dados do trimestre encerrado em outubro, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo o instituto, a taxa de desocupação (12,1%) caiu 1,6 ponto percentual em relação ao trimestre de maio a julho de 2021 (13,7%) e recuou 2,5 pontos em comparação ao mesmo trimestre de 2020 (14,6%).