Estruturas antigas, falta de equipamentos e profissionais insuficientes estão entre as condições que comprometem serviços em hospitais de pequeno porte na região. O apontamento é dos fiscais da Vigilância Sanitária que alertam sobre a necessidade de investimentos e adequações.
Para evitar o fechamento das casas de saúde, gestores buscam alternativas para captar os recursos e garantir o atendimento à população. O Hospital Dr. Anuar Elias Aesse, de Boqueirão do Leão, é uma das instituições que necessitam de ajustes. Desde a interdição do bloco cirúrgico, a referência é o hospital de Arroio do Meio, distante cerca de 80 quilômetros.
Com internações clínicas mantidas, a comunidade do município da região alta do Vale faz campanhas e líderes tentam obter verbas do governo federal para viabilizar as melhorias e impedir a interdição completa.
Já o Hospital de Caridade São José, de Sério, está interditado desde novembro do ano passado. Os atendimentos à população ocorrem na Unidade Básica de Saúde (UBS) e em casas de saúde da região. Além da necessidade de melhorias, a falta de profissionais é uma das situações apontadas em relatórios dos órgãos de fiscalização.
Conforme a 16ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS) as melhorias exigidas seguem determinação do Ministério da Saúde e buscam a melhor qualidade nos serviços. “Alguns hospitais precisam apenas pequenos ajustes, outros demandam maior investimento”, explica o coordenador Edegar Cerbaro.
Ainda segundo o responsável pela 16ª CRS, os alertas sobre essa realidade dos hospitais é feito há mais tempo e aos poucos ocorrem os devidos ajustes. Além das melhorias físicas, ajustes de processos e contratação de profissionais incluem a lista de exigências.
Bloco cirúrgico interditado
Cirurgias eletivas e partos estão suspensos no hospital de Boqueirão do Leão, desde 2019. Para retomar o serviço são necessários investimentos em infraestrutura e equipamentos que ultrapassam R$ 200 mil.
Além dessa situação, nova vistoria da Vigilância Sanitária no fim do ano passado apontou necessidade de ajustes em processos e rotinas. Conforme o administrador da instituição, Alessandro Weber, o novo cenário exige planejamento de longo prazo.
“Contratamos uma consultoria especializada, pois também foram exigidas melhorias físicas.”
Os apontamentos, no momento, não interferem nas internações clínicas. A administração municipal já sinalizou com aporte financeiro para promover as adequações. Conforme o prefeito Jocemar Barbon, essa é uma das principais preocupações do governo.
Fechado desde novembro
Após vistoria da Vigilância Sanitária em novembro do ano passado, o Hospital de Caridade São José, de Sério, foi interditado. Entre as exigências à casa de saúde, a permanência de médico 24 horas, instalação de gerador de energia e disponibilidade de respirador mecânico.
O alerta já era feito desde 2020 e neste período, melhorias na estrutura foram providenciadas mas insuficientes para manter o atendimento clínico. Enquanto o hospital estiver fechado, a população é atendida na Unidade Básica de Saúde (UBS) e internações em hospitais de referência da região.
De acordo com o prefeito Sidinei Moisés de Freitas, há tratativas com o governo do estado para reativar o serviço. “Talvez seja necessário formatar o atendimento para um modelo diferente do que a comunidade estava acostumada”, explica o chefe do Executivo de Sério.
Novas reuniões com técnicos da 16ª CRS e equipe do Estado estão previstas para os próximos dias. Ainda conforme Freitas, o aporte mensal do município que antes era de R$ 80 mil será de R$ 140 mil para viabilizar as adequações exigidas.
“É preciso ter condições mínimas de atendimento”
O presidente da Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes, Religiosos e Filantrópicos do RS, Fernando da Gama, acompanha essa situação pelo estado e reforça a necessidade das adequações para garantir os serviços.
Segundo ele, na maioria dos casos, a Vigilância Sanitária limita alguns procedimentos até que sejam solucionadas as demandas. “Não há a intenção de fechar essas unidades, mas, ao mesmo tempo, é preciso ter as condições mínimas para atender os pacientes”, comenta.
No entendimento de Gama, a solução aos hospitais de pequeno porte está na adaptação e busca de recursos. “O Estado procurou colocar suas contas com as casas de saúde em dia. Além disso, outro caminho é captar verbas por emendas parlamentares.”