As contas de água não podem ser pagas nas lotéricas desde o dia 31 de dezembro. O motivo é o rompimento do contrato entre a Companhia Riograndense de Abastecimento (Corsan) e a Caixa Econômica Federal. Consumidores foram surpreendidos com a informação, que não teria sido comunicada de forma prévia.
Para a aposentada, Maria Vargas, 63, a mudança provoca transtornos, em especial porque obriga um deslocamento maior. “Antes, podíamos pagar todas as contas em apenas um lugar. Agora, temos de caminhar mais, o que é complicado nesses dias de calor mais forte”, argumenta.
O vigia Reginaldo Moreira, 46, criticou a falta de informações sobre como proceder a partir de agora e pediu mais respeito ao público, pois talvez nem todos tenham condições ir a um caixa eletrônico.
“Decisão unilateral”
Conforme o gerente da Corsan, em Lajeado, Alexsander Pacico, a iniciativa de não renovar o convênio com as lotéricas partiu da Caixa e foi uma decisão unilateral. “O banco cometeu um equívoco ao não considerar a demanda pelo serviço”, afirma. Contudo, ele acredita que a situação pode mudar nos próximos dias.
Pacico salientou que as lotéricas não são único meio de efetivar o pagamento. Para isso, é possível utilizar toda a rede bancária, inclusive a própria agência da Caixa. A população tem procurado a sede da Corsan para buscar informações e também acertar os valores.
No entanto, a movimentação ainda é discreta. “Com a abertura do Tudo Fácil no Shopping, o público terá mais uma opção à sua disposição”, aponta. O gerente entende que ainda é cedo para se falar em inadimplência, pois se acredita na adaptação do público.
Segundo o proprietário da Lotérica Telmo Ely, o sistema está bloqueado até que haja uma solução para o caso. Ele evitou comentar o imbróglio, pois apenas acata as ordens superiores. Quem busca o pagamento é informado sobre os passos a serem seguidos.
Sindicato rebate
Depois da Corsan atribuir a suspensão à Caixa, o Sindicato dos Agentes Lotéricos, Correspondentes Bancários, Comissários e Consignatários do Estado do Rio Grande do Sul (Sincoergs) rechaçou a declaração. A entidade afirmou que a própria estatal “impôs a condição” ao banco.
“Conforme edital, a tarifa de serviço oferecida pela Corsan passaria de R$ 1,62 para R$ 1,14. Esse valor não cobre as despesas operacionais do convênio com a rede lotérica, que era responsável por 70% das arrecadações de contas. Faltou transparência na informação à população”, afirmou em nota.
O Sincoergs pediu a abertura de uma negociação entre Caixa e Corsan, com “um olhar de respeito e valorização dos clientes que utilizam as casas lotéricas para o pagamento de suas contas. Que essa batalha seja vencida em favor do cidadão gaúcho”.
Alternativas
Além das agências, o consumidor pode quitar a fatura nos correspondentes bancários e por cartão de crédito ou débito, no site ou aplicativo da Corsan ou nos totens de autoatendimento da companhia.
