Após a queda de 26,1% em 2020, a venda de veículos novos cresceu 3%. Os dados fazem parte do diagnóstico da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), divulgados ontem. Em 2021, foram emplacados mais de 2,1 milhões de novas unidades no país, entre carros, comerciais leves, caminhões e ônibus. Pelo boletim da federação, ainda que o saldo tenha sido positivo, ele parte de uma base de comparação muito baixa.
Gerente de vendas em uma concessionária de Lajeado, Valdir Constantin, destaca: “ano passado foi uma loucura. Muitos pedidos em lista de espera. Tudo que foi produzido pela indústria foi vendido.”
No início do período, diz, se tinha uma perspectiva de crescimento nas vendas. “Mas não tínhamos ideia de que seria com tanta intensidade.”
O ano de 2021 foi marcado pela crise nos componentes eletrônicos. O economista-chefe da Federação das Indústrias do RS (Fiergs), André Nunes de Nunes, avalia que houve uma “tempestade perfeita”.
“A pandemia se juntou com outros fatores. O incêndio em uma das maiores produtoras de microchips no Japão e a queda da metalurgia chinesa. Isso desregulou a manufatura de veículos.”
A produção de veículos é uma das mais significativas no Produto Interno Bruto (PIB). No país, representa 7,3% de tudo o que a indústria gera. No RS, dos R$ 88,9 bilhões do PIB industrial, R$ 7,1 bilhões provêm das montadoras.
Ano de incerteza
O relatório da Fenabrave prevê um 2022 de estagnação. Os problemas na cadeia, em específico de escassez nos semicondutores, somados ao aumento nos custos de produção, inflação e maior taxa de juros, trazem incertezas.
“Já verificamos que há clientes entrando em compasso de espera. Alguns que estavam na lista para comprar um zero-quilômetro estão deixando para março ou abril para fazer a compra”, afirma Valdir Constantin.
Na alta de emplacamentos vista em 2021, o destaque foram os caminhões, com 42,8% a mais. Em seguida aparecem os comerciais leves (24,4%).