O número de abandono de cães e gatos aumentou de forma considerável no município. A instabilidade financeira que algumas famílias enfrentam devido a pandemia ainda é o grande fator que leva as pessoas a deixarem seus animais de lado, é o que acredita a presidente da Associação Encantadense De Defesa dos Animais (Aeda), Salete Ferreira.
“A ONG é um lar transitório para que os animais possam ficar até a adoção, mas acabou se tornando um lar definitivo. Quando criamos a Associação jamais poderíamos imaginar que este se tornaria o único lugar de acolhimento de animais na cidade”, pontua Salete.
A Aeda está desde 2006 em atividade no município. Como a equipe diretiva é reduzida, não há um controle exato de quantos animais já passaram pelo local, mas a presidente garante que o maior volume tem sido registrado no último ano.
“Com a pandemia o povo está muito oportunista. O ser humano é sim prioridade, mas não podemos simplesmente abandonar os animais e repassar a responsabilidade para outras pessoas”, observa.
Hoje, a ONG acolhe cerca de 50 gatos e 24 cachorros fêmeas, entre filhotes e adultos. Conforme Salete a capacidade do espaço está lotada, uma vez que a Aeda está instalada junto ao terreno de sua residência.
“Estamos fazendo um trabalho que seria de responsabilidade do município. Faz tempo que Encantado deveria ter um canil e ser monitorado em parceria com as ONGs”.
Voluntariado que faz a diferença
Nestes 16 anos, a organização sem fins lucrativos se mantém por meio de doações e voluntariado. Segundo Salete, toda a ração provém de doações da comunidade. Os produtos de limpeza são angariados com o auxílio do Projeto Acolher de Encantado, criado no ano passado por um grupo de mulheres. As despesas com água, luz e um funcionário saem do bolso da presidente que hoje é aposentada.
Já para os gastos com castração, remédios, vacinas, testes de FIV e FeLV e suporte para atendimento de ocorrência em acidente, são utilizados o auxílio de R$ 3 mil mensais, destinados pela prefeitura.
“Recebemos um valor considerável do município, porém não é o suficiente para arcar com todas as despesas. Atualmente a ONG está com um saldo devedor de R$ 8 mil”, explica Salete. A presidente salienta que muitos animais chegam até a AEDA doentes ou com alguma deficiência devido aos maus tratos, sendo lento o processo de recuperação. “O que garante a saúde do animal é a vacina e o controle de verminose, mas é tudo muito caro”.
Castramóvel
Em junho do ano passado foi confirmada uma verba de emenda parlamentar do deputado federal Giovani Feltes para a aquisição de um Castramóvel para Encantado. O valor encaminhado é de R$ 161 mil.
O veículo funciona como uma unidade itinerante que faz o trabalho de esterilização de cães e gatos nas ruas da cidade, entretanto, até o momento, o projeto não foi colocado em prática.
Para Salete a ideia é boa, porém, para funcionar de fato, é preciso primeiro fazer um trabalho de conscientização com a população. “O animal precisa estar limpo, sem pulgas, desverminado. E este trabalho precisa ser feito de forma antecipada a castração”, finaliza.
Adoção
Os interessados em adotar gato ou cachorro podem comparecer na sede da Aeda localizada na Rua Fidêncio Nardini, no Bairro Vila Moça em Encantado. Horário de atendimento de segunda a sexta-feira das 8h30 às 11h30 e das 13h30 às 17h. Basta preencher a ficha de inscrição e receber as instruções de cuidado com o animal.