Confusão no orçamento, pendências técnicas e falta de pagamento. Esses são os motivos que fizeram a obra do muro de gabião na rua Campos Sales, no bairro Navegantes, parar desde 7 de maio do ano passado.
O muro deve controlar possíveis deslizamentos de terra em uma área de risco habitada há mais de 50 anos. A contenção se mostrou urgente após a enchente histórica de julho de 2020. O governo municipal encaminhou, na época, pedido de recurso à União para recuperação da cheia.
A estrutura às margens do Rio Taquari foi orçada, em um primeiro momento, em R$ 4 milhões. Quando a licitação foi lançada, a inflação do ferro já havia tornado a obra mais cara. O processo licitatório foi vencido pela empresa Coesul por R$ 4,5 milhões. Esse, porém, não é o orçamento final do serviço.
Divergências técnicas
O pedido de socorro à Defesa Civil Nacional incluía o muro de contenção e uma camada asfáltica na rua Campos Sales. Após divergências entre os técnicos de Arroio do Meio e do governo federal, o asfaltamento não fará parte da intervenção, o que barateou o processo em quase R$ 1 milhão.
A União acredita que o paralelepípedo, que reveste a rua, teria que ser tirado e antes do asfaltamento, o trecho deve ser compactado. A administração municipal entende que o asfalto ajudaria a impermeabilizar a via, mas que não se poderia mexer na base da rua, pois o terreno é frágil.
Agora, o órgão federal vai encaminhar R$ 2,5 milhões para o município. A contrapartida de Arroio do Meio será de R$ 1,1 milhão.
Moradores preocupados
“Sempre que chove os moradores ficam com o coração na mão”, relata Ricardo Korb. Ele mora no outro lado das casas que correm mais risco por estarem à beira do barranco. Mesmo assim, a residência de Korb apresenta rachaduras devido a fragilidade do solo. Ricardo lembra que o orçamento milionário para construção não é oneroso se considerados perigos da área.
“Se caísse só uma casa, tudo bem. Mas tem famílias. E se dá alguma morte? Os custos são muito maiores que os R$ 4 milhões”. Para ele, esse é o momento certo para retomar a construção do muro, pois o Taquari está seco e as máquinas podem trabalhar na margem. “Quando a obra terminar, vamos conseguir respirar aliviado”, acrescenta.
Problema antigo
Em 2015, o governo municipal tentou negociar a remoção de famílias do local. Os moradores seriam realocados no Loteamento Popular Dona Rita.
O vínculo criado após décadas vivendo no local e a proximidade com o Centro e os serviços básicos fez com que as ofertas fossem rechaçadas. Os primeiros deslizamentos de terra da rua Campos Sales foram registrados em 2011.