Há quase 50 anos, Olavo Black dava os primeiros passos na contabilidade, enquanto atuava no Banco Sulbrasileiro. Com o tempo, a atividade se tornou a principal fonte de renda. Foi a partir disso que surgiu, anos depois, a Black Contabilidade. A filha, Graciela, foi quem deu sequência ao trabalho familiar, e transformou a empresa em uma das mais fortes do setor na região.
A trajetória de Graciela e da Black Contabilidade foram abordados durante conversa com Rogério Wink, na 11ª edição de “O Meu Negócio”, programa multiplataforma do Grupo A Hora. Os desafios e o dia a dia da profissão de contador e também do negócio também estavam entre os assuntos abordados.
Graciela se inspirou na trajetória do pai para cursar Ciências Contábeis na Univates. “Ele tinha o escritório em casa e eu brincava com as coisas dele. Achava legal isso. Depois, quando terminei o segundo grau no Ceat, decidi estudar aqui em Lajeado. Depois, cursei a pós-graduação também na Univates”, recorda.
O aprendizado na universidade, conforme Graciela, foi importante na formação, sobretudo pela vivência profissional dos docentes. “Os professores da graduação eram daqui e atuavam no mercado. Eram profissionais donos de escritório ou advogados que tinham a experiência. Não adianta só a parte teórica. Essa é a parte boa do ensino na Univates”.
Presidência da Acil
Além da atuação profissional, Graciela tem um pé no voluntariado. Em 2007, participou de uma entidade pela primeira vez, a JCI (Junior Chamber International). Pegou gosto e, três anos depois, passou a integrar a diretoria da Associação Comercial e Industrial de Lajeado (Acil).
Nos últimos quatro anos, Graciela ocupou o cargo de vice-presidente de Administração da Acil. Agora, se prepara para comandar a entidade em 2022. Ela encabeça a única chapa até o momento para a eleição, que ocorrerá nos próximos meses. Será a segunda mulher na presidência em 100 anos.
“O voluntariado é uma coisa que eu gosto e me sinto bem em fazer. Temos que retribuir à sociedade de alguma forma”, explica. Na presidência, Graciela diz que trabalhará muito na temática da inovação e dará atenção especial ao associado, sobretudo às pequenas empresas. “Elas dão o suporte às grandes e, muitas vezes, ficam desassistidas. Vamos mostrar o valor da Acil aos associados”.
Leia a entrevista completa:
• Rogério Wink: Como foi o início da tua trajetória na contabilidade?
Graciela Black: Saí do Ceat em 1988 e comecei a trabalhar no ano seguinte na empresa do pai, que era sócio de outras pessoas. Comecei como office girl e passei por todos os setores. Era uma funcionária normal e fazia de tudo. Meu pai me cobrava muito para ser perfeita. Tive períodos bem difíceis, mas foi um aprendizado sem tamanho. Aprendi o valor que tem um documento arquivado de forma correta. Sem a experiência profissional e só com a graduação, talvez eu não conseguiria trabalhar na área.
• De que forma ocorreu a transição na empresa?
Black: Em 2006, meu pai começou a se afastar do negócio. Em 2007, tive um sócio que seguiu comigo até 2010. Ele saiu e fiquei sozinha com duas meninas. O início foi bem assustador, pois sempre tive o apoio dele. Mas isso me tornou mais forte. Hoje, tenho uma equipe de 15 pessoas, sendo 14 mulheres e um menino.
• Houve muitas transformações na contabilidade nos últimos anos?
Black: Hoje em dia, é tudo sistema. Já vínhamos em evolução, mas se avaliarmos como estávamos em fevereiro de 2019 e olharmos agora, foi uma evolução muito grande. Em outros períodos, levaria dez anos. Adaptamos todo nossos sistema em dois meses devido à pandemia e funcionou. Entramos em uma nova realidade, onde tudo pode ser digitalizado e funciona bem.
• Quais são as áreas fortes da Black Contabilidade?
Black: Não tem como destacar um ramo. Mas uma área que eu particularmente gosto muito é a tributária. Gosto de fazer estudos tributários. E uma área que evoluiu bastante foi a de nota fiscal. Facilitou muito a nossa vida, mas tem bastante coisa a ser melhorada.
• Do que o empresário mais reclama hoje em dia?
Black: Da alta carga tributária e dos encargos sociais e trabalhistas. São reclamações diárias. E há coerência nisso, pois nossa carga tributária é absurda. Temos que cumprir a regra, mas é muita burocracia. É necessária uma reforma tributária bem forte para facilitar a vida do empresário e do contador.
• Quais os benefícios da contabilidade para as empresas?
Black: Com uma contabilidade bem feita, o empresário pode se valer de relatórios e índices para a tomada de decisões, ver o andamento da empresa e que atitude tomar para os próximos anos. Em muitos casos, o empresário vê a contabilidade como uma burocracia a ser cumprida. Mas hoje em dia os clientes estão com outra visão, de que a contabilidade pode auxiliar.